Na série “Better City”, acompanha-se Doris, uma imigrante que trabalha como entregadora em uma cidade que promete melhores oportunidades, mas é marcada por profundas desigualdades urbanas e sociais Doris, uma jovem coelha, está enfrentando as dificuldades de começar uma nova fase de sua vida como imigrante em Better City. Ao mesmo tempo que encontra novas amizades, tem seu caminho dificultado pelas rígidas desigualdades sociais que se materializam na cidade, trabalhando como entregadora de aplicativo de delivery.
Esse é o mote da série de animação Better City, das criadoras Bruna Capozzoli e Sara Tenti, projeto vencedor do Stories x Women 2025, iniciativa destinada a mulheres da indústria audiovisual, apoiada pela Disney e Unesco.
O projeto chamou atenção pelo urbanismo, com a cidade sendo mais do que um cenário, praticamente uma protagonista – inclusive dando o nome à animação. Better City significa cidade melhor, fazendo referência às metrópoles de países ricos para onde imigrantes vão em busca de uma vida boa, com mais oportunidades de educação e renda.
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No caso de Better City, a cidade ficcional é fortemente inspirada em Londres, onde Bruna e Sara vivem. A personagem Doris vem de Tropicália, país inspirado no Brasil, que é a origem de Bruna, especialista em criação e estratégia de conteúdo digital. Já Sara é italiana e trabalha com escrita e estratégia criativa.
Outro fato ficcional baseado na realidade é o trabalho que Doris exerce em Better City. Em Londres, muitos brasileiros trabalham como entregadores de aplicativos, com estimativas de que até 60% da força de trabalho de entregadores seja brasileira – a confirmação deste dado não é possível, pois muitos desses imigrantes não têm documentação legal e usam perfis emprestados ou alugados nos aplicativos.
Como imigrantes, tanto Bruna, quanto Sara trabalharam como garçonetes e atendentes. “São trabalhos que fazem a cidade funcionar, mas socialmente as pessoas são quase invisíveis”, diz Sara.
Para Better City, elas pesquisaram a fundo a vida dos entregadores de aplicativo vivendo em Londres, conversando com amigos e experimentando dias de suas rotinas. “O entregador passa por várias fronteiras urbanas. É um trabalho recente, que transformou a maneira como nos relacionamos com a cidade”, diz Bruna.
A personagem principal Doris é uma charmosa coelha, que precisa esconder sua vibrante personalidade com trança e mochila para trabalhar como entregadora de aplicativo. Personagem por Isabela Barbosa
Divulgação
Na série, é possível acompanhar a personagem Doris fazendo entregas em sua bicicleta e ver tudo que ela experimenta na cidade. “É o ponto de vista dela. O jeito que a pessoa da limpeza vê um prédio é diferente da visão do CEO de uma empresa sediada ali. A relação com o espaço é diferente”, explica Sara.
A cidade se impõe como um ser vivo, colocando obstáculos a Doris e seus colegas entregadores: chove, faz sol, há revistas da polícia, buracos e cacos de vidro furam pneus, novas legislações dificultam o trabalho. “O entregador vive a cidade mais do que qualquer outra profissão”, acredita Sara.
Câmeras, fiação e vias interditadas são alguns dos obstáculos urbanos que os entregadores enfrentam na série
Divulgação
Em Better City, coexistem em paralelo duas cidades bem diferentes: de um lado do rio, o caos de casas compartilhadas entre vários imigrantes, das cozinhas de restaurantes, dos protestos nas ruas e das festas underground; no outro, a opulência intocável dos palácios, escritórios e parques. “No bairro dos imigrantes, há menos acesso a recursos, porém mais diversidade cultural e cooperação entre as pessoas”, pondera Bruna.
O bairro dos imigrantes traz construções deterioradas, mas é cenário para vidas mais vibrantes
Divulgação
A animação com personagens antropomórficos permite um toque de leveza a estas questões complexas. Better City é uma grande metrópole habitada por milhões de personagens com característica e emoções humanas, mas na forma de simpáticos coelhos, lhamas, linces e lagartas.
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Na pesquisa para os cenários, as criadoras reuniram muitas fotos de arquitetura, tanto de Londres, quanto de cidades do interior do Brasil, para contar a história prévia de Doris. Serão dez episódios de 20 a 25 minutos cada, desenvolvidos em parceria com o estúdio de animação brasileiro Copa Studio, com personagens desenhadas por Isabela Barbosa e cenários por Beatriz Luna, ambas artistas brasileiras.
“Essa é uma oportunidade de contar histórias que não estão sendo contadas, porque estão localizadas na cozinha, no elevador de serviço, no galpão de entrega, em regiões onde normalmente não existe interesse de focar narrativas, especialmente na animação”, conclui Bruna.
Esse é o mote da série de animação Better City, das criadoras Bruna Capozzoli e Sara Tenti, projeto vencedor do Stories x Women 2025, iniciativa destinada a mulheres da indústria audiovisual, apoiada pela Disney e Unesco.
O projeto chamou atenção pelo urbanismo, com a cidade sendo mais do que um cenário, praticamente uma protagonista – inclusive dando o nome à animação. Better City significa cidade melhor, fazendo referência às metrópoles de países ricos para onde imigrantes vão em busca de uma vida boa, com mais oportunidades de educação e renda.
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No caso de Better City, a cidade ficcional é fortemente inspirada em Londres, onde Bruna e Sara vivem. A personagem Doris vem de Tropicália, país inspirado no Brasil, que é a origem de Bruna, especialista em criação e estratégia de conteúdo digital. Já Sara é italiana e trabalha com escrita e estratégia criativa.
Outro fato ficcional baseado na realidade é o trabalho que Doris exerce em Better City. Em Londres, muitos brasileiros trabalham como entregadores de aplicativos, com estimativas de que até 60% da força de trabalho de entregadores seja brasileira – a confirmação deste dado não é possível, pois muitos desses imigrantes não têm documentação legal e usam perfis emprestados ou alugados nos aplicativos.
Como imigrantes, tanto Bruna, quanto Sara trabalharam como garçonetes e atendentes. “São trabalhos que fazem a cidade funcionar, mas socialmente as pessoas são quase invisíveis”, diz Sara.
Para Better City, elas pesquisaram a fundo a vida dos entregadores de aplicativo vivendo em Londres, conversando com amigos e experimentando dias de suas rotinas. “O entregador passa por várias fronteiras urbanas. É um trabalho recente, que transformou a maneira como nos relacionamos com a cidade”, diz Bruna.
A personagem principal Doris é uma charmosa coelha, que precisa esconder sua vibrante personalidade com trança e mochila para trabalhar como entregadora de aplicativo. Personagem por Isabela Barbosa
Divulgação
Na série, é possível acompanhar a personagem Doris fazendo entregas em sua bicicleta e ver tudo que ela experimenta na cidade. “É o ponto de vista dela. O jeito que a pessoa da limpeza vê um prédio é diferente da visão do CEO de uma empresa sediada ali. A relação com o espaço é diferente”, explica Sara.
A cidade se impõe como um ser vivo, colocando obstáculos a Doris e seus colegas entregadores: chove, faz sol, há revistas da polícia, buracos e cacos de vidro furam pneus, novas legislações dificultam o trabalho. “O entregador vive a cidade mais do que qualquer outra profissão”, acredita Sara.
Câmeras, fiação e vias interditadas são alguns dos obstáculos urbanos que os entregadores enfrentam na série
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Em Better City, coexistem em paralelo duas cidades bem diferentes: de um lado do rio, o caos de casas compartilhadas entre vários imigrantes, das cozinhas de restaurantes, dos protestos nas ruas e das festas underground; no outro, a opulência intocável dos palácios, escritórios e parques. “No bairro dos imigrantes, há menos acesso a recursos, porém mais diversidade cultural e cooperação entre as pessoas”, pondera Bruna.
O bairro dos imigrantes traz construções deterioradas, mas é cenário para vidas mais vibrantes
Divulgação
A animação com personagens antropomórficos permite um toque de leveza a estas questões complexas. Better City é uma grande metrópole habitada por milhões de personagens com característica e emoções humanas, mas na forma de simpáticos coelhos, lhamas, linces e lagartas.
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Na pesquisa para os cenários, as criadoras reuniram muitas fotos de arquitetura, tanto de Londres, quanto de cidades do interior do Brasil, para contar a história prévia de Doris. Serão dez episódios de 20 a 25 minutos cada, desenvolvidos em parceria com o estúdio de animação brasileiro Copa Studio, com personagens desenhadas por Isabela Barbosa e cenários por Beatriz Luna, ambas artistas brasileiras.
“Essa é uma oportunidade de contar histórias que não estão sendo contadas, porque estão localizadas na cozinha, no elevador de serviço, no galpão de entrega, em regiões onde normalmente não existe interesse de focar narrativas, especialmente na animação”, conclui Bruna.