Mesmo com isenção do quartzito, setor de rochas naturais mantém alerta sobre tarifas dos EUA

Na última quarta-feira, 30, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou o decreto que oficializa a imposição de uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, contabilizando um total de 50%, medida que começa a valer a partir do dia 6 de agosto. Mesmo com as imposições, o governo estadunidense isentou quase 700 itens da cobrança extra, sendo um deles o quartzito.
Classificada na categoria de worked monumental or building stone (pedra monumental ou de construção, em tradução livre), a rocha representou cerca de 50% das exportações brasileiras de pedras naturais para o mercado americano em 2024, de acordo com dados da Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas). O segmento como um todo tem no país norte-americano seu principal destino comercial, representando mais de 56% de todas as exportações nacionais.
Este quarto assinado pelo scritório Magarão + Lindenberg Arquitetura, no Rio de Janeiro, tem a parede de cabeceira revestida com quartzito brasileiro Maldives
Juliano Colodeti/MCA Estúdio/Divulgação

De acordo com a entidade, a confirmação foi recebida com alívio e destaca o reconhecimento da importância estratégica da rocha natural para a cadeia da construção civil nos EUA. “Com aplicações que vão de bancadas a revestimentos de alto padrão, as pedras brasileiras são valorizadas por sua resistência, estética exclusiva e crescente demanda internacional”, pontua a Centrorochas.
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Para associação, no entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a isenção seja ampliada e passe a incluir outras pedras naturais, como granito, mármore, ardósia e pedra-sabão. Essas rochas também são amplamente utilizadas pela indústria americana e sem substitutos viáveis na produção doméstica dos Estados Unidos. “O setor está unido, agindo com responsabilidade, estratégia e diálogo. A isenção parcial foi um avanço, mas precisamos garantir que toda a cadeia compreenda os impactos da medida e esteja preparada para os próximos passos”, reforça Tales Machado, presidente da Centrorochas, que realiza as tratativas em conjunto com entidades estadunidenses como o Natural Stone Institute (NSI) e a National Association of Home Builders (NAHB).
Parte da exposição de arte realizada na primeira edição da Marmomac Brazil, em fevereiro deste ano
Divulgação

Na visão de Flávia Milaneze, CEO da Milanez & Milaneze, empresa brasileira especializada na organização de feiras de negócios, com foco nos setores de rochas ornamentais, a mobilização é primordial. “O setor está unido, se preparando com agilidade e atuando em múltiplas frentes, tanto na esfera governamental quanto nos canais internacionais, para demonstrar os impactos negativos dessa medida, inclusive para o próprio mercado americano”, afirma.

Responsável por eventos como a Cachoeiro Stone Fair e a Marmomac Brazil, antiga Vitoria Stone Fair, Flávia já tem observado a busca por alternativas para amenizar os efeitos das medidas definidas pelo governo de Donald Trump: “Durante os eventos e interações com o setor, temos percebido uma crescente preocupação em diversificar mercados e reduzir a dependência dos Estados Unidos. A busca por novos destinos na América Latina, Europa e Oriente Médio tem ganhado fôlego”, explica.
Em meio a esse cenário, o economista Odilon Guedes, presidente do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (Corecon-SP), reforça que os produtores brasileiros deveriam, a partir dessa experiência, procurar novos compradores para não sofrerem com situações tão instáveis como a vivenciada no momento atual. “A tendência, na minha opinião, é que o Brasil se torne menos dependente do mercado americano por causa disso. Já as isenções confirmadas, elas devem ser duradouras, pois caso elas caírem, terão impactos na inflação americana”, diz.
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