O recém-inaugurado pavilhão de Marina Tabassum marca o início das celebrações dos 25 anos deste evento essencial para a agenda global de arquitetura e design Se há algo que caracteriza Londres como uma cidade de cidades é que sempre há algo interessante acontecendo em algum lugar. Seja a inauguração da primeira retrospectiva do novo artista jovem em alta na Europa (claro, no Camden Arts Centre), ou a abertura no Soho de uma pop-up da marca independente que enlouquece os habitantes dos bairros do Leste. No entanto, no início de junho, há 25 anos, todos os caminhos (e planos) levam ao Hyde Park, mais precisamente à Serpentine Gallery — galeria de arte inaugurada em 1970 no que antes foi uma casa de chá construída nos anos 1930.
Desde o ano 2000, a Serpentine Gallery seleciona anualmente uma equipe de arquitetos para projetar um pavilhão efêmero nos jardins, usado para desenvolver programas culturais. “É interessante ver como os arquitetos têm uma liberdade com os pavilhões que não têm necessariamente com os grandes edifícios”, diz o prestigiado curador e crítico Hans Ulrich Obrist, diretor artístico da Serpentine desde 2006.
Serpentine Gallery, o farol da arquitetura (ou como em Londres também existe verão)
A cada ano, portanto, e já são vinte e cinco desde o primeiro em 2000, assinado por Zaha Hadid, um novo pavilhão é adicionado à memória e à série. Uma inauguração que, de quebra, marca (de maneira não oficial) o início do verão na cidade. Apesar de sua breve presença física — cinco meses —, o pavilhão da Serpentine Gallery atrai visitantes do mundo inteiro.
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Talvez porque essa comissão tenha se transformado na plataforma para futuros vencedores do Prêmio Pritzker e arquitetos emergentes? Seria exagero afirmar isso? Vamos relembrar: Francis Kéré, Pavilhão Serpentine de 2017, foi agraciado com o Prêmio Pritzker em 2022. Liu Jiakun, arquiteto do Pavilhão Serpentine em Pequim, em 2018, acaba de receber o Prêmio Pritzker de 2025.
Marina Tabassum posa em frente ao pavilhão da Serpentine de 2025
Rasid Necati Aslim/Getty Images
E os demais? A maioria dos escolhidos — muitos deles ‘Pritzkers’ — são os nomes que estão moldando a arquitetura da nossa era. O estúdio SANAA, responsável pelo Pavilhão Serpentine de 2009, foi laureado com a Medalha de Ouro Real do RIBA em 2025. Frida Escobedo, Pavilhão Serpentine de 2018, será responsável pela renovação do MET e pelo comando do Centro Pompidou. Sou Fujimoto, Pavilhão Serpentine de 2013, é o curador da Expo 2025 em Osaka. Os sócios do OMA, Rem Koolhaas e Shohei Shigematsu, autores do pavilhão de 2006, foram nomeados arquitetos da expansão do New Museum. Os argumentos são firmes e sólidos: o pavilhão da Serpentine Gallery é, de forma evidente, o farol que ilumina os verões londrinos… e a arquitetura mundial.
Um exemplo é a libanesa Lina Ghotmeh, que foi a arquiteta do pavilhão da Serpentine Gallery em 2023; nos últimos dias, foi nomeada para redesenhar uma das alas essenciais do British Museum, em Londres.
“No meu caso, há dois anos, fiquei entusiasmada com a ideia de projetar uma estrutura tão significativa e divertida. Além disso, como arquiteta, foi um grande desafio: projetar e construir uma estrutura temporária em pouco tempo, pensando em como ela pode impactar positivamente o seu entorno”, relembra ela à AD.
Vista do Serpentine Pavilion, de Marina Tabassum, a partir dos jardins do Hyde Park em Londres
Rasid Necati Aslim/Getty Images
“O Serpentine Pavilion é bem considerado pela comunidade arquitetônica no mundo todo. É um evento que acompanhamos todos os anos para ver o projeto e a visão de cada arquiteto”, diz à AD a arquiteta de Bangladesh Marina Tabassum, escolhida para projetar o pavilhão deste ano — um edifício de bambu envolto em tecidos coloridos, que atua como uma cápsula do tempo e da memória. “Sendo meu primeiro projeto construído no Reino Unido, a equipe da Serpentine Gallery me apoiou muito”, acrescenta ela, que no ano passado foi incluída na lista das ‘100 pessoas mais influentes’ da revista TIME.
Vista área do Serpentine Pavilion 2025, assinado por Marina Tabassum
Rasid Necati Aslim/Getty Images
Hoje, com o pavilhão enfim concluído, é curioso relembrar com Tabassum as origens do projeto. “Conhecia o Hans [Ulrich Obrist] pelos seus livros e entrevistas, mas só nos vimos pessoalmente após o convite da Serpentine para criar o pavilhão, há alguns meses. Ele estava no escritório em Londres, atrás de uma montanha de livros. Tivemos que abaixar a cabeça para conseguirmos nos ver enquanto conversávamos. Foi muito divertido”, relembra Tabassum de seu escritório em Daca, uma cidade caótica e intensa com mais de 20 milhões de habitantes.
“Não há uma relação direta entre Daca, a cidade onde vivo e trabalho, e o meu projeto para o pavilhão. Mas posso estabelecer algumas analogias com a temporalidade da relação terra-água, única em Bangladesh, refletida nas moradias efêmeras cuja existência depende da cheia dos rios. O Serpentine Pavilion fica nos jardins de Kensington por um tempo limitado, quando as pessoas o visitam, participam dos eventos e celebram o verão londrino. Eu me concentrei na intensidade e na lembrança da sua existência, antes que se transforme em memória e sua presença fique restrita ao ambiente virtual. Por isso, se chama A Capsule in Time [Uma cápsula no tempo]”, reflete para a AD, em referência a uma estrutura semitransparente pensada para evocar um senso de comunidade, em verdadeira conexão com o entorno.
O pavilhão de Tabassum poderá ser visitado até 26 de outubro de 2025. Além disso, a Serpentine Gallery organizará uma programação de eventos para refletir sobre a comissão, sua história e seu futuro.
*Matéria publicada originalmente na AD Espanha
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Desde o ano 2000, a Serpentine Gallery seleciona anualmente uma equipe de arquitetos para projetar um pavilhão efêmero nos jardins, usado para desenvolver programas culturais. “É interessante ver como os arquitetos têm uma liberdade com os pavilhões que não têm necessariamente com os grandes edifícios”, diz o prestigiado curador e crítico Hans Ulrich Obrist, diretor artístico da Serpentine desde 2006.
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A cada ano, portanto, e já são vinte e cinco desde o primeiro em 2000, assinado por Zaha Hadid, um novo pavilhão é adicionado à memória e à série. Uma inauguração que, de quebra, marca (de maneira não oficial) o início do verão na cidade. Apesar de sua breve presença física — cinco meses —, o pavilhão da Serpentine Gallery atrai visitantes do mundo inteiro.
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Marina Tabassum posa em frente ao pavilhão da Serpentine de 2025
Rasid Necati Aslim/Getty Images
E os demais? A maioria dos escolhidos — muitos deles ‘Pritzkers’ — são os nomes que estão moldando a arquitetura da nossa era. O estúdio SANAA, responsável pelo Pavilhão Serpentine de 2009, foi laureado com a Medalha de Ouro Real do RIBA em 2025. Frida Escobedo, Pavilhão Serpentine de 2018, será responsável pela renovação do MET e pelo comando do Centro Pompidou. Sou Fujimoto, Pavilhão Serpentine de 2013, é o curador da Expo 2025 em Osaka. Os sócios do OMA, Rem Koolhaas e Shohei Shigematsu, autores do pavilhão de 2006, foram nomeados arquitetos da expansão do New Museum. Os argumentos são firmes e sólidos: o pavilhão da Serpentine Gallery é, de forma evidente, o farol que ilumina os verões londrinos… e a arquitetura mundial.
Um exemplo é a libanesa Lina Ghotmeh, que foi a arquiteta do pavilhão da Serpentine Gallery em 2023; nos últimos dias, foi nomeada para redesenhar uma das alas essenciais do British Museum, em Londres.
“No meu caso, há dois anos, fiquei entusiasmada com a ideia de projetar uma estrutura tão significativa e divertida. Além disso, como arquiteta, foi um grande desafio: projetar e construir uma estrutura temporária em pouco tempo, pensando em como ela pode impactar positivamente o seu entorno”, relembra ela à AD.
Vista do Serpentine Pavilion, de Marina Tabassum, a partir dos jardins do Hyde Park em Londres
Rasid Necati Aslim/Getty Images
“O Serpentine Pavilion é bem considerado pela comunidade arquitetônica no mundo todo. É um evento que acompanhamos todos os anos para ver o projeto e a visão de cada arquiteto”, diz à AD a arquiteta de Bangladesh Marina Tabassum, escolhida para projetar o pavilhão deste ano — um edifício de bambu envolto em tecidos coloridos, que atua como uma cápsula do tempo e da memória. “Sendo meu primeiro projeto construído no Reino Unido, a equipe da Serpentine Gallery me apoiou muito”, acrescenta ela, que no ano passado foi incluída na lista das ‘100 pessoas mais influentes’ da revista TIME.
Vista área do Serpentine Pavilion 2025, assinado por Marina Tabassum
Rasid Necati Aslim/Getty Images
Hoje, com o pavilhão enfim concluído, é curioso relembrar com Tabassum as origens do projeto. “Conhecia o Hans [Ulrich Obrist] pelos seus livros e entrevistas, mas só nos vimos pessoalmente após o convite da Serpentine para criar o pavilhão, há alguns meses. Ele estava no escritório em Londres, atrás de uma montanha de livros. Tivemos que abaixar a cabeça para conseguirmos nos ver enquanto conversávamos. Foi muito divertido”, relembra Tabassum de seu escritório em Daca, uma cidade caótica e intensa com mais de 20 milhões de habitantes.
“Não há uma relação direta entre Daca, a cidade onde vivo e trabalho, e o meu projeto para o pavilhão. Mas posso estabelecer algumas analogias com a temporalidade da relação terra-água, única em Bangladesh, refletida nas moradias efêmeras cuja existência depende da cheia dos rios. O Serpentine Pavilion fica nos jardins de Kensington por um tempo limitado, quando as pessoas o visitam, participam dos eventos e celebram o verão londrino. Eu me concentrei na intensidade e na lembrança da sua existência, antes que se transforme em memória e sua presença fique restrita ao ambiente virtual. Por isso, se chama A Capsule in Time [Uma cápsula no tempo]”, reflete para a AD, em referência a uma estrutura semitransparente pensada para evocar um senso de comunidade, em verdadeira conexão com o entorno.
O pavilhão de Tabassum poderá ser visitado até 26 de outubro de 2025. Além disso, a Serpentine Gallery organizará uma programação de eventos para refletir sobre a comissão, sua história e seu futuro.
*Matéria publicada originalmente na AD Espanha
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