No Brasil, algumas árvores carregam histórias, dialogando com aspectos culturais e memórias. Entre elas, o baobá africano (Adansonia digitata) se destaca como símbolo de resistência, ancestralidade e vitalidade. Com tronco imponente e formas únicas, a espécie se faz presente em algumas cidades brasileiras, especialmente em praças, jardins e parques.
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Árvore-da-vida e símbolo cultural
O baobá africano é nativo das savanas africanas e pode viver por milhares de anos, atingindo dimensões impressionantes.
O baobá se destaca por um fruto com inúmeras propriedades nutricionais, assim como pela sua simbologia
Cedida por André Bento/Reprodução
“O baobá é importante para as pessoas em todos os lugares onde cresce pelo seu tamanho imponente e pela sua forma curiosa. Nas savanas africanas, sustenta uma grande variedade de espécies, sendo uma verdadeira ‘árvore-da-vida’”, afirma John Rashford, professor emérito de antropologia no College of Charleston, nos Estados Unidos.
Em Fortaleza, um pé de baobá ocupa o Passeio Público, na Antiga Praça dos Mártires. O exemplar foi trazido e plantado em 1910, por Tomás Pompeu de Sousa Brasil, o Senador Pompeu
RaphaelHolanda19/Wikimedia Commons
Os troncos largos e folhas resistentes garantem não apenas a sobrevivência da espécie, mas também seu papel central nas comunidades. Além de oferecer frutos nutritivos, o baobá tem significado simbólico e espiritual em algumas culturas. Considerada uma árvore que jamais morre, também representa a memória ancestral e a transmissão de valores comunitários.
“Ele retoma a ancestralidade dos povos pretos, perpetuando cultura e valores por meio da figura dos anciãos e anciãs”, explica André Bento, professor de educação básica e criador do projeto Baobá Brasil.
Recife e a cidade dos baobás
Elementos como frevo, maracatu e praias urbanas definem o Recife, mas a cidade também é conhecida como a cidade dos baobás. Fernando Batista, antropólogo, conta que há mais de 20 anos a cidade ganhou esse título durante uma visita de John Rashford ao Brasil.
“Rashford me doou as primeiras sementes de baobá, cujas mudas foram plantadas em 2003 nos jardins da Oficina Cerâmica Francisco Brennand, onde dois exemplares ainda vicejam magníficos”, relata Fernando.
Na Praça da República, em Recife, o baobá é um marco. Na cidade cearense, a espécie é celebrada em uma data especial
Flickr/Marcio Cabral de Moura/Creative Commons
A disseminação dos baobás em Pernambuco envolveu a circulação de membros da elite econômica e intelectual nos anos 1990. Doações e viagens internacionais de pessoas, como o dentista Irineu Renato Barbosa e o professor José Pereira Leite, ajudaram a multiplicar a espécie na cidade, que hoje concentra os maiores baobás seculares do país.
Desde 1988, a Prefeitura do Recife considera 13 baobás como patrimônio ambiental. Além disso, foi instituído o Dia do Baobá, celebrado em 19 de junho, reforçando a importância simbólica e afetiva da árvore.
“O plantio é uma forma de perpetuar a história da cidade. O baobá hoje é tão representativo quanto o frevo e o maracatu, três patrimônios culturais com raízes africanas”, diz Fernando.
Os baobás de Brasília
Outros estados, como Goiás, Rio Grande do Norte, Ceará e Rio de Janeiro, também têm exemplares históricos. Em Brasília, baobás foram introduzidos em projetos paisagísticos e de valorização cultural.
Em Brasília, André Bento tem mapeado e realizado atividades relacionados ao baobá
Cedida por André Bento/Reprodução
Em 2019, André Bento propôs revitalizar um espaço pouco usado na Secretaria de Educação do Distrito Federal, onde trabalhava, com o plantio de espécies representativas da cultura africana e indígena, incluindo baobás. A iniciativa buscava se alinhar ao currículo das escolas públicas de Brasília, que inclui a valorização da diversidade e o ensino da história e cultura africana e indígena como eixo temático.
Registro de uma das palestras do professor André Bento em escolas de Brasília. Na sua mão, o fruto do baobá
Cedida por André Bento/Reprodução
O projeto Baobá Brasil hoje reúne um mapa colaborativo e um repositório onlines, com artigos científicos, fotografias e vídeos para possibilitar livre acesso de admiradores, professores e estudantes à espécie. Além disso, a iniciativa tem promovido oficinas e visitas educativas para escolas e universidades.
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A catalogação avança agora para a produção de um relatório que servirá de base para solicitar às autoridades do Distrito Federal o tombamento dos baobás. “A aprovação da medida seria importante para a proteção dos baobás, o seu reconhecimento em termos culturais e também para a sua inclusão em roteiros de educação patrimonial”, finaliza André.
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Árvore-da-vida e símbolo cultural
O baobá africano é nativo das savanas africanas e pode viver por milhares de anos, atingindo dimensões impressionantes.
O baobá se destaca por um fruto com inúmeras propriedades nutricionais, assim como pela sua simbologia
Cedida por André Bento/Reprodução
“O baobá é importante para as pessoas em todos os lugares onde cresce pelo seu tamanho imponente e pela sua forma curiosa. Nas savanas africanas, sustenta uma grande variedade de espécies, sendo uma verdadeira ‘árvore-da-vida’”, afirma John Rashford, professor emérito de antropologia no College of Charleston, nos Estados Unidos.
Em Fortaleza, um pé de baobá ocupa o Passeio Público, na Antiga Praça dos Mártires. O exemplar foi trazido e plantado em 1910, por Tomás Pompeu de Sousa Brasil, o Senador Pompeu
RaphaelHolanda19/Wikimedia Commons
Os troncos largos e folhas resistentes garantem não apenas a sobrevivência da espécie, mas também seu papel central nas comunidades. Além de oferecer frutos nutritivos, o baobá tem significado simbólico e espiritual em algumas culturas. Considerada uma árvore que jamais morre, também representa a memória ancestral e a transmissão de valores comunitários.
“Ele retoma a ancestralidade dos povos pretos, perpetuando cultura e valores por meio da figura dos anciãos e anciãs”, explica André Bento, professor de educação básica e criador do projeto Baobá Brasil.
Recife e a cidade dos baobás
Elementos como frevo, maracatu e praias urbanas definem o Recife, mas a cidade também é conhecida como a cidade dos baobás. Fernando Batista, antropólogo, conta que há mais de 20 anos a cidade ganhou esse título durante uma visita de John Rashford ao Brasil.
“Rashford me doou as primeiras sementes de baobá, cujas mudas foram plantadas em 2003 nos jardins da Oficina Cerâmica Francisco Brennand, onde dois exemplares ainda vicejam magníficos”, relata Fernando.
Na Praça da República, em Recife, o baobá é um marco. Na cidade cearense, a espécie é celebrada em uma data especial
Flickr/Marcio Cabral de Moura/Creative Commons
A disseminação dos baobás em Pernambuco envolveu a circulação de membros da elite econômica e intelectual nos anos 1990. Doações e viagens internacionais de pessoas, como o dentista Irineu Renato Barbosa e o professor José Pereira Leite, ajudaram a multiplicar a espécie na cidade, que hoje concentra os maiores baobás seculares do país.
Desde 1988, a Prefeitura do Recife considera 13 baobás como patrimônio ambiental. Além disso, foi instituído o Dia do Baobá, celebrado em 19 de junho, reforçando a importância simbólica e afetiva da árvore.
“O plantio é uma forma de perpetuar a história da cidade. O baobá hoje é tão representativo quanto o frevo e o maracatu, três patrimônios culturais com raízes africanas”, diz Fernando.
Os baobás de Brasília
Outros estados, como Goiás, Rio Grande do Norte, Ceará e Rio de Janeiro, também têm exemplares históricos. Em Brasília, baobás foram introduzidos em projetos paisagísticos e de valorização cultural.
Em Brasília, André Bento tem mapeado e realizado atividades relacionados ao baobá
Cedida por André Bento/Reprodução
Em 2019, André Bento propôs revitalizar um espaço pouco usado na Secretaria de Educação do Distrito Federal, onde trabalhava, com o plantio de espécies representativas da cultura africana e indígena, incluindo baobás. A iniciativa buscava se alinhar ao currículo das escolas públicas de Brasília, que inclui a valorização da diversidade e o ensino da história e cultura africana e indígena como eixo temático.
Registro de uma das palestras do professor André Bento em escolas de Brasília. Na sua mão, o fruto do baobá
Cedida por André Bento/Reprodução
O projeto Baobá Brasil hoje reúne um mapa colaborativo e um repositório onlines, com artigos científicos, fotografias e vídeos para possibilitar livre acesso de admiradores, professores e estudantes à espécie. Além disso, a iniciativa tem promovido oficinas e visitas educativas para escolas e universidades.
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A catalogação avança agora para a produção de um relatório que servirá de base para solicitar às autoridades do Distrito Federal o tombamento dos baobás. “A aprovação da medida seria importante para a proteção dos baobás, o seu reconhecimento em termos culturais e também para a sua inclusão em roteiros de educação patrimonial”, finaliza André.



