Diversão em casa: como fazer brinquedos para as crianças com objetos domésticos

Quem já viu algum carro feito de caixa de papelão ou um teatro estrelado por colheres de pau, vai entender que no mundo das crianças tudo é possível — e começa com o que já temos em casa. Para os pequeninos, o brincar é mais importante do que brinquedo.
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Segundo a pedagoga e neuropsicopedagoga Evelyn Locatelli, brincar é essencial para que a criança descubra o mundo, experimente novas possibilidades e desenvolva habilidades importantes como criatividade, autoestima, comunicação e convivência. Ao brincar, a criança aprende a resolver problemas, testar ideias e explorar seu potencial de forma saudável e confiante.
Objetos simples, como caixas, lençóis, colheres e panelas, podem se transformar em oportunidades incríveis de aprendizado e diversão. “Essas brincadeiras de faz de conta estimulam a imaginação, permitem que a criança crie suas próprias regras e histórias, e ainda promovem a autonomia. Ao perceber que pode inventar e transformar o que está ao seu redor, a criança aprende que a criatividade não depende de brinquedos caros, mas da liberdade de explorar e inventar”, ela afirma.
Construir cabanas com lençóis ou cobertores estimula a imaginação das crianças
Freepik/Creative Commons
A cientista e neuropsicopedagoga Silvia Kelly Bosi complementa que, ao transformar uma caixa em carro ou uma colher em varinha mágica, a criança ativa funções cerebrais como atenção, memória, raciocínio lógico e criatividade. Isso favorece a flexibilidade cognitiva — a capacidade de pensar em diferentes soluções para o mesmo problema — além de estimular habilidades fundamentais para o raciocínio lógico, matemático e científico. “Ou seja, ao dar novos significados a objetos simples, a criança não apenas se diverte, mas também exercita funções cerebrais, criando novas conexões de fato fundamentais em sua vida acadêmica e social”, ela explica.
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Além disso, brincadeiras criativas são grandes aliadas das crianças com dificuldades de aprendizagem, tornando o processo mais leve e motivador. Jogos de faz de conta, atividades com sequências e dramatizações ajudam a desenvolver linguagem, memória, atenção e lógica narrativa. Ao ativar múltiplos canais de aprendizagem — visual, motor e emocional — o brincar contribui para uma melhor fixação dos conteúdos, tornando a aprendizagem mais significativa.
Dentro de casa, a imaginação ganha espaço. Brincar com o que já temos é descobrir que a criatividade transforma qualquer objeto em diversão
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Que tal tornar este Dia das Crianças mais divertido e especial sem sair de casa ou gastar muito? Com um toque de imaginação, objetos que já temos em casa se transformam em verdadeiros portais mágicos para aventuras incríveis!
Brincadeiras divertidas para fazer com objetos de casa
Fortaleza de almofadas e lençóis
Quem nunca construiu um castelo com almofadas e cobertores? Basta juntar o sofá, algumas cadeiras e um lençol grande para criar uma cabana secreta, um esconderijo de super-heróis ou até uma nave espacial pronta para explorar galáxias distantes. Silvia explica que construir uma cabana com lençóis ativa múltiplas áreas do cérebro, exigindo planejamento, coordenação e noção de espaço. Além disso, esse refúgio criado pela criança transmite segurança afetiva e estimula a imaginação, fortalecendo tanto o desenvolvimento cognitivo quanto emocional.
Caixas que viram mundos
Caixas de papelão são tesouros da imaginação. Uma caixa grande pode virar um carro de corrida, um foguete, uma casinha ou até um teatro de fantoches. Com canetinhas, recortes e fita adesiva, a brincadeira ganha vida!
A caixa de papelão pode se “transformar” em uma televisão e virar o palco de um teatrinho caseiro
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Teatro na cozinha
Colheres de pau podem virar personagens de uma peça improvisada. Basta desenhar rostinhos, colocar roupinhas feitas de papel ou tecido e deixar a criatividade fluir. Um teatro de colheres pode contar histórias divertidas e até ensinar valores importantes.
Desenhos com o que há por perto
Tampinhas, folhas secas, rolos de papel higiênico, potes vazios — tudo pode virar arte! Montar colagens, pintar com os dedos ou criar esculturas com massinha caseira são formas de estimular a expressão e o senso estético das crianças.
Concentrado e criativo, o menino desenha deitado no chão, transformando o espaço ao seu redor em um universo de cores e imaginação visto de cima
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Boliche de garrafas PET
Separe algumas garrafas plásticas vazias e encha com um pouco de água ou areia para dar peso. Organize em forma de triângulo, como no boliche tradicional, e use uma bola leve (pode ser de meia ou borracha) para derrubar os “pinos”. Dá para pintar as garrafas, numerá-las ou até transformá-las em personagens!
Fantoches de meia
Aquela meia sem par pode virar um personagem divertido. Com retalhos de tecido, botões, lã ou papel, monte olhos, boca e cabelo. Depois, é só colocar na mão e inventar histórias. Essa brincadeira estimula a linguagem, a criatividade e pode virar até um teatrinho familiar.
Fantoches feitos de meias ou luvas são uma ótima alternativa para brincar com as crianças
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Pintura com esponjas ou cotonetes
Em vez de pincéis, use esponjas de cozinha cortadas em pedaços ou cotonetes para criar texturas diferentes nas pinturas. É uma forma divertida de explorar cores, formas e estimular a coordenação motora fina. Dá para fazer carimbos com batatas cortadas ou moldes com tampinhas também!
Corrida de colher com tampinha
Organize uma pequena corrida onde cada criança deve equilibrar uma tampinha (ou bolinha de papel) em uma colher e percorrer um trajeto sem deixar cair. Pode ser feito em duplas ou em equipe, e ainda incluir obstáculos como almofadas ou cadeiras. Trabalha equilíbrio, foco e muita risada!
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Instrumentos musicais improvisados
Transforme potes plásticos, latas, tampas e colheres em instrumentos musicais. Um pote com arroz vira um chocalho, uma panela com colher de pau vira tambor, e copos de vidro com água em diferentes níveis podem virar um xilofone. Além de estimular ritmo e coordenação, essa brincadeira desperta o interesse pela música e pela expressão corporal.
Missões e desafios pela casa
Crie uma caça ao tesouro com pistas escondidas em diferentes cômodos. Ou transforme o chão em lava e desafie os pequenos a atravessar a sala pulando de almofada em almofada. A casa vira cenário de ação e risadas!
Para as crianças, o que mais importa é tempo compartilhado com os pais, a escuta atenta e a disposição de entrar no mundo da fantasia
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Cinco níveis do brincar: como cada fase contribui para o desenvolvimento
De acordo com Evelyn, o brincar se organiza em cinco etapas e cada uma cumpre uma função essencial para o desenvolvimento integral da criança. “Brincar é expressão emocional, cognitiva e social. É experimentar, criar, sentir, aprender e se relacionar”, enfatiza. Conheça esses níveis:
Brincar Exploratório: a criança explora o mundo com os sentidos — toca, morde, chacoalha objetos — descobrindo texturas, sons e movimentos.
Brincar Funcional: surge o prazer pelo movimento. A criança repete ações como empilhar, correr e pular, desenvolvendo coordenação motora e consciência corporal.
Brincar Pré-Simbólico: o faz de conta começa. Objetos ganham funções e significados, e a criança simula situações do cotidiano com intenção e imaginação.
Brincar Simbólico: a imaginação floresce. A criança cria histórias, assume papéis e desenvolve empatia, linguagem e criatividade.
Brincar de Regras: com mais maturidade, aparecem os jogos com regras. A criança aprende sobre limites, cooperação, respeito e convivência.

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