Natureza presente: Casa Vogue de outubro apresenta lares que colocam a questão ambiental em primeiro lugar

Ao trazer para o centro das discussões de arquitetura e design questões ligadas à responsabilidade ambiental, social e econômica – essa tal sustentabilidade –, é elementar que a atenção recaia primeiro sobre matérias-primas e técnicas construtivas. É o óbvio, o esperado, o justo. Mas ao consagrar uma edição por ano a esse tema, como é o caso desta aqui, e mais centenas de outras pautas que publicamos todos os meses nas plataformas impressa, digital e de eventos, a redação da Casa Vogue tem tentado direcionar o olhar para outros tópicos que também revolvem em torno do assunto.
Neste outubro de 2025, ao selecionarmos as casas e reportagens que mostramos nas páginas a seguir, identificamos um ponto comum a todas (exceto uma, talvez): a vocação ou intenção sustentável de cada projeto aparece, antes de tudo, na presença marcante de elementos naturais dentro e em volta deles. Falo, obviamente, de paisagismo, mas também de um tipo de arquitetura aberta o bastante para propiciar o máximo contato possível com a paisagem natural ao redor – e, portanto, uma relação mais harmônica e gentil com o seu entorno.
Casa Vogue outubro
Divulgação
Não é propriamente uma surpresa: toda vocação ou intenção sustentável nasce (ou deveria nascer) da observação da natureza. Olhar para o mundo ao redor, observá-lo com afinco, percebê-lo a partir dos outros quatro sentidos além da visão ainda é a melhor forma de compreendê-lo, não custa lembrar.
Uma obra típica do litoral brasileiro, no Guarujá, SP, ganha renovação comandada por Memola Estúdio e Vitor Penha
Fran Parente
Daí casas como as projetadas pelos escritórios Guá Arquitetura, em Belém, e Memola Estúdio, no Guarujá, SP, ambas capas desta revista, serem verdadeiros manifestos sobre viver em meio à natureza. Há muitos princípios ecológicos levantados por elas: jardins com vegetação densa, folhagens volumosas, presença vital de água, soluções de baixo impacto, verdade dos materiais, arte, artesanato e mão de obra de populações próximas.
O mesmo pode ser dito da morada da jornalista especializada em ESG Giuliana Morrone, em Brasília, concebida pelo Bloco Arquitetos, que, além de abraçar espécies do Cerrado no paisagismo, também ergue outra bandeira da consciência ambiental: “A verdadeira beleza na arquitetura é aquela que resiste ao tempo. Não se trata só de uso e aproveitamento de recursos naturais, mas de criar espaços duráveis, que não precisem ser refeitos em poucos anos”, defende Daniel Mangabeira, do Bloco, em declaração à editora de decoração Nicoly Bernardes.
Belém é a musa do Guá Arquitetura na moradia permeada por cultura e artesanato locais
Filippo Bamberghi
Rafael Belém, editor digital, foi à Amazônia conferir a nova cara do hotel Mirante do Gavião, dada por Marilia Pellegrini. Trouxe da conversa com a arquiteta mais um ensinamento valioso: “Foi um processo lento, quase artesanal […]. Mas é esse tempo que garante verdade ao resultado”.
Moral da história: quanto mais conectados estivermos ao cenário, ao contexto, mais responsáveis por eles conseguiremos ser. Quanto mais tempo dedicarmos a essa responsabilidade, sem pegar atalhos ou cair vítimas do imediatismo, maiores as chances de termos um planeta habitável nas próximas décadas. Enxergar a natureza ao redor, absorvê-la como um todo é o início do desejo de querer preservá-la. Boa leitura.
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