Morreu na última terça-feira, 23 de setembro, o arquiteto paisagista chinês Kongjian Yu, aos 62 anos, vítima de um acidente aéreo na zona rural de Aquidauana, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. O profissional estava no Brasil para uma série de encontros sobre urbanismo sustentável, e para a gravação de um documentário.
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Nascido em 1963, na vila de Dongyu, Jinhua, província de Zhejiang, na China, em uma família de agricultores, Yu transformou sua infância entre campos de arroz em uma filosofia de vida. Doutor pela Universidade Harvard e professor da Universidade de Pequim, ele fundou o escritório Turenscape, em 1998, que se tornaria referência global em projetos que conciliam natureza e cidade.
Seu nome está diretamente ligado ao conceito de cidades-esponja, uma abordagem revolucionária que propõe que os centros urbanos deixem de lutar contra a água e passem a acolhê-la. Em vez de concreto impermeável, Yu defendia parques alagáveis, jardins filtrantes e sistemas que devolvem à terra sua capacidade de respirar.
Mais do que um arquiteto, Kongjian era um poeta da paisagem. Seus projetos, presentes em dezenas de países, não apenas evitam enchentes — eles curam o solo, regeneram ecossistemas e convidam as pessoas a reconectar-se com o ambiente.
Iniciado em 2016, o ambicioso projeto de restauração coordenado pelo arquiteto Kongjian Yu transformou cerca de 13 km do canal degradado do rio Meishe, na cidade de Haikou
Turenscape/Divulgação
No Brasil, onde vinha estreitando laços com pesquisadores e urbanistas, Yu dizia enxergar um “potencial tropical para a revolução verde das cidades”. Sua visita ao Pantanal fazia parte de um documentário, com direção do cineasta chinês Li Wei, sobre soluções baseadas na natureza e pretendia mostrar como as ideias de Yu poderiam ser aplicadas em biomas tropicais. O projeto será finalizado como homenagem póstuma, segundo a equipe de produção.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) reconheceu sua trajetória como um marco na arquitetura paisagística mundial, celebrando sua contribuição para o pensamento urbano sustentável e sua generosidade em compartilhar conhecimento com profissionais brasileiros.
Além de seu legado construído, deixa uma vasta produção acadêmica, com livros, artigos e palestras que influenciam gerações de profissionais. Em 2020, Yu recebeu o Sir Geoffrey Jellicoe Award, considerado o maior prêmio da arquitetura paisagística mundial, concedido pela International Federation of Landscape Architects (IFLA). Também foi laureado com o National Design Award do Cooper Hewitt Smithsonian Design Museum, nos Estados Unidos.
O Qunli National Urban Wetland, em Harbin, na China, é um dos maiores exemplos do funcionamento de cidades-esponja
Turenscape/Divulgação
O arquiteto também era consultor do governo chinês e já projetou obras em mais de 70 cidades. Entre seus projetos mais conhecidos estão o Red Ribbon Park, em Qinhuangdao, e o Qunli Stormwater Park, em Harbin — ambos premiados por transformar áreas degradadas em espaços públicos resilientes e ecológicos. Esses parques se tornaram modelos replicados em diversos países.
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A partida de Kongjian Yu é uma perda imensa para quem acredita que o futuro das cidades depende de humildade diante da natureza. Mas sua visão permanece viva — em cada parque que absorve a chuva, em cada jardim que devolve vida ao concreto.
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Nascido em 1963, na vila de Dongyu, Jinhua, província de Zhejiang, na China, em uma família de agricultores, Yu transformou sua infância entre campos de arroz em uma filosofia de vida. Doutor pela Universidade Harvard e professor da Universidade de Pequim, ele fundou o escritório Turenscape, em 1998, que se tornaria referência global em projetos que conciliam natureza e cidade.
Seu nome está diretamente ligado ao conceito de cidades-esponja, uma abordagem revolucionária que propõe que os centros urbanos deixem de lutar contra a água e passem a acolhê-la. Em vez de concreto impermeável, Yu defendia parques alagáveis, jardins filtrantes e sistemas que devolvem à terra sua capacidade de respirar.
Mais do que um arquiteto, Kongjian era um poeta da paisagem. Seus projetos, presentes em dezenas de países, não apenas evitam enchentes — eles curam o solo, regeneram ecossistemas e convidam as pessoas a reconectar-se com o ambiente.
Iniciado em 2016, o ambicioso projeto de restauração coordenado pelo arquiteto Kongjian Yu transformou cerca de 13 km do canal degradado do rio Meishe, na cidade de Haikou
Turenscape/Divulgação
No Brasil, onde vinha estreitando laços com pesquisadores e urbanistas, Yu dizia enxergar um “potencial tropical para a revolução verde das cidades”. Sua visita ao Pantanal fazia parte de um documentário, com direção do cineasta chinês Li Wei, sobre soluções baseadas na natureza e pretendia mostrar como as ideias de Yu poderiam ser aplicadas em biomas tropicais. O projeto será finalizado como homenagem póstuma, segundo a equipe de produção.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) reconheceu sua trajetória como um marco na arquitetura paisagística mundial, celebrando sua contribuição para o pensamento urbano sustentável e sua generosidade em compartilhar conhecimento com profissionais brasileiros.
Além de seu legado construído, deixa uma vasta produção acadêmica, com livros, artigos e palestras que influenciam gerações de profissionais. Em 2020, Yu recebeu o Sir Geoffrey Jellicoe Award, considerado o maior prêmio da arquitetura paisagística mundial, concedido pela International Federation of Landscape Architects (IFLA). Também foi laureado com o National Design Award do Cooper Hewitt Smithsonian Design Museum, nos Estados Unidos.
O Qunli National Urban Wetland, em Harbin, na China, é um dos maiores exemplos do funcionamento de cidades-esponja
Turenscape/Divulgação
O arquiteto também era consultor do governo chinês e já projetou obras em mais de 70 cidades. Entre seus projetos mais conhecidos estão o Red Ribbon Park, em Qinhuangdao, e o Qunli Stormwater Park, em Harbin — ambos premiados por transformar áreas degradadas em espaços públicos resilientes e ecológicos. Esses parques se tornaram modelos replicados em diversos países.
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A partida de Kongjian Yu é uma perda imensa para quem acredita que o futuro das cidades depende de humildade diante da natureza. Mas sua visão permanece viva — em cada parque que absorve a chuva, em cada jardim que devolve vida ao concreto.