Congéia (Congea tomentosa): como cultivar a trepadeira com “efeito névoa”

O “efeito névoa” formado por milhares de flores delicadas em tons de rosa e lilás é uma característica marcante da congéia (Congea tomentosa). Frequentemente conduzida como trepadeira, por seu crescimento rápido, a planta é perfeita para cobrir pergolados, muros e cercas.
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“É uma espécie exótica, originária do Sudeste Asiático, amplamente difundida no paisagismo tropical brasileiro. É uma trepadeira lenhosa, de hábito volúvel, com ramificação vigorosa, que pode atingir até 8 metros de comprimento”, conta Breno Moreira Motta, biólogo e diretor do Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
A congéia possui folhas elíptico-ovaladas, perenes, de cor verde-clara, com nervuras bem marcadas e textura tomentosa
Forest e Kim Starr/Wikimedia Commons
Suas folhas são simples, de formato elíptico-ovalado e opostas. “As folhas possuem indumento tomentoso em ambas as faces, o que lhes confere textura aveludada. As inflorescências são terminais compostas por pequenas flores brancas, cada uma rodeada por brácteas petaloides, responsáveis pelo grande atrativo ornamental”, ele descreve.
Trepadeira versátil
A Congea tomentosa é uma trepadeira caracterizada por uma ramagem robusta e vigorosa, o que permite diversos usos, em especial a cobertura de estruturas. Seu rápido crescimento e folhagem densa conferem privacidade e sombra, enquanto as flores e brácteas atraem polinizadores, enchendo o ambiente de cor e vitalidade.
Foi em homenagem a Burle Marx que o paisagista Roberto Riscala escolheu a congéia para cobrir a pérgola de eucalipto neste jardim em Itu, interior de São Paulo
Foto: Divulgação
“Devido ao seu potencial de crescimento e valor ornamental, ela é comumente utilizada para cobrir pergolados, caramanchões, cercas e muros. Além disso, também pode ser conduzida como um arbusto escandente mediante podas, formando grandes maciços, ou até mesmo como cerca-vivas para grandes espaços”, diz Camila Unfried, engenheira agrônoma e paisagista.
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No entanto, a congéia não é adequada para o cultivo dentro de casa, pois requer sol pleno e calor para florescer de forma abundante. “Sua morfologia de trepadeira exige espaço amplo para o desenvolvimento dos ramos volúveis. Em ambientes internos, a luminosidade insuficiente compromete a formação das brácteas ornamentais”, justifica Breno.
Como cultivar a congéia
Para direcionar o crescimento da congéia e evitar a quebra dos ramos, é aconselhável utilizar suportes firmes, como tutores, arames ou treliças bem fixas, presas à estrutura de cultivo
Tharuka dissanayaka/Wikimedia Commons
A congéia é considerada uma planta rústica, portanto, uma vez estabelecida, demanda poucos cuidados e baixa manutenção. Confira as condições de cultivo ideais recomendados pelos especialistas:
Solo: fértil, bem drenado e enriquecido com matéria orgânica.
Luz: luz solar direta durante a maioria do dia, condição essencial para a floração intensa.
Temperatura: clima tropical e subtropical, com temperaturas amenas a quentes. Não tolera geadas.
Adubação: periódica, com formulação química (NPK 4-14-8) rica em fósforo e potássio, ou adubação orgânica com esterco de aves curtido, ou húmus de minhoca, intercalado com farinha de osso.
Rega: regular, mantendo o solo levemente úmido, sem encharcamento. Em períodos de estiagem, convém intensificar a irrigação.
Poda: de condução para direcionar os ramos trepadores e estimular a brotação, e de limpeza após a floração, para retirar ramos secos e excessivamente longos.
Congéia em vasos
O cultivo da espécie em vasos é possível apenas em recipientes grandes, que comportem seu vigoroso sistema radicular. “O ideal são vasos ou jardineiras com no mínimo 60 cm de diâmetro e profundidade, preferencialmente de barro ou cimento, que garantem melhor aeração do substrato”, sugere Breno.
“Dificilmente recomendo vasos menores de 50 L. Quanto maior o vaso, melhor. Se o objetivo for a cobertura de um pergolado, muitas vezes um vaso não será o suficiente. Quanto ao material é variável, porém precisa ser resistente, visto que a espécie possui um sistema radicular denso”, opina Camila.
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A beleza ornamental das brácteas
O que mais chama a atenção na congéia são as três brácteas, estruturas coloridas e aveludadas que ficam ao redor das flores
Flickr/Tony Rodd/Creative Commons
Quem a vê de longe acredita que a sua beleza está nas flores. Mas na realidade, o principal atrativo da congéia são as brácteas coloridas, que envolvem as pequenas e discretas flores brancas. Elas mudam de cor com o amadurecimento, criando um efeito ornamental que embeleza os ambientes.
“As flores são pequenas, brancas e discretas, circundadas por três brácteas (folhas modificadas) em forma de hélice, com tonalidades que variam entre cor-de-rosa, lilás e roxo. Essas brácteas têm a função de atrair polinizadores. Essa floração encantadora pode durar semanas”, revela Camila.
As flores verdadeiras da congéia são brancas e pequenas, quase invisíveis, pois ficam escondidas entre as brácteas em forma de hélice
Flickr/José Eduardo Deboni/Creative Commons
Sua floração acontece no final do inverno e início da primavera, coincidindo com o período de menor oferta floral em jardins, o que valoriza ainda mais a espécie. “Após a antese – momento de maturação de uma flor – as brácteas tornam-se esbranquiçadas, prolongando o efeito decorativo”, acrescenta o biólogo.
A alteração da cor das brácteas da congéia, de rosa para roxo e, finalmente, para cinza ou esbranquiçado, faz parte do processo natural de envelhecimento e desvanecimento da flor
Forest e Kim Starr/Wikimedia Commons
Após a floração, a Congea tomentosa produz frutos, pequenas bagas de coloração arroxeada, que se formam em cachos esparsos. No entanto, esses frutos não são comestíveis e nem representam o principal atrativo ornamental da planta.
Como fazer mudas de congéia
Ela pode ser propagada por estaquia, sementes e alporquia, técnica que envolve enraizar um ramo ainda ligado à planta-mãe. Sendo que, a reprodução por estaquia é o método mais comum e utilizado para essa espécie. Geralmente, é aconselhável fazer as estacas após o período de florescimento.
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Corte estacas semi-lenhosas, de aproximadamente 15 a 20 cm de comprimento, optando por calibre entre 0,8 a 1,0 cm de diâmetro (um pouco mais grosso que um lápis) com gemas viáveis.
Remova as folhas.
Enterre 1/3 da estaca em um bom substrato drenável.
Mantenha a planta em um ambiente sem exposição direta ao sol, até iniciar o seu enraizamento e emissão de brotações.
Escolha um galho saudável da congéia, de preferência após o período de florescimento, quando a planta possui mais vigor para enraizar
Forest e Kim Starr/Wikimedia Commons
As mudas devem ser monitoradas e regadas com frequência, conforme a necessidade, evitando o encharcamento. Após o início das brotações, é necessário transplantá-las para um ambiente que receba luz solar direta.
Problemas comuns
Quando a congéia está em condições inapropriadas de cultivo, ela se torna mais vulnerável ao ataque de pragas e doenças. Por isso, é importante identificar o agente causador do problema para adotar medidas mais eficazes.
Embora a descoloração natural das brácteas da congéia seja normal, alterações significativas nas folhas ou flores podem sinalizar que a planta está enfrentando problemas como falta de luz, queimaduras ou infestação por doenças ou pragas
Forest e Kim Starr/Wikimedia Commons
“Se detectado precocemente é possível controlar apenas com podas de limpeza, fazendo a remoção dos galhos ou até mesmo realizar a aplicação de caldas naturais repelentes, como óleo de neem, fumo, calda bordalesa e outras caldas de extratos vegetais disponíveis e encontradas facilmente”, aponta a engenheira agrônoma.
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Veja os principais problemas que podem comprometem a vitalidade e o valor ornamental da congéia, segundo os profissionais, e o que fazer em cada caso:
Pragas: ácaros, pulgões e cochonilhas são algumas pragas comuns que podem causar o enfraquecimento dos ramos da congéia. É importante manter o equilíbrio entre irrigação e nutrição da planta.
Manchas foliares: fungos e bactérias causam doenças como o oídio. Evite irrigações noturnas e foliares no período do inverno, e mantenha as podas anuais em dia, propiciando uma renovação da planta e mantendo uma boa circulação de ar entre os ramos.
Podridão das raízes: esse problema é comumente causado pelo excesso de umidade no solo. Por isso, evite regas em excesso e garanta uma boa drenagem no local de plantio.
Perda de área foliar: lagartas eventualmente alimentam-se das folhas, reduzindo a área foliar e a fotossíntese. Besouros e formigas cortadeiras também podem causar danos em brotações jovens. Para controlar, faça a manutenção e aplique produtos foliares, com doses corretas para não causar fitotoxidade.
“Para a prevenção, recomenda-se manter boa drenagem e evitar encharcamento. A poda de limpeza ajuda a reduzir focos de infestação e melhora a circulação de ar. Além disso, práticas como adubação equilibrada e inspeções periódicas fortalecem a planta e permitem controle rápido ao menor sinal de ataque”, finaliza o biólogo.

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