Entenda como o estilo, que nasce do cotidiano, influencia construções, objetos, tradições, saberes populares e até mesmo o jeito como vivemos A palavra “vernacular” remete ao que é próprio de uma determinada região. Ao tratar do cenário nacional, portanto, o design representa as manifestações com características próprias da cultura e da realidade brasileira.
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O termo é usado para descrever práticas não-acadêmicas do design que recebem influências locais. Ele se manifesta com maior força em lugares onde a memória é preservada e as técnicas tradicionais são mantidas vivas.
Dentre as principais características desses artefatos estão: a simplicidade dos materiais usados para a confecção; e a estética espontânea, sem preocupação com regras e com linguagem simples.
Qual é a definição de design vernacular?
Segundo a arquiteta, urbanista e mestre em Design pela Universidade de São Paulo (USP), Graziela Nivoloni: “O design vernacular é aquele que emerge em um tempo e espaço, que decorre das tramas culturais e materiais de um território de forma genuína, original. Ele é a tangibilização de uma cultura, de um grupo de pessoas de um território. Também é feito/desenvolvido por indivíduos que não se formaram, que não têm conhecimento acadêmico formal a respeito. Desenvolvem a partir de si, de suas práticas, de experiências prévias em seu contexto.”
A disponibilidade de materiais locais permite que o design vernacular mostre a potência e originalidade enquanto manifestação de uma cultura
Unsplash/Hanna/Creative Commons
As obras do design vernacular são movidas pela cultura, seja em esculturas, arte, fotografia, letreiros, sinalizações, expressões, textos, seja em iconografias. Fora do padrão do design moderno, o estilo é visto por muitos como anti-profissional e subalterno.
Para Rodrigo Boufleur, designer e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte: “Os elementos simbólicos da comunidade são incorporados no desenho dos objetos e, a partir daí, os produtos naturalmente se expressam. Por outro lado, o design é vernacular quando se direciona à realidade de uma determinada comunidade. Ainda, um design que se apropria dos saberes da comunidade e os transforma em produtos de consumo universal, apesar de transpassadas para o contexto globalizado, a imagem destes produtos fica simbolicamente associada a sua origem.”
Com linguagem criativa, o estilo contribui para a construção cultural e estética da sociedade, sendo a expressão de um homem comum envolvido em seu meio, que vai de encontro a sociedade e alimenta a cultura popular.
O design vernacular se manifesta com maior força em locais onde os direitos dos povos originários ou tradicionais são respeitados
Unsplash/Shelby Murphy Figueroa/Creative Commons
Como o design vernacular é aplicado na sociedade?
Na prática, o estilo se faz presente em desenhos de muros de cidades, marcas e até cartazes de lojas e supermercados. Faixas de rua, decoração de botecos, projetos de sinalização e ambientação e demais elementos de comunicação visual compõem a estética.
“Por ser um design voltado para a região, a tendência é que se utilize materiais daquele local. Por exemplo, na região Norte do Brasil existe uma abundância de seringueiras. Logo, há uma tendência em aproveitar o látex como material na configuração de objetos. Nas pampas argentinas, devido à cultura típica relacionada à criação de gado, diversos objetos de couro têm sido desenvolvidos”, completa Rodrigo.
Entre os principais exemplos de objetos, construções e móveis no cenário nacional estão: o lavador de arroz, a caxirola, as cuscuzeiras improvisadas feitas com latas reaproveitadas, o chinelo de dedo de borracha, casas de taipa, móveis de madeira, o bordado meia-noite e as peças de artesanato.
O design vernacular é suscetível ao sumiço em regiões que não preservam nem promovem a história e os saberes de sua comunidade
Unsplash/S. Laiba Ali/Creative Commons
A evolução da produção gráfica inibiu o desenvolvimento deste estilo, que se distanciou dos grandes centros urbanos e foi incorporado em bairros afastados. No entanto, existem movimentos que tentam resgatar essa estética no cenário contemporâneo, como os letterings de cartazes de supermercado, que oferecem uma arte manual e fluida.
O objetivo dessas representações é, portanto, reforçar a identidade cultural por meio da prática manual, adaptando-a para o ambiente digital e mantendo-a presente na atualidade. Esse processo permite maior ligação do ambiente com o público.
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“Ele pode acontecer a qualquer tempo e em qualquer lugar, desde que se estabeleça a partir das raízes daquele local. Não há um design vernacular, mas muitos. Cada um em cada lugar e em cada tempo, como um resultado de um conjunto de aspectos culturais, políticos, ritualísticos, religiosos, recursos materiais e tecnológicos”, finaliza Graziela.
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O termo é usado para descrever práticas não-acadêmicas do design que recebem influências locais. Ele se manifesta com maior força em lugares onde a memória é preservada e as técnicas tradicionais são mantidas vivas.
Dentre as principais características desses artefatos estão: a simplicidade dos materiais usados para a confecção; e a estética espontânea, sem preocupação com regras e com linguagem simples.
Qual é a definição de design vernacular?
Segundo a arquiteta, urbanista e mestre em Design pela Universidade de São Paulo (USP), Graziela Nivoloni: “O design vernacular é aquele que emerge em um tempo e espaço, que decorre das tramas culturais e materiais de um território de forma genuína, original. Ele é a tangibilização de uma cultura, de um grupo de pessoas de um território. Também é feito/desenvolvido por indivíduos que não se formaram, que não têm conhecimento acadêmico formal a respeito. Desenvolvem a partir de si, de suas práticas, de experiências prévias em seu contexto.”
A disponibilidade de materiais locais permite que o design vernacular mostre a potência e originalidade enquanto manifestação de uma cultura
Unsplash/Hanna/Creative Commons
As obras do design vernacular são movidas pela cultura, seja em esculturas, arte, fotografia, letreiros, sinalizações, expressões, textos, seja em iconografias. Fora do padrão do design moderno, o estilo é visto por muitos como anti-profissional e subalterno.
Para Rodrigo Boufleur, designer e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte: “Os elementos simbólicos da comunidade são incorporados no desenho dos objetos e, a partir daí, os produtos naturalmente se expressam. Por outro lado, o design é vernacular quando se direciona à realidade de uma determinada comunidade. Ainda, um design que se apropria dos saberes da comunidade e os transforma em produtos de consumo universal, apesar de transpassadas para o contexto globalizado, a imagem destes produtos fica simbolicamente associada a sua origem.”
Com linguagem criativa, o estilo contribui para a construção cultural e estética da sociedade, sendo a expressão de um homem comum envolvido em seu meio, que vai de encontro a sociedade e alimenta a cultura popular.
O design vernacular se manifesta com maior força em locais onde os direitos dos povos originários ou tradicionais são respeitados
Unsplash/Shelby Murphy Figueroa/Creative Commons
Como o design vernacular é aplicado na sociedade?
Na prática, o estilo se faz presente em desenhos de muros de cidades, marcas e até cartazes de lojas e supermercados. Faixas de rua, decoração de botecos, projetos de sinalização e ambientação e demais elementos de comunicação visual compõem a estética.
“Por ser um design voltado para a região, a tendência é que se utilize materiais daquele local. Por exemplo, na região Norte do Brasil existe uma abundância de seringueiras. Logo, há uma tendência em aproveitar o látex como material na configuração de objetos. Nas pampas argentinas, devido à cultura típica relacionada à criação de gado, diversos objetos de couro têm sido desenvolvidos”, completa Rodrigo.
Entre os principais exemplos de objetos, construções e móveis no cenário nacional estão: o lavador de arroz, a caxirola, as cuscuzeiras improvisadas feitas com latas reaproveitadas, o chinelo de dedo de borracha, casas de taipa, móveis de madeira, o bordado meia-noite e as peças de artesanato.
O design vernacular é suscetível ao sumiço em regiões que não preservam nem promovem a história e os saberes de sua comunidade
Unsplash/S. Laiba Ali/Creative Commons
A evolução da produção gráfica inibiu o desenvolvimento deste estilo, que se distanciou dos grandes centros urbanos e foi incorporado em bairros afastados. No entanto, existem movimentos que tentam resgatar essa estética no cenário contemporâneo, como os letterings de cartazes de supermercado, que oferecem uma arte manual e fluida.
O objetivo dessas representações é, portanto, reforçar a identidade cultural por meio da prática manual, adaptando-a para o ambiente digital e mantendo-a presente na atualidade. Esse processo permite maior ligação do ambiente com o público.
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“Ele pode acontecer a qualquer tempo e em qualquer lugar, desde que se estabeleça a partir das raízes daquele local. Não há um design vernacular, mas muitos. Cada um em cada lugar e em cada tempo, como um resultado de um conjunto de aspectos culturais, políticos, ritualísticos, religiosos, recursos materiais e tecnológicos”, finaliza Graziela.