Você pode pensar que o designer francês Philippe Starck levou bastante tempo para conceber o Juicy Salif, espremedor de frutas cítricas que se tornou ícone do design dos anos 1990. Só que não. Foi em um momento quase por acaso, em 1989, que o criador teve a ideia em uma pizzaria na ilha de Capraia, na Itália.
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No local, enquanto comia lulas com limão, ele começou a desenhar em um guardanapo o conceito da peça. E foi esse guardanapo, com gotas de limão e algumas manchas de tomate, que ele entregou a Alberto Alessi, proprietário da empresa Alessi, referência em design de utensílios domésticos, para propor a fabricação do produto.
Causou uma certa estranheza em Alberto. No papel havia esboços de lulas à esquerda e, à medida que se ia para a direita, esses tomavam a forma inconfundível do que seria o Juicy Salif. Apesar de ser um utensílio de cozinha, o produto é mais reconhecido por seu caráter escultórico, como um ícone pós-moderno do design industrial.
Best-seller da Alessi, a versão do espremedor de alumínio fundido possui três pernas longas e finas que sustentam o corpo cônico
Stefen Kirchner/Divulgação
Nas décadas de 1980 e 1990, o pós-modernismo subverteu a ideia de que todo objeto tem de ter função, ou que a forma segue a função, com objetos e móveis instigantes.´É nessa seara que está o espremedor de Starck.
A versão mais comum é feita de alumínio fundido, possui três pernas longas e finas que sustentam o corpo cônico, no qual se coloca a fruta cortada para extrair o suco, que escorre diretamente para um copo colocado abaixo.
Arte pura, a versão limitada de 1996, banhada a ouro, vinha com aviso de não espremer frutas no produto, para não afetar o acabamento
Stefan Kirchner/Divulgação
É claro que, entre os esboços de Starck e o resultado, ocorreram estudos como os de ergonomia e de eficiência para deixar o design o mais prático possível, embora ele tenha sido concebido como objeto-escultura. Mas o fato é que ele lembra uma estrutura futurista – para alguns pode parecer um alienígena, para outros um foguete. É uma peça cujo conceito combina humor, provocação e estilo.
Há quem critique o produto por não reter sementes nem evitar respingos, mas talvez ele tenha de ser visto mais como uma peça de arte utilitária mesmo. Para Starck, seu espremedor não é feito para espremer limões e laranjas, mas para “iniciar uma conversa”.
A versão Study n.3, de bronze fundido, reproduz um dos primeiros protótipos realizados com base nos esboços de Philippe Starck
Francesco Van Straten/Divulgação
Hoje, a Alessi comercializa três versões: a comum e mais icônica, ainda um best-seller; a XXL, com 1,87 m de altura e feita de polipropileno, em que assume mais do que nunca seu caráter escultórico ao ser exposta de maneira monumental em diferentes ambientes da casa, que ganham um toque surreal; e a Study n.3, feita de bronze fundido, que reproduz um dos primeiros protótipos realizados com base nos esboços de Starck, em uma edição numerada de 999 unidades, além de três provas de artista.
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Em 1996, foi lançada uma versão banhada a ouro, hoje fora de catálogo, que seduz colecionadores. Curioso é que esse modelo recomendava não espremer laranjas ou limões, porque poderia afetar o acabamento. Ou seja, arte pura.
Com 1,87 m de altura, a versão XXL de polipropileno surge nos ambientes de maneira monumental, conferindo um toque surreal
Riccardo Gasperoni/Divulgação
Lançado em 1990 pela Alessi, o item completa 35 anos em 2025 como o espremedor de frutas mais controverso já existente. Sua aparência o tornou um objeto icônico dos anos 1990 e 2000. De cozinhas luxuosas às mais descoladas exibiam em um canto a tal peça – que faz a cabeça de muita gente ainda hoje.
Tanto que integra o acervo de diversos museus espalhados pelo mundo, entre os quais o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), nos Estados Unidos; o Victoria and Albert Museum, em Londres, na Inglaterra; e o Centre George Pompidou, em Paris, na França. Enfim, o Juicy Salif sintetiza bem a ideia de, para usar um termo caro aos semiólogos, “fetichização” do objeto de design. Um viva a ele!
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No local, enquanto comia lulas com limão, ele começou a desenhar em um guardanapo o conceito da peça. E foi esse guardanapo, com gotas de limão e algumas manchas de tomate, que ele entregou a Alberto Alessi, proprietário da empresa Alessi, referência em design de utensílios domésticos, para propor a fabricação do produto.
Causou uma certa estranheza em Alberto. No papel havia esboços de lulas à esquerda e, à medida que se ia para a direita, esses tomavam a forma inconfundível do que seria o Juicy Salif. Apesar de ser um utensílio de cozinha, o produto é mais reconhecido por seu caráter escultórico, como um ícone pós-moderno do design industrial.
Best-seller da Alessi, a versão do espremedor de alumínio fundido possui três pernas longas e finas que sustentam o corpo cônico
Stefen Kirchner/Divulgação
Nas décadas de 1980 e 1990, o pós-modernismo subverteu a ideia de que todo objeto tem de ter função, ou que a forma segue a função, com objetos e móveis instigantes.´É nessa seara que está o espremedor de Starck.
A versão mais comum é feita de alumínio fundido, possui três pernas longas e finas que sustentam o corpo cônico, no qual se coloca a fruta cortada para extrair o suco, que escorre diretamente para um copo colocado abaixo.
Arte pura, a versão limitada de 1996, banhada a ouro, vinha com aviso de não espremer frutas no produto, para não afetar o acabamento
Stefan Kirchner/Divulgação
É claro que, entre os esboços de Starck e o resultado, ocorreram estudos como os de ergonomia e de eficiência para deixar o design o mais prático possível, embora ele tenha sido concebido como objeto-escultura. Mas o fato é que ele lembra uma estrutura futurista – para alguns pode parecer um alienígena, para outros um foguete. É uma peça cujo conceito combina humor, provocação e estilo.
Há quem critique o produto por não reter sementes nem evitar respingos, mas talvez ele tenha de ser visto mais como uma peça de arte utilitária mesmo. Para Starck, seu espremedor não é feito para espremer limões e laranjas, mas para “iniciar uma conversa”.
A versão Study n.3, de bronze fundido, reproduz um dos primeiros protótipos realizados com base nos esboços de Philippe Starck
Francesco Van Straten/Divulgação
Hoje, a Alessi comercializa três versões: a comum e mais icônica, ainda um best-seller; a XXL, com 1,87 m de altura e feita de polipropileno, em que assume mais do que nunca seu caráter escultórico ao ser exposta de maneira monumental em diferentes ambientes da casa, que ganham um toque surreal; e a Study n.3, feita de bronze fundido, que reproduz um dos primeiros protótipos realizados com base nos esboços de Starck, em uma edição numerada de 999 unidades, além de três provas de artista.
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Em 1996, foi lançada uma versão banhada a ouro, hoje fora de catálogo, que seduz colecionadores. Curioso é que esse modelo recomendava não espremer laranjas ou limões, porque poderia afetar o acabamento. Ou seja, arte pura.
Com 1,87 m de altura, a versão XXL de polipropileno surge nos ambientes de maneira monumental, conferindo um toque surreal
Riccardo Gasperoni/Divulgação
Lançado em 1990 pela Alessi, o item completa 35 anos em 2025 como o espremedor de frutas mais controverso já existente. Sua aparência o tornou um objeto icônico dos anos 1990 e 2000. De cozinhas luxuosas às mais descoladas exibiam em um canto a tal peça – que faz a cabeça de muita gente ainda hoje.
Tanto que integra o acervo de diversos museus espalhados pelo mundo, entre os quais o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), nos Estados Unidos; o Victoria and Albert Museum, em Londres, na Inglaterra; e o Centre George Pompidou, em Paris, na França. Enfim, o Juicy Salif sintetiza bem a ideia de, para usar um termo caro aos semiólogos, “fetichização” do objeto de design. Um viva a ele!