Desde sempre a arte e o design tentam transformar objetos comuns do dia a dia em itens de desejo. Do icônico Juicy Salif, espremedor de frutas cítricas do designer Philippe Starck, às latas da marca Campbell’s desenhadas pelo artista Andy Warhol, itens mundanos ganham novas dimensões por meio de mãos e mentes criativas. Entre esses objetos comuns se destacam os balões de festas de aniversário, que se transformam em móveis e peças artísticas.
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O pioneiro neste tipo de obra foi o artista estadunidense Jeff Koons, que se inspirou nas bexigas infantis para desenvolver a sua mais famosa criação, a série Balloon Dog.
Realizadas entre 1994 e 2000, as esculturas em forma de cachorro possuem diferentes tamanhos e cores, que variam entre azul, pink, amarelo, laranja e vermelho. Apesar de parecerem um balão à primeira vista, as obras são feitas de aço inoxidável polido espelhado e depois pintado.
A escultura Balloon Dog, uma das mais famosas obras de arte de “bexiga” de Jeff Koons
Jeff Koons/Divulgação
“Jeff Koons trabalha com a apropriação e a ressignificação de objetos cotidianos relacionados ao kitch, termo que descreve objetos decorativos baratos, comuns e de gosto duvidoso. Nesse sentido, ele retira as esculturas de balões com formato de animais da esfera infantil e as introduz no campo da arte, transformando seu valor simbólico e mercadológico”, analisa Danielle Nastari, docente do Instituto Europeo do Design (IED), em São Paulo.
A Balloon Flower, de Jeff Koons, parece de bexiga, mas é feita de aço inoxidável polido espelhado
Jeff Koons/Divulgação
Nos anos seguintes, Jeff criou diversas esculturas com a mesma estética e técnica, na forma de cisne, macaco, coelho, flores e até um crucifixo.
“Ele é conhecido por desafiar as limitações da fabricação, transformando imagens e objetos do cotidiano em obras de arte que envolvem o espectador em um diálogo com a época em que vivemos e nosso passado histórico”, destaca o site do artista.
Balões que ganham vida
Além das esculturas de Jeff Koons, alguns designers têm usado as próprias bexigas para criar mobiliários lúdicos. Geralmente, os infláveis de borracha são cobertos por diversas camadas de resina epóxi, o que garante firmeza e resistência às peças. Com essa cobertura, não há risco que os balões “estourem” e os móveis acabam se tornando sólidos o suficiente para aguentar o peso de uma ou mais pessoas.
“É um tipo de objeto que se relaciona de maneira forte com a cultura hiper visual da nossa época. São visualmente atraentes, bastante chamativas e interessantes para mostrar nas redes sociais”, fala Danielle.
O designer russo Artem Ershov cria móveis feitos com balões e resina
Artem Ershov/Divulgação
Um destes artistas é o sul-coreano Seungjin Yang, criador da série Blowing Series. Sua jornada com o material começou em 2013, quando se formou na Universidade Hongik, em Seul, onde reside e trabalha atualmente.
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Seu interesse pelos infláveis surgiu da observação das “formas inesperadas dos balões, que são definidas aleatoriamente no momento do sopro”, segundo o site do designer.
Seungjin Yang e uma das poltronas criadas por ele usando balões de ar e resina
Seungjin Yang/Divulgação
Desafiando o senso comum, de que os infláveis de borracha são frágeis, ele apostou nos enfeites de festa infantil como matéria-prima de suas criações. O portfólio de Seungjin Yang inclui cadeiras, poltronas, bancos e banquetas multicoloridos e em tons vibrantes. Cada peça leva cerca de duas semanas para ser criada, em um trabalho totalmente manual.
“Ele tem usado balões como material base para produzir artesanatos sólidos. O balão é o mais fácil de manipular devido ao seu volume, ao mesmo tempo em que contém a imprevisibilidade de ser maciço e sólido, em oposição às suposições sobre sua qualidade original, que é bastante fraca e suave”, descreve o portal.
O ar lúdico e colorido dos móveis de Seungjin Yang transformaram as peças em objetos de desejo
Seungjin Yang/Divulgação
O sucesso das peças levou Seungjin Yang a participar de exposições coletivas em instituições renomadas, como o Museu de Arte de Seul, o Museu Kumho e o Dongdaemun Design Plaza (DDP), ambos também na capital sul-coreana, e o Museu das Culturas de Milão, na Itália. Além disso, participou de eventos como a 21ª Trienal de Milão e o Design Days Dubai.
Em 2021, a Dior o contratou para reinterpretar a icônica cadeira Medalhão da grife para a Semana de Design de Milão. “Para mim, os adultos ainda podem brincar como crianças”, disse ele em vídeo durante o evento.
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Outro especialista em móveis de balões é o russo Artem Ershov. Ele produz peças leves e delicadas, feitas com balões infláveis de verdade, cobertos com as mesmas camadas de resina epóxi. Seus móveis são mais finos e translúcidos, o que lhes dá um ar suave e etéreo.
Cada peça é feita de maneira artesanal e possui pequenas variações que as tornam únicas. Suas criações são documentadas em seu Instagram, por meio do qual os itens também podem ser encomendados.
Artem Ershov em um dos banquinhos criados por ele com balões de festas e resina
Artem Ershov/Divulgação
O sucesso dos objetos de balões, na avaliação de Danielle, tem muito a ver com as memórias afetivas. “Elas são coloridas, transparentes, muito leves, parecem um brinquedo ou um doce, como as balinhas jujuba, e remetem diretamente a lembranças prazerosas da infância, como a alegria das festas de aniversário”, aponta.
Portanto, mesmo que essas cadeiras e banquinhos não sejam lá muito confortáveis de se sentar, eles geram um encantamento nas pessoas.
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Além disso, segundo a especialista, há um elemento escultórico relevante presente na elaboração dos móveis de balões, cuja preocupação primordial não é a ergonomia, mas a experiência que as pessoas terão ao interagir com eles.
“O ato de se sentar em um balão que não estoura, que não sai voando, que não deforma, que continua no lugar e é capaz de sustentar o peso de um ser humano adulto é um ato impossível na realidade. Portanto, se sentar nessas cadeiras é concretizar uma ação inviável, é quase como uma performance artística”, avalia Danielle.
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O pioneiro neste tipo de obra foi o artista estadunidense Jeff Koons, que se inspirou nas bexigas infantis para desenvolver a sua mais famosa criação, a série Balloon Dog.
Realizadas entre 1994 e 2000, as esculturas em forma de cachorro possuem diferentes tamanhos e cores, que variam entre azul, pink, amarelo, laranja e vermelho. Apesar de parecerem um balão à primeira vista, as obras são feitas de aço inoxidável polido espelhado e depois pintado.
A escultura Balloon Dog, uma das mais famosas obras de arte de “bexiga” de Jeff Koons
Jeff Koons/Divulgação
“Jeff Koons trabalha com a apropriação e a ressignificação de objetos cotidianos relacionados ao kitch, termo que descreve objetos decorativos baratos, comuns e de gosto duvidoso. Nesse sentido, ele retira as esculturas de balões com formato de animais da esfera infantil e as introduz no campo da arte, transformando seu valor simbólico e mercadológico”, analisa Danielle Nastari, docente do Instituto Europeo do Design (IED), em São Paulo.
A Balloon Flower, de Jeff Koons, parece de bexiga, mas é feita de aço inoxidável polido espelhado
Jeff Koons/Divulgação
Nos anos seguintes, Jeff criou diversas esculturas com a mesma estética e técnica, na forma de cisne, macaco, coelho, flores e até um crucifixo.
“Ele é conhecido por desafiar as limitações da fabricação, transformando imagens e objetos do cotidiano em obras de arte que envolvem o espectador em um diálogo com a época em que vivemos e nosso passado histórico”, destaca o site do artista.
Balões que ganham vida
Além das esculturas de Jeff Koons, alguns designers têm usado as próprias bexigas para criar mobiliários lúdicos. Geralmente, os infláveis de borracha são cobertos por diversas camadas de resina epóxi, o que garante firmeza e resistência às peças. Com essa cobertura, não há risco que os balões “estourem” e os móveis acabam se tornando sólidos o suficiente para aguentar o peso de uma ou mais pessoas.
“É um tipo de objeto que se relaciona de maneira forte com a cultura hiper visual da nossa época. São visualmente atraentes, bastante chamativas e interessantes para mostrar nas redes sociais”, fala Danielle.
O designer russo Artem Ershov cria móveis feitos com balões e resina
Artem Ershov/Divulgação
Um destes artistas é o sul-coreano Seungjin Yang, criador da série Blowing Series. Sua jornada com o material começou em 2013, quando se formou na Universidade Hongik, em Seul, onde reside e trabalha atualmente.
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Seu interesse pelos infláveis surgiu da observação das “formas inesperadas dos balões, que são definidas aleatoriamente no momento do sopro”, segundo o site do designer.
Seungjin Yang e uma das poltronas criadas por ele usando balões de ar e resina
Seungjin Yang/Divulgação
Desafiando o senso comum, de que os infláveis de borracha são frágeis, ele apostou nos enfeites de festa infantil como matéria-prima de suas criações. O portfólio de Seungjin Yang inclui cadeiras, poltronas, bancos e banquetas multicoloridos e em tons vibrantes. Cada peça leva cerca de duas semanas para ser criada, em um trabalho totalmente manual.
“Ele tem usado balões como material base para produzir artesanatos sólidos. O balão é o mais fácil de manipular devido ao seu volume, ao mesmo tempo em que contém a imprevisibilidade de ser maciço e sólido, em oposição às suposições sobre sua qualidade original, que é bastante fraca e suave”, descreve o portal.
O ar lúdico e colorido dos móveis de Seungjin Yang transformaram as peças em objetos de desejo
Seungjin Yang/Divulgação
O sucesso das peças levou Seungjin Yang a participar de exposições coletivas em instituições renomadas, como o Museu de Arte de Seul, o Museu Kumho e o Dongdaemun Design Plaza (DDP), ambos também na capital sul-coreana, e o Museu das Culturas de Milão, na Itália. Além disso, participou de eventos como a 21ª Trienal de Milão e o Design Days Dubai.
Em 2021, a Dior o contratou para reinterpretar a icônica cadeira Medalhão da grife para a Semana de Design de Milão. “Para mim, os adultos ainda podem brincar como crianças”, disse ele em vídeo durante o evento.
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Outro especialista em móveis de balões é o russo Artem Ershov. Ele produz peças leves e delicadas, feitas com balões infláveis de verdade, cobertos com as mesmas camadas de resina epóxi. Seus móveis são mais finos e translúcidos, o que lhes dá um ar suave e etéreo.
Cada peça é feita de maneira artesanal e possui pequenas variações que as tornam únicas. Suas criações são documentadas em seu Instagram, por meio do qual os itens também podem ser encomendados.
Artem Ershov em um dos banquinhos criados por ele com balões de festas e resina
Artem Ershov/Divulgação
O sucesso dos objetos de balões, na avaliação de Danielle, tem muito a ver com as memórias afetivas. “Elas são coloridas, transparentes, muito leves, parecem um brinquedo ou um doce, como as balinhas jujuba, e remetem diretamente a lembranças prazerosas da infância, como a alegria das festas de aniversário”, aponta.
Portanto, mesmo que essas cadeiras e banquinhos não sejam lá muito confortáveis de se sentar, eles geram um encantamento nas pessoas.
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Além disso, segundo a especialista, há um elemento escultórico relevante presente na elaboração dos móveis de balões, cuja preocupação primordial não é a ergonomia, mas a experiência que as pessoas terão ao interagir com eles.
“O ato de se sentar em um balão que não estoura, que não sai voando, que não deforma, que continua no lugar e é capaz de sustentar o peso de um ser humano adulto é um ato impossível na realidade. Portanto, se sentar nessas cadeiras é concretizar uma ação inviável, é quase como uma performance artística”, avalia Danielle.
