Como descartar a madeira de forma segura e sustentável

O que você faz com as sobras de móveis antigos de madeira, paletes ou resíduos de obras? Se a resposta for “jogo fora” ou “queimo”, você pode estar cometendo um crime ambiental. Portanto, chegou o momento de aprender a descartar a madeira de forma segura, seguindo as orientações dos especialistas:
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“Percebemos uma conscientização cada vez maior da população em relação ao destino correto da madeira e de outros resíduos. Questões ligadas à sustentabilidade, às mudanças climáticas e à preservação dos recursos naturais estão em destaque, e isso tem levado as pessoas a refletirem sobre o impacto ambiental do descarte inadequado”, acredita Eber Souza, diretor-geral da Ecoassist.
O descarte inadequado de móveis de madeira em terrenos, na rua ou em imóveis abandonados é prejudicial ao meio ambiente, pois os itens podem conter substâncias tóxicas
Pexels/Wendelin Jacober/Creative Commons
A Lei 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, determina a gestão de madeira por meio da não geração, redução, reutilização e reciclagem antes do descarte final. A legislação proíbe o despejo de madeira em lixões, incentivando a busca por empresas especializadas ou centros de coleta para o descarte adequado, além de promover a inclusão de catadores na gestão de resíduos.
Como o descarte contribui para a preservação do meio ambiente
A preservação dos recursos naturais é possível por meio do descarte adequado e reciclagem da madeira, que reduz a demanda pela extração de novas árvores, diminui o desmatamento e contribui para a sustentabilidade, além de proteger o ecossistema e a biodiversidade.
“Como em qualquer processo de transformação de matéria-prima, a madeira também gera resíduos – seja na retirada das árvores da floresta, no transporte, na serraria ou na indústria. Estes resíduos podem ser reutilizados e reciclados, permitindo novas utilizações de maneira criativa e sustentável”, explica Marcio Gorgoglione, CEO da Fermad Ambiental.
A madeira deve ser descartada de forma correta a fim de evitar a poluição, o desmatamento ilegal e o acúmulo de resíduos em lixões e aterros
Freepik/Creative Commons
Quando a madeira é descartada de forma adequada, evita-se a contaminação do solo, da água e do ar. “O reaproveitamento e a recuperação energética dos resíduos da madeira reduzem a necessidade de extração de novas matérias-primas. Ao promover a reciclagem, a reutilização e o uso eficiente da madeira, é possível conservar os recursos naturais, economizar energia e diminuir a emissão de gases de efeito estufa”, complementa Eber.
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Madeira tratada e não tratada no descarte
Antes de decidir como descartar a madeira, é necessário identificar se o material é tratado ou não, principalmente sob os aspectos ambiental e legal. A principal diferença é que, no primeiro caso, o material foi submetido a um processo químico que o torna resistente, enquanto a madeira não tratada é o material natural que não recebeu nenhum produto químico para aumentar sua durabilidade.
“O descarte da madeira tratada deve ser feito por empresas especializadas e licenciadas para tratar resíduos dessa natureza, como processos de coprocessamento de resíduos perigosos”, sugere Eber. “A madeira tratada, como a utilizada em dormentes de trens, pode ser utilizada em decorações, já que não é possível utiliza-la para a produção de biomassa devido ao seu tratamento químico”, completa Marcio.
Paletes de madeira não tratados costumam ser mais simples de reutilizar na decoração e no artesanato, uma vez que não possuem produtos químicos prejudiciais, capazes de liberar toxinas
Pexels/Frans van Heerden/Creative Commons
Já a madeira não tratada, como paletes, caixotes, sobras de serraria e móveis, pode ter um descarte mais simples. “As pessoas podem descartar esse tipo de madeira em ecopontos, o que contribui para a preservação ambiental e a redução dos volumes em aterros”, continua Marcio. “Ela possui maior potencial de reutilização ou reciclagem, podendo ser destinada a compostagem, usinas de biomassa ou reaproveitamento artesanal, com impacto ambiental reduzido”, garante Eber.
Tipos de madeira para descarte
Depois de verificar se a madeira é tratada ou não, é importante identificar o tipo de madeira . “A madeira maciça, quando não tratada quimicamente, é a mais simples de ser aproveitada. Por ser um material natural e com bom poder calorífico, pode ser triturada e utilizada como combustível alternativo com poucas restrições, desde que esteja livre de contaminantes como tintas, óleos ou metais”, detalha Eber.
Já madeira de demolição seria um caso intermediário. “O ponto de atenção está na necessidade de triagem para garantir que não contenha tratamentos químicos antigos ou contaminantes como tintas com metais pesados. Se considerada não contaminada, ela pode ser aproveitada energeticamente com bons resultados”, ele pondera.
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Madeiras processadas, como MDF e MDP, apresentam maior complexidade no descarte. “Esses materiais contêm resinas sintéticas e aditivos químicos, o que inviabiliza sua reciclagem convencional. No entanto, elas podem sim ser destinadas à recuperação energética, desde que passem por caracterização e sejam aceitas por instalações licenciadas, que operam em altas temperaturas capazes de destruir os compostos tóxicos de forma segura”, aponta o profissional.
Sinais visíveis de contaminação da madeira
Nem todas as madeiras são reutilizáveis; é necessário estar atento aos sinais que indicam que a madeira perdeu sua integridade estrutural e deve ser encaminhada para processos adequados de descarte ecológico e logística reversa.
Não é seguro reutilizar madeiras com sinais de decomposição ou danos causados por fungos para fins estruturais, pois sua integridade física está comprometida
Unsplash/Katie Currier/Creative Commons
“Madeira que apresenta deterioração, danificação, decomposição, estrago avançado, presença de cupins, apodrecimento, rachaduras severas, deformidade ou perda de estrutura, geralmente, não é apta para utilização”, revela Eber.
Essa madeira que não apresenta condições de uso direto pode ser destinada à reciclagem, convertida em biomassa para geração de energia ou ainda utilizada em compostagem industrial, contribuindo para o fechamento do ciclo dos resíduos.
Passo a passo para o descarte da madeira
É necessário retirar pregos e outros objetos cortantes da madeira antes de descartá-la, já que eles representam um risco para quem manipula o material e para os coletores de lixo
Unsplash/Glen Carrie/Creative Commons
A seguir, confira algumas etapas para descartar a madeira de forma adequada e segura, especialmente quando proveniente de obras ou móveis que não podem ser reutilizados:
Primeiro, identifique e classifique o tipo de madeira, verificando se é maciça, processada, tratada ou não tratada, bem como a presença de tintas, vernizes ou outros contaminantes;
Separe os resíduos conforme essa classificação;
Realize uma triagem para remover materiais como pregos, parafusos e outros elementos metálicos ou plásticos, que possam estar aderidos à madeira;
Avalie a possibilidade de reaproveitamento, doação ou reciclagem parcial, pois isso contribui para a redução do volume de resíduos a serem descartados;
Quando não houver essa possibilidade, a madeira deve ser encaminhada para a destinação final adequada.
“O descarte de madeira deve ser feito por empresas especializadas, certificadas e licenciadas para a coleta, o transporte, o gerenciamento e a destinação final. Elas também devem fornecer documentações necessárias comprovando o descarte correto”, ressalta Marcio.
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Alternativas ao descarte
A fabricação de móveis e itens decorativos é uma prática popular e eficaz de reaproveitamento de madeira, transformando sobras e materiais descartados em produtos de maior valor e utilidade
Unsplash/Clem Onojeghuo/Creative Commons
A madeira possui um alto potencial de reaproveitamento e pode ganhar novas funções a partir de processos criativos e sustentáveis. Entre as principais alternativas, estão:
Reutilização: permite dar uma nova vida à madeira em projetos, reformas ou peças de artesanato, reduzindo a necessidade de extração de novos recursos naturais;
Doação: doar móveis e objetos de madeira em bom estado também é uma excelente opção, beneficiando instituições, ONGs e pessoas em situação de vulnerabilidade, além de prolongar a vida útil dos itens.
Empresas especializadas: oferecem soluções completas para o descarte consciente de móveis e resíduos de madeira, garantindo a destinação ambientalmente correta dos materiais e contribuindo ativamente para a economia circular.
“A madeira pode ser reaproveitada em forma de artesanato e objetos de decoração. Ela também pode ser tratada por meio de compostagem ou transformada em biomassa, sendo uma prática que evita o desmatamento e estimula a economia circular”, acrescenta Márcio.

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