Cientistas revelam os alimentos ultraprocessados mais prejudiciais à saúde

Pesquisas científicas recentes reforçam um alerta que vem ganhando corpo nos últimos anos: o impacto negativo dos alimentos ultraprocessados sobre a saúde humana. Estudos internacionais de 2023 e 2024 reúnem evidências robustas que relacionam o consumo regular desses produtos — que combinam ingredientes refinados, aditivos industriais e processos tecnológicos complexos — ao aumento de doenças metabólicas e cardiovasculares, além da elevação do risco de morte prematura.
Entre os itens de maior risco estão as bebidas adoçadas, como refrigerantes, sucos artificiais, chás prontos e energéticos, além das carnes processadas, como salsichas, embutidos e bacon. Esses alimentos não apenas oferecem baixos valores nutricionais como também comprometem o funcionamento do metabolismo, favorecem processos inflamatórios e alteram a microbiota intestinal.
Uma meta-análise publicada no British Medical Journal (2024), que avaliou dados de 45 estudos com mais de 9,8 milhões de pessoas, revelou que dietas com alta presença de ultraprocessados estão associadas a 32 diferentes condições adversas à saúde, incluindo obesidade (aumento de 53% no risco), transtornos de ansiedade (48%), diabetes tipo 2 (12%) e doenças cardíacas (50%).
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Outras instituições, como a Harvard T.H. Chan School of Public Health, também vêm apontando esses produtos como fatores determinantes na deterioração da saúde metabólica. Em paralelo, uma pesquisa conduzida por equipes do Brasil, EUA e Reino Unido estimou que até 14% das mortes prematuras nesses países poderiam ser evitadas com a redução do consumo de ultraprocessados — projeção divulgada pela revista Global Epidemiology. A lógica é matemática: a cada aumento de 10% na ingestão calórica advinda desses alimentos, cresce 2,7% o risco de mortalidade geral.
Os dados também indicam que os efeitos nocivos não estão relacionados apenas à composição química dos ingredientes. A estrutura física dos ultraprocessados — sua textura, densidade calórica e palatabilidade artificial — induz ao consumo em excesso. Segundo estudo da Universidade Nacional da Colômbia, indivíduos que mantêm dietas baseadas nesses produtos consomem, em média, 500 calorias a mais por dia, muitas vezes sem perceber. A longo prazo, esse padrão alimentar se traduz em ganho de peso, desequilíbrios hormonais e inflamação crônica.
Cientistas revelam os alimentos ultraprocessados mais prejudiciais à saúde
Getty Images
Em contraponto, pesquisas recentes, como a publicada pelo The Guardian em agosto de 2025, demonstram que dietas compostas por alimentos minimamente processados — mesmo com o mesmo valor calórico — promovem maior perda de peso, saciedade mais eficiente e melhor regulação metabólica. Essa diferença se deve, em parte, à ausência de emulsificantes, corantes e adoçantes artificiais, frequentemente utilizados pela indústria para manipular sabor, textura e prazo de validade.
A evidência científica é sólida e converge para um ponto comum: não basta considerar apenas as calorias ou os macronutrientes. A forma como os alimentos são produzidos, processados e consumidos altera diretamente sua relação com o organismo humano. A longo prazo, a exposição contínua a ingredientes ultraprocessados compromete a saúde de forma sistêmica, mesmo entre pessoas que mantêm um estilo de vida considerado saudável.
A discussão sobre os efeitos dos ultraprocessados, portanto, ultrapassa o campo da nutrição. Trata-se de um tema estrutural, que envolve escolhas individuais, políticas públicas e o modelo de produção alimentar vigente. Reduzir a presença desses produtos na rotina não exige soluções radicais, mas sim uma revisão atenta das prioridades cotidianas: cozinhar com ingredientes simples, optar por alimentos frescos, ler rótulos com atenção e entender o impacto daquilo que se consome.
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