Isay Weinfeld estreia oficialmente na moda ao assinar a nova coleção da Misci, apresentada no Cine Marabá, em São Paulo, nesta quarta-feira (26). Reconhecido por uma arquitetura que opera com rigor geométrico, silêncio e luminosidade — qualidades visíveis em projetos como o Edifício 360°, o Hotel Fasano e a Casa Cubo — o arquiteto conduz o projeto como uma extensão natural de sua prática, transpondo para o vestuário os princípios que há décadas definem sua obra.
A parceria com a grife nasce de encontros prolongados entre Weinfeld e Airon Martin, diretor criativo da marca. O início, segundo Airon, foi absolutamente inesperado. “O nosso primeiro encontro foi completamente informal, e eu jamais imaginava que dali nasceria uma coleção”, relembra ele em entrevista à Casa Vogue. “Isay é uma das mentes que eu mais admiro neste país, e desde o início percebemos que dividimos valores e uma visão de Brasil muito parecida.”
Weinfeld confirma a força dessa conexão criativa. “Colaborar com o Airon na criação desta coleção foi muito especial. Moda e arquitetura têm escalas e tempos muito diferentes, mas os processos de criação são bastante parecidos. Tivemos longos encontros e conversas muito fluidas, prazerosas. Ao final, é só o que importa…”, afirma.
Vestido Escada Amarela, da coleção Misci x Isay Weinfeld
Rogger Cordeiro | Assistente de fotografia: Bruno Leithardt
Essa troca contínua orientou um desenvolvimento que deliberadamente ultrapassa os limites de uma coleção convencional. As peças exploram estrutura, escala e atmosfera: tecidos desfiados recriam a lógica de desmontagem arquitetônica, enquanto camadas de organza transparente sobre volumetrias sólidas evocam tensões entre visibilidade e proteção — temas recorrentes no pensamento do arquiteto. Um sobretudo em algodão brasileiro desenvolvido pela Innovativ sintetiza a ética material de Weinfeld, marcada por precisão e impacto mínimo.
Para Airon, o que guiou o projeto foi justamente a multidisciplinaridade que ambos valorizam. “A nossa conversa sempre foi sobre multidisciplinaridade: sobre como ele, como pensador e arquiteto, poderia materializar outras coisas para além da arquitetura tradicional. Assim como codirigiu Fogo e Paixão com Fernanda Montenegro, ele carrega essa potência de atravessar linguagens. E é nisso que eu acredito como diretor criativo.”
O Cine Marabá, escolhido como cenário, amplia esse caráter híbrido. O desfile-filme transforma o espaço histórico em uma plataforma narrativa onde moda, cinema e arquitetura se entrelaçam. O corpo atua como câmera; a passarela, como cidade; e cada peça, como estudo espacial. A apresentação distancia-se do formato tradicional e se alinha a uma reflexão sobre como o pensamento arquitetônico pode ganhar escala íntima sem perder densidade.
Saia Fuxico, da coleção Misci x Isay Weinfeld
Rogger Cordeiro | Assistente de fotografia: Bruno Leithardt
Airon reforça que a coleção exigiu uma abordagem mais complexa, coerente com o momento cultural e com a própria pesquisa da Misci. “Essa coleção nasce exatamente desse lugar, de pensamentos que não caberiam em um simples desfile de moda. Há profundidade, há troca, há mundo. Por isso, é uma apresentação mais complexa, que na minha opinião representa o espírito do nosso tempo e o Brasil como um escape e desejo global.”
Airon Martin e Isay Weinfeld
Rogger Cordeiro | Assistente de fotografia: Bruno Leithardt
A colaboração também influenciou diretamente sua trajetória criativa. “A troca com Isay me deu principalmente a segurança de que a minha visão sobre as coisas está no caminho certo. Ele é um exemplo e referência pra mim”, completa.
Com a coleção, Weinfeld inaugura uma nova etapa de sua produção e demonstra que sua linguagem, marcada por precisão, silêncio e intenção, pode habitar outras escalas com a mesma força. Para a Misci, representa um avanço simbólico e metodológico. Para a arquitetura brasileira, um raro exercício de expansão disciplinar em que edifício, corpo e narrativa se encontram no mesmo plano.
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A parceria com a grife nasce de encontros prolongados entre Weinfeld e Airon Martin, diretor criativo da marca. O início, segundo Airon, foi absolutamente inesperado. “O nosso primeiro encontro foi completamente informal, e eu jamais imaginava que dali nasceria uma coleção”, relembra ele em entrevista à Casa Vogue. “Isay é uma das mentes que eu mais admiro neste país, e desde o início percebemos que dividimos valores e uma visão de Brasil muito parecida.”
Weinfeld confirma a força dessa conexão criativa. “Colaborar com o Airon na criação desta coleção foi muito especial. Moda e arquitetura têm escalas e tempos muito diferentes, mas os processos de criação são bastante parecidos. Tivemos longos encontros e conversas muito fluidas, prazerosas. Ao final, é só o que importa…”, afirma.
Vestido Escada Amarela, da coleção Misci x Isay Weinfeld
Rogger Cordeiro | Assistente de fotografia: Bruno Leithardt
Essa troca contínua orientou um desenvolvimento que deliberadamente ultrapassa os limites de uma coleção convencional. As peças exploram estrutura, escala e atmosfera: tecidos desfiados recriam a lógica de desmontagem arquitetônica, enquanto camadas de organza transparente sobre volumetrias sólidas evocam tensões entre visibilidade e proteção — temas recorrentes no pensamento do arquiteto. Um sobretudo em algodão brasileiro desenvolvido pela Innovativ sintetiza a ética material de Weinfeld, marcada por precisão e impacto mínimo.
Para Airon, o que guiou o projeto foi justamente a multidisciplinaridade que ambos valorizam. “A nossa conversa sempre foi sobre multidisciplinaridade: sobre como ele, como pensador e arquiteto, poderia materializar outras coisas para além da arquitetura tradicional. Assim como codirigiu Fogo e Paixão com Fernanda Montenegro, ele carrega essa potência de atravessar linguagens. E é nisso que eu acredito como diretor criativo.”
O Cine Marabá, escolhido como cenário, amplia esse caráter híbrido. O desfile-filme transforma o espaço histórico em uma plataforma narrativa onde moda, cinema e arquitetura se entrelaçam. O corpo atua como câmera; a passarela, como cidade; e cada peça, como estudo espacial. A apresentação distancia-se do formato tradicional e se alinha a uma reflexão sobre como o pensamento arquitetônico pode ganhar escala íntima sem perder densidade.
Saia Fuxico, da coleção Misci x Isay Weinfeld
Rogger Cordeiro | Assistente de fotografia: Bruno Leithardt
Airon reforça que a coleção exigiu uma abordagem mais complexa, coerente com o momento cultural e com a própria pesquisa da Misci. “Essa coleção nasce exatamente desse lugar, de pensamentos que não caberiam em um simples desfile de moda. Há profundidade, há troca, há mundo. Por isso, é uma apresentação mais complexa, que na minha opinião representa o espírito do nosso tempo e o Brasil como um escape e desejo global.”
Airon Martin e Isay Weinfeld
Rogger Cordeiro | Assistente de fotografia: Bruno Leithardt
A colaboração também influenciou diretamente sua trajetória criativa. “A troca com Isay me deu principalmente a segurança de que a minha visão sobre as coisas está no caminho certo. Ele é um exemplo e referência pra mim”, completa.
Com a coleção, Weinfeld inaugura uma nova etapa de sua produção e demonstra que sua linguagem, marcada por precisão, silêncio e intenção, pode habitar outras escalas com a mesma força. Para a Misci, representa um avanço simbólico e metodológico. Para a arquitetura brasileira, um raro exercício de expansão disciplinar em que edifício, corpo e narrativa se encontram no mesmo plano.
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