Como a Aflalo Gasperini criou um projeto arquitetônico inovador para a Avenues São Paulo a partir do retrofit de um antigo edifício corporativo Grandes projetos de arquitetura costumam começar a tomar forma muito antes de os primeiros traços rascunharem o papel. Desenhar uma escola de elite – considerada a mais cara do Brasil pela Lista de Escolas Exclusivas publicada pela Forbes, em dezembro de 2024 – é um desafio e tanto, e envolve uma bela etapa preparatória. Apesar da larga experiência com projetos de educação, os arquitetos do escritório Aflalo Gasperini assumiram a sede da Avenues São Paulo – primeira escola da rede internacional no Brasil – antes mesmo da definição do local do projeto.
“Nós ajudamos a equipe da Avenues a buscar um terreno”, recorda o arquiteto José Luiz Lemos, sócio-diretor da Aflalo Gasperini. Ao lado dos executivos do grupo, a equipe esquadrinhou inúmeras áreas na zona sul da cidade até encontrar este lote no Real Parque, em uma avenida que mais parece um boulevard, bem ao lado da Marginal Pinheiros – o que facilitaria o acesso dos carros ao campus.
“Fizemos vários estudos e entendemos que o edifício comercial que ocupava aquele espaço podia nos dar o que buscávamos. A estrutura vertical dele permitiria criar esse projeto amplo. E, assim, conseguimos criar uma escola para mais de 2 mil alunos”, comenta sobre a instituição, inaugurada em 2018, cujo número de estudantes já está quase na capacidade máxima.
Espaços de conversa e reuniões estão por todos os andares já que a proposta pedagógica da escola incentiva a troca de ideias entre alunos de diferentes idades
Ana Mello/Divulgação
As salas de aula equipadas com equipamentos tecnológicos também possuem uma inspiração industrial
Ana Mello/Divulgação
Vista do teatro da escola, que comporta diferentes configurações
Ana Mello/Divulgação
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Em vez de optar pela demolição, a equipe investiu em um retrofit do prédio dos anos 1990, adaptando-o para receber o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, além de espaços internos que favorecem a circulação dos alunos.
Uma das salas de aula com mesas grandes e pequenos incentivando à troca de ideias e ao protagonismo dos alunos
Ana Mello/Divulgação
Essa solução era fundamental para a escola, já que incentivar a comunicação entre os estudantes de diferentes idades faz parte da sua orientação pedagógica. “Como o modelo de ensino da Avenues é multidisciplinar e baseado em projetos, é como se o assunto flutuasse fora da sala de aula. Por isso, precisávamos criar espaços de conversa e áreas de encontro em todo o edifício.”
Desde o início, um dos objetivos dos arquitetos foi, portanto, propor trajetos diversos pelo edifício e pelo anexo, que reúne teatro, ginásio, pátio, quadras e terraços. “As coberturas ampliam a metragem do terreno. Quando você está dentro da escola, sempre tem acesso a essas áreas externas. Existem vários núcleos de circulação, uma multiplicidade de caminhos. Os percursos que criamos são muito ricos.”
Este hall revestido de madeira percorre todos os pavimentos da escola e é um dos principais pontos de encontro dos alunos
Ana Mello/Divulgação
Para José Luiz, estas coberturas são um dos grandes destaques do projeto, já que proporcionam uma vista única da paisagem urbana de São Paulo. “A intenção dos espaços de lazer nas coberturas foi criar uma conexão da criança com a cidade, para que o contato com o ambiente externo também fosse usado como espaço lúdico de aprendizado.”
Destaque das aberturas no teto da escola
Ana Mello/Divulgação
O bloco adjacente (à frente) abrange vários espaços de convivência e forma um conjunto arquitetônico único com o edifício principal
Pedro Mascaro/Divulgação
Outro ponto de interesse é o edifício adjacente, concebido como uma estrutura complementar. Na fachada, a equipe da Aflalo Gasperini sinalizou a intervenção com acabamentos ligeiramente diferentes, desvelando a nova camada arquitetônica. Já nos interiores, houve atenção à qualidade ambiental: pés-direitos duplos, uso pontual de cores, leveza e uma interação lúdica com a arquitetura.
Tudo foi pensado para instigar a curiosidade das crianças – diretriz que também norteou o arquiteto Dante Della Manna, do escritório DM/AM, no desenvolvimento dos interiores. Há ainda um sutil aceno à matriz da escola, no bairro do Chelsea, em Nova York. “Ela ficou pronta enquanto estávamos fazendo o nosso projeto. Por isso, não encaramos como inspiração. Foi importante entender o que estava funcionando lá para nos orientar. Mas acho que, talvez, ao incorporarmos uma certa estética industrial, tenhamos feito uma referência a Nova York, àquela região do High Line [parque construído em trilhos ferroviários abandonados]”, comenta José Luiz.
Um dos terraços e áreas de convivência dos alunos
Ana Mello/Divulgação
Uma das quadras cobertas da Avenues
Ana Mello/Divulgação
E, claro, não dá para falar de uma escola de elite sem mencionar tecnologia. A Avenues fornece tablets e MacBooks para os alunos, e as salas de aula são conectadas à sede em Nova York, o que permite a realização de atividades em conjunto entre unidades. Desde o início, portanto, a arquitetura precisava garantir flexibilidade para incorporar novas soluções e recursos tecnológicos.
“A tecnologia foi muito importante, sim, nesse projeto. Tivemos recursos previstos na luminotécnica, na elétrica, etc. E, no dia a dia, ela é essencial em sala de aula, e eles têm bastante controle sobre isso. Nosso objetivo foi criar uma estrutura capaz de absorver essas transformações. Afinal, a escola é um organismo vivo.”
Para o arquiteto, que já esteve à frente da construção e reforma de inúmeras instituições de ensino, esse tipo de trabalho é sempre único. “Não tem uma receita: você tem que entender muito bem como aquela escola vai funcionar, qual é o modelo de ensino, para conseguir projetar de acordo”, conclui.
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“Nós ajudamos a equipe da Avenues a buscar um terreno”, recorda o arquiteto José Luiz Lemos, sócio-diretor da Aflalo Gasperini. Ao lado dos executivos do grupo, a equipe esquadrinhou inúmeras áreas na zona sul da cidade até encontrar este lote no Real Parque, em uma avenida que mais parece um boulevard, bem ao lado da Marginal Pinheiros – o que facilitaria o acesso dos carros ao campus.
“Fizemos vários estudos e entendemos que o edifício comercial que ocupava aquele espaço podia nos dar o que buscávamos. A estrutura vertical dele permitiria criar esse projeto amplo. E, assim, conseguimos criar uma escola para mais de 2 mil alunos”, comenta sobre a instituição, inaugurada em 2018, cujo número de estudantes já está quase na capacidade máxima.
Espaços de conversa e reuniões estão por todos os andares já que a proposta pedagógica da escola incentiva a troca de ideias entre alunos de diferentes idades
Ana Mello/Divulgação
As salas de aula equipadas com equipamentos tecnológicos também possuem uma inspiração industrial
Ana Mello/Divulgação
Vista do teatro da escola, que comporta diferentes configurações
Ana Mello/Divulgação
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Em vez de optar pela demolição, a equipe investiu em um retrofit do prédio dos anos 1990, adaptando-o para receber o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, além de espaços internos que favorecem a circulação dos alunos.
Uma das salas de aula com mesas grandes e pequenos incentivando à troca de ideias e ao protagonismo dos alunos
Ana Mello/Divulgação
Essa solução era fundamental para a escola, já que incentivar a comunicação entre os estudantes de diferentes idades faz parte da sua orientação pedagógica. “Como o modelo de ensino da Avenues é multidisciplinar e baseado em projetos, é como se o assunto flutuasse fora da sala de aula. Por isso, precisávamos criar espaços de conversa e áreas de encontro em todo o edifício.”
Desde o início, um dos objetivos dos arquitetos foi, portanto, propor trajetos diversos pelo edifício e pelo anexo, que reúne teatro, ginásio, pátio, quadras e terraços. “As coberturas ampliam a metragem do terreno. Quando você está dentro da escola, sempre tem acesso a essas áreas externas. Existem vários núcleos de circulação, uma multiplicidade de caminhos. Os percursos que criamos são muito ricos.”
Este hall revestido de madeira percorre todos os pavimentos da escola e é um dos principais pontos de encontro dos alunos
Ana Mello/Divulgação
Para José Luiz, estas coberturas são um dos grandes destaques do projeto, já que proporcionam uma vista única da paisagem urbana de São Paulo. “A intenção dos espaços de lazer nas coberturas foi criar uma conexão da criança com a cidade, para que o contato com o ambiente externo também fosse usado como espaço lúdico de aprendizado.”
Destaque das aberturas no teto da escola
Ana Mello/Divulgação
O bloco adjacente (à frente) abrange vários espaços de convivência e forma um conjunto arquitetônico único com o edifício principal
Pedro Mascaro/Divulgação
Outro ponto de interesse é o edifício adjacente, concebido como uma estrutura complementar. Na fachada, a equipe da Aflalo Gasperini sinalizou a intervenção com acabamentos ligeiramente diferentes, desvelando a nova camada arquitetônica. Já nos interiores, houve atenção à qualidade ambiental: pés-direitos duplos, uso pontual de cores, leveza e uma interação lúdica com a arquitetura.
Tudo foi pensado para instigar a curiosidade das crianças – diretriz que também norteou o arquiteto Dante Della Manna, do escritório DM/AM, no desenvolvimento dos interiores. Há ainda um sutil aceno à matriz da escola, no bairro do Chelsea, em Nova York. “Ela ficou pronta enquanto estávamos fazendo o nosso projeto. Por isso, não encaramos como inspiração. Foi importante entender o que estava funcionando lá para nos orientar. Mas acho que, talvez, ao incorporarmos uma certa estética industrial, tenhamos feito uma referência a Nova York, àquela região do High Line [parque construído em trilhos ferroviários abandonados]”, comenta José Luiz.
Um dos terraços e áreas de convivência dos alunos
Ana Mello/Divulgação
Uma das quadras cobertas da Avenues
Ana Mello/Divulgação
E, claro, não dá para falar de uma escola de elite sem mencionar tecnologia. A Avenues fornece tablets e MacBooks para os alunos, e as salas de aula são conectadas à sede em Nova York, o que permite a realização de atividades em conjunto entre unidades. Desde o início, portanto, a arquitetura precisava garantir flexibilidade para incorporar novas soluções e recursos tecnológicos.
“A tecnologia foi muito importante, sim, nesse projeto. Tivemos recursos previstos na luminotécnica, na elétrica, etc. E, no dia a dia, ela é essencial em sala de aula, e eles têm bastante controle sobre isso. Nosso objetivo foi criar uma estrutura capaz de absorver essas transformações. Afinal, a escola é um organismo vivo.”
Para o arquiteto, que já esteve à frente da construção e reforma de inúmeras instituições de ensino, esse tipo de trabalho é sempre único. “Não tem uma receita: você tem que entender muito bem como aquela escola vai funcionar, qual é o modelo de ensino, para conseguir projetar de acordo”, conclui.
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