O fenômeno é mais comum do que se imagina e pode acontecer de diferentes formas por meio da adulteração, substituição ou falsificação dos produtos e suas embalagens A Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória dos Estados Unidos, estima que 1% de todos os alimentos produzidos no mundo sofram algum tipo de fraude. Nomeada como “food fraud” ou, em português, fraude em alimentos, esse tipo de atividade abrange qualquer tipo de ação intencional visando enganar os consumidores com produtos de origem vegetal ou animal. O principal objetivo dessas ações é obter vantagens financeiras.
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Anualmente, os prejuízos são estimados na casa dos US$ 40 bilhões, isto é, cerca de R$ 216 bilhões. Além dos impactos financeiros, a fraude alimentar gera também outros impactos sociais, políticos e na saúde dos consumidores.
“A fraude compromete não apenas a qualidade do alimento, mas pode também representar riscos à saúde, além de violar princípios éticos e abalar a confiança do consumidor nos sistemas de produção e fiscalização”, salienta Luis Gustavo Saboia Ponte, professor de pós-graduação nos cursos de Nutrição do Senac EAD.
Quais são os tipos de fraude alimentar?
A fraude alimentar pode ocorrer de diferentes formas e é geralmente classificada em categorias distintas, conforme o tipo da prática envolvida.
“Os mecanismos mais comuns são a substituição, adulteração ou falsificação de ingredientes, assim como informações errôneas sobre os produtos nos rótulos”, explica a professora Aline Silva Mello Cesar, professora do departamento de ciência e tecnologia de alimentos e presidente da Comissão de Pesquisa e Inovação da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).
A fraude alimentar pode se dar pela incorporação de substâncias que não sejam a matéria-prima do alimento ou até mesmo a modificação dos rótulos
Freepik/Creative Commons
A adulteração consiste na adição de substâncias não declaradas ou proibidas, como a adição de água ao leite ou de corantes a carnes para mascarar sua qualidade. Já a substituição se refere a troca de ingredientes que têm um preço mais elevado por outros de menor valor, como forma de aumentar o lucro de cada produto.
A diluição se refere ao acréscimo de substâncias, como água ou açúcar, para aumentar o volume ou peso de diferentes produtos. “Há também a rotulagem fraudulenta e falsificação, que ocorre quando informações falsas são declaradas no rótulo, como a origem geográfica, o tipo de ingrediente, o uso de marcas e selos de qualidade ou propriedades nutricionais e funcionais que o alimento não possui”, explica Luis.
Cenário internacional e brasileiro da fraude alimentar
A diversidade de produtos e a presença marcante de alimentos processados e ultraprocessados no cotidiano da população ampliam os riscos de adulterações e rotulagens enganosas. “Há uma carência de mecanismos tecnológicos amplamente difundidos para rastreamento eficaz de alimentos em tempo real”, destaca Luis.
Conforme apontado no Relatório Global 2024 da Food Authenticity Network (Rede de Autenticidade Alimentar do Reino Unido), os tipos de fraude mais comuns são as de origem botânica, seguidas das de origem animal. O uso de substâncias não alimentares em comidas são as ações que têm o potencial de causar mais danos à saúde.
O objetivo do estudo foi fornecer uma visão geral das principais tendências e dos riscos relacionados a fraudes e integridade dos alimentos. Os dados são de todo o mundo, coletados por FoodChain ID, HorizonScan e Safety HUD – ferramentas comerciais de coleta de incidentes de fraude alimentar.
Pelo fato da carne suína ser mais barata e ter uma maior oferta no mercado, a substituição de espécie de carne bovina por porco ou derivados, como gordura, colágeno e plasma, é muito comum
Pexels/Mark Stebnicki/Creative Commons
Já os resultados do estudo Database of Food Fraud Records: Summary of Data from 1980 to 2022, publicado no periódico científico Journal of Food Protection, em março de 2024, aponta uma distribuição assimétrica entre os países no registro de fraudes alimentares, variando conforme os produtos.
A pesquisa revelou que países como China, Índia, Itália, Espanha, Brasil e Estados Unidos lideram em incidentes de adulteração de produtos como leite, azeite, carne bovina, suco de laranja e especiarias.
Na China, o leite foi adulterado com melamina, causando grande impacto na saúde pública. A Itália e a Espanha enfrentaram fraudes no azeite de oliva, com a adição de óleos vegetais mais baratos. Índia teve problemas com especiarias adulteradas por corantes perigosos, como o sudão.
Os pesquisadores usaram como base um banco de dados com 15.575 registros de incidentes entre 1980 e 2022, feita por especialistas em certificação da cadeia produtiva. A investigação teve seus resultados compilados por pesquisadores das empresas americanas FoodChain ID, Henry Chin and Associates e Moore FoodTech e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) do Brasil.
Alimentos mais fraudados no mundo e no Brasil
Alguns alimentos são mais recorrentemente alvos de fraudes alimentares do que outros. Segundo a pesquisa divulgada no Journal of Food Protection, leite, azeite de oliva, mel, carne bovina e especiarias foram os alimentos mais fraudados no período de 1980 a 2022.
No Brasil, as principais fraudes alimentares ocorrem em alimentos perecíveis, de custo mais alto, sobretudo, com marcas especiais e importados. “Há um desconhecimento ou desinformação do consumidor quanto aos produtos que compra, assim como de seus direitos”, pontua Aline.
O mel é um dos alimentos que tem mais casos de fraude alimentar no contexto internacional
Freepik/Creative Commons
O padrão dos alimentos fraudados no país é semelhante. Em levantamento feito pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a pedido da Globo Rural, os principais alimentos alvos de fraude no Brasil são azeite de oliva, o café torrado e moído, farinha de mandioca, feijão, água de coco, vinho e suco concentrado.
O azeite é o topo do ranking de fraudes no Brasil e também no mundo. A fraude mais comum nesse caso se dá pela substituição por outros óleos, corantes e aditivos.
Em 2024, 98.425 litros tiveram a fraude constatada e foram apreendidos pelo Governo Federal. Desde o início do ano passado, 38 marcas de azeite tiveram lotes proibidos ou foram totalmente banidas para consumo pelo governo federal. A lista foi atualizada nesta semana, com o veto das marcas Almazara, Escarpas das Oliveiras, Alonso e Quintas D’Oliveira feito pela Anvisa após denúncias do Mapa.
No caso do café, a adulteração mais comum se dá pelo excesso de matérias estranhas e impurezas. A farinha de mandioca tem a sua fraude feita por um mecanismo semelhante, com a adição de farelo não proveniente da mandioca. Já o feijão, o mais comum é que a embalagem tenha o produto desclassificado por excesso de grãos mofados e ardidos.
No caso da fraude do café, o mais comum é a incorporação de muitas impurezas e resíduos
Freepik/Creative Commons
No que se refere às bebidas, a água de coco registra casos de fraude, principalmente, pela substituição de água proveniente da fruta por outra matéria-prima. Já os sucos, ocorre a substituição da matéria-prima proveniente da fruta por outro ingrediente. O mecanismo de fraude nos vinhos é similar, nesse caso, a uva é substituída por outro elemento na maior parte das vezes.
O leite, apesar de não estar nessa lista dos principais alimentos, também já foi alvo de adulterações com água e outras substâncias como soda cáustica e formol.
Como identificar uma fraude alimentar
Embora muitas fraudes sejam invisíveis ao olhar do consumidor, existem alguns cuidados práticos que podem ajudar a identificar possíveis irregularidades. “Um dos principais sinais de alerta é o preço. Produtos que normalmente têm alto custo, como azeite de oliva, mel ou alguns peixes como o salmão, não costumam ser vendidos por valores muito abaixo da média do mercado”, orienta o professor do Senac EAD.
A leitura dos rótulos dos alimentos também é essencial. “Desconfie de produtos com informações vagas, erros gramaticais, ausência de dados obrigatórios como CNPJ ou origem do alimento”, afirma Luis. O aspecto físico — textura, odor e aparência — e as informações da embalagem quanto a selos de qualidade e inspeção sanitária do produto também devem ser consideradas.
A leitura dos rótulos é essencial para o consumidor identificar possíveis fraudes alimentar
Freepik/Creative Commons
Outro mecanismo é se informar a partir de notícias e materiais de divulgação sobre as fraudes alimentares. “A Anvisa, por exemplo, faz publicações periódicas, a partir das suas atividades de fiscalização, com a lista de marcas e alimentos fraudados”, afirma a professora da Esalq.
A compra em estabelecimentos seguros e confiáveis, com registro em órgãos competentes, também é recomendada. “Em caso de suspeita, o consumidor pode acionar o Procon ou a Vigilância Sanitária local para notificação e investigação do produto”, destaca Luis.
Medidas de combate e fiscalização da fraude alimentar
A prevenção da fraude alimentar requer políticas públicas integradas que combinem fiscalização, inovação tecnológica e educação.
Existem órgãos nacionais e internacionais que atuam na fiscalização dos alimentos e identificam possíveis fraudes. Os principais órgãos fiscalizadores de fraude alimentar no Brasil são a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Mapa.
“A Anvisa é responsável por controlar e fiscalizar alimentos, bebidas, águas envasadas, aditivos alimentares, produtos de engenharia genética e o segundo pela inspeção de alimentos de origem animal, bebidas e vegetais in natura”, explica Aline.
Ao nível local, as vigilâncias sanitárias desempenham papel na fiscalização e órgãos como Procons, Ministério Público e polícia civil têm atuado em conjunto na investigação de denúncias e na realização de operações.
A fiscalização de órgãos públicos e de cada país exercem um papel importante no controle e monitoramento da qualidade dos alimentos
Freepik/Creative Commons
O monitoramento de fraudes de alimentos tem se modernizado cada vez mais. A União Europeia tem atuado de forma coordenada através do sistema RASFF (Rapid Alert System for Food and Feed), que permite o monitoramento rápido de riscos. Tecnologias de rastreabilidade, inteligência artificial e bancos de dados genômicos para autenticar ingredientes e produtos têm sido implementadas em países como Canadá, Estados Unidos e Austrália.
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Para que essa fiscalização, portanto, ocorra de modo eficiente e suficiente em países em dimensões como o Brasil, é necessário também investimento. “Investimentos em infraestrutura laboratorial e na capacitação técnica dos profissionais que atuam na inspeção e análise de alimentos também são fundamentais”, indica Luis.
Para além da fiscalização, o conhecimento sobre o tema e os alimentos, inclusive de leitura de seus rótulos, é fundamental. “A educação alimentar e nutricional da população facilitaria o reconhecimento de produtos suspeitos e o fortalecimento da vigilância por parte do consumidor”, finaliza o professor do Senac EAD.
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Anualmente, os prejuízos são estimados na casa dos US$ 40 bilhões, isto é, cerca de R$ 216 bilhões. Além dos impactos financeiros, a fraude alimentar gera também outros impactos sociais, políticos e na saúde dos consumidores.
“A fraude compromete não apenas a qualidade do alimento, mas pode também representar riscos à saúde, além de violar princípios éticos e abalar a confiança do consumidor nos sistemas de produção e fiscalização”, salienta Luis Gustavo Saboia Ponte, professor de pós-graduação nos cursos de Nutrição do Senac EAD.
Quais são os tipos de fraude alimentar?
A fraude alimentar pode ocorrer de diferentes formas e é geralmente classificada em categorias distintas, conforme o tipo da prática envolvida.
“Os mecanismos mais comuns são a substituição, adulteração ou falsificação de ingredientes, assim como informações errôneas sobre os produtos nos rótulos”, explica a professora Aline Silva Mello Cesar, professora do departamento de ciência e tecnologia de alimentos e presidente da Comissão de Pesquisa e Inovação da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).
A fraude alimentar pode se dar pela incorporação de substâncias que não sejam a matéria-prima do alimento ou até mesmo a modificação dos rótulos
Freepik/Creative Commons
A adulteração consiste na adição de substâncias não declaradas ou proibidas, como a adição de água ao leite ou de corantes a carnes para mascarar sua qualidade. Já a substituição se refere a troca de ingredientes que têm um preço mais elevado por outros de menor valor, como forma de aumentar o lucro de cada produto.
A diluição se refere ao acréscimo de substâncias, como água ou açúcar, para aumentar o volume ou peso de diferentes produtos. “Há também a rotulagem fraudulenta e falsificação, que ocorre quando informações falsas são declaradas no rótulo, como a origem geográfica, o tipo de ingrediente, o uso de marcas e selos de qualidade ou propriedades nutricionais e funcionais que o alimento não possui”, explica Luis.
Cenário internacional e brasileiro da fraude alimentar
A diversidade de produtos e a presença marcante de alimentos processados e ultraprocessados no cotidiano da população ampliam os riscos de adulterações e rotulagens enganosas. “Há uma carência de mecanismos tecnológicos amplamente difundidos para rastreamento eficaz de alimentos em tempo real”, destaca Luis.
Conforme apontado no Relatório Global 2024 da Food Authenticity Network (Rede de Autenticidade Alimentar do Reino Unido), os tipos de fraude mais comuns são as de origem botânica, seguidas das de origem animal. O uso de substâncias não alimentares em comidas são as ações que têm o potencial de causar mais danos à saúde.
O objetivo do estudo foi fornecer uma visão geral das principais tendências e dos riscos relacionados a fraudes e integridade dos alimentos. Os dados são de todo o mundo, coletados por FoodChain ID, HorizonScan e Safety HUD – ferramentas comerciais de coleta de incidentes de fraude alimentar.
Pelo fato da carne suína ser mais barata e ter uma maior oferta no mercado, a substituição de espécie de carne bovina por porco ou derivados, como gordura, colágeno e plasma, é muito comum
Pexels/Mark Stebnicki/Creative Commons
Já os resultados do estudo Database of Food Fraud Records: Summary of Data from 1980 to 2022, publicado no periódico científico Journal of Food Protection, em março de 2024, aponta uma distribuição assimétrica entre os países no registro de fraudes alimentares, variando conforme os produtos.
A pesquisa revelou que países como China, Índia, Itália, Espanha, Brasil e Estados Unidos lideram em incidentes de adulteração de produtos como leite, azeite, carne bovina, suco de laranja e especiarias.
Na China, o leite foi adulterado com melamina, causando grande impacto na saúde pública. A Itália e a Espanha enfrentaram fraudes no azeite de oliva, com a adição de óleos vegetais mais baratos. Índia teve problemas com especiarias adulteradas por corantes perigosos, como o sudão.
Os pesquisadores usaram como base um banco de dados com 15.575 registros de incidentes entre 1980 e 2022, feita por especialistas em certificação da cadeia produtiva. A investigação teve seus resultados compilados por pesquisadores das empresas americanas FoodChain ID, Henry Chin and Associates e Moore FoodTech e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) do Brasil.
Alimentos mais fraudados no mundo e no Brasil
Alguns alimentos são mais recorrentemente alvos de fraudes alimentares do que outros. Segundo a pesquisa divulgada no Journal of Food Protection, leite, azeite de oliva, mel, carne bovina e especiarias foram os alimentos mais fraudados no período de 1980 a 2022.
No Brasil, as principais fraudes alimentares ocorrem em alimentos perecíveis, de custo mais alto, sobretudo, com marcas especiais e importados. “Há um desconhecimento ou desinformação do consumidor quanto aos produtos que compra, assim como de seus direitos”, pontua Aline.
O mel é um dos alimentos que tem mais casos de fraude alimentar no contexto internacional
Freepik/Creative Commons
O padrão dos alimentos fraudados no país é semelhante. Em levantamento feito pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a pedido da Globo Rural, os principais alimentos alvos de fraude no Brasil são azeite de oliva, o café torrado e moído, farinha de mandioca, feijão, água de coco, vinho e suco concentrado.
O azeite é o topo do ranking de fraudes no Brasil e também no mundo. A fraude mais comum nesse caso se dá pela substituição por outros óleos, corantes e aditivos.
Em 2024, 98.425 litros tiveram a fraude constatada e foram apreendidos pelo Governo Federal. Desde o início do ano passado, 38 marcas de azeite tiveram lotes proibidos ou foram totalmente banidas para consumo pelo governo federal. A lista foi atualizada nesta semana, com o veto das marcas Almazara, Escarpas das Oliveiras, Alonso e Quintas D’Oliveira feito pela Anvisa após denúncias do Mapa.
No caso do café, a adulteração mais comum se dá pelo excesso de matérias estranhas e impurezas. A farinha de mandioca tem a sua fraude feita por um mecanismo semelhante, com a adição de farelo não proveniente da mandioca. Já o feijão, o mais comum é que a embalagem tenha o produto desclassificado por excesso de grãos mofados e ardidos.
No caso da fraude do café, o mais comum é a incorporação de muitas impurezas e resíduos
Freepik/Creative Commons
No que se refere às bebidas, a água de coco registra casos de fraude, principalmente, pela substituição de água proveniente da fruta por outra matéria-prima. Já os sucos, ocorre a substituição da matéria-prima proveniente da fruta por outro ingrediente. O mecanismo de fraude nos vinhos é similar, nesse caso, a uva é substituída por outro elemento na maior parte das vezes.
O leite, apesar de não estar nessa lista dos principais alimentos, também já foi alvo de adulterações com água e outras substâncias como soda cáustica e formol.
Como identificar uma fraude alimentar
Embora muitas fraudes sejam invisíveis ao olhar do consumidor, existem alguns cuidados práticos que podem ajudar a identificar possíveis irregularidades. “Um dos principais sinais de alerta é o preço. Produtos que normalmente têm alto custo, como azeite de oliva, mel ou alguns peixes como o salmão, não costumam ser vendidos por valores muito abaixo da média do mercado”, orienta o professor do Senac EAD.
A leitura dos rótulos dos alimentos também é essencial. “Desconfie de produtos com informações vagas, erros gramaticais, ausência de dados obrigatórios como CNPJ ou origem do alimento”, afirma Luis. O aspecto físico — textura, odor e aparência — e as informações da embalagem quanto a selos de qualidade e inspeção sanitária do produto também devem ser consideradas.
A leitura dos rótulos é essencial para o consumidor identificar possíveis fraudes alimentar
Freepik/Creative Commons
Outro mecanismo é se informar a partir de notícias e materiais de divulgação sobre as fraudes alimentares. “A Anvisa, por exemplo, faz publicações periódicas, a partir das suas atividades de fiscalização, com a lista de marcas e alimentos fraudados”, afirma a professora da Esalq.
A compra em estabelecimentos seguros e confiáveis, com registro em órgãos competentes, também é recomendada. “Em caso de suspeita, o consumidor pode acionar o Procon ou a Vigilância Sanitária local para notificação e investigação do produto”, destaca Luis.
Medidas de combate e fiscalização da fraude alimentar
A prevenção da fraude alimentar requer políticas públicas integradas que combinem fiscalização, inovação tecnológica e educação.
Existem órgãos nacionais e internacionais que atuam na fiscalização dos alimentos e identificam possíveis fraudes. Os principais órgãos fiscalizadores de fraude alimentar no Brasil são a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Mapa.
“A Anvisa é responsável por controlar e fiscalizar alimentos, bebidas, águas envasadas, aditivos alimentares, produtos de engenharia genética e o segundo pela inspeção de alimentos de origem animal, bebidas e vegetais in natura”, explica Aline.
Ao nível local, as vigilâncias sanitárias desempenham papel na fiscalização e órgãos como Procons, Ministério Público e polícia civil têm atuado em conjunto na investigação de denúncias e na realização de operações.
A fiscalização de órgãos públicos e de cada país exercem um papel importante no controle e monitoramento da qualidade dos alimentos
Freepik/Creative Commons
O monitoramento de fraudes de alimentos tem se modernizado cada vez mais. A União Europeia tem atuado de forma coordenada através do sistema RASFF (Rapid Alert System for Food and Feed), que permite o monitoramento rápido de riscos. Tecnologias de rastreabilidade, inteligência artificial e bancos de dados genômicos para autenticar ingredientes e produtos têm sido implementadas em países como Canadá, Estados Unidos e Austrália.
Leia mais
Para que essa fiscalização, portanto, ocorra de modo eficiente e suficiente em países em dimensões como o Brasil, é necessário também investimento. “Investimentos em infraestrutura laboratorial e na capacitação técnica dos profissionais que atuam na inspeção e análise de alimentos também são fundamentais”, indica Luis.
Para além da fiscalização, o conhecimento sobre o tema e os alimentos, inclusive de leitura de seus rótulos, é fundamental. “A educação alimentar e nutricional da população facilitaria o reconhecimento de produtos suspeitos e o fortalecimento da vigilância por parte do consumidor”, finaliza o professor do Senac EAD.