Drogarias que fecham para dar lugar à instalação de uma rede global de comida tailandesa e bolinhos que agora passam a se chamar cupcakes. Apartamentos turísticos ocupando antigos ateliês artesanais e preços exorbitantes onde antes havia poeira, ruas de terra e crianças pegando caranguejos na praia.
A gentrificação é um fenômeno que tomou conta das principais cidades da Espanha, muitas vezes disfarçado de planos de “reabilitação”. Novas paisagens urbanas que, apesar da rejeição inicial, acabam se tornando lugares onde muitas pessoas sonham em ter um apartamento ou uma casa.
Os bairros a seguir, que antes ninguém visitava e onde hoje todos gostariam de morar, são a prova disso:
El Cabanyal (Valência)
El Cabanyal, Valência
ullstein bild/Getty Images
Em 2009, a extensão da avenida Blasco Ibáñez através do bairro marinheiro de El Cabanyal implicava a demolição de até 1.600 casas — uma medida que levou os moradores a erguer verdadeiras barricadas nas ruas. O estado de marginalidade desse bairro eclético, berço do modernismo, foi por anos um obstáculo, até que a campanha do político Joan Ribó, em 2015, propôs uma tímida reabilitação da região. Dez anos depois, El Cabanyal é um dos bairros mais valorizados da cidade de Valência, graças especialmente ao seu ambiente e à proximidade com o mar. Um boom que quadruplicou o número de apartamentos turísticos, elevando o preço do metro quadrado para 2.804 euros.
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El Palo (Málaga)
El Palo, Málaga
John Keeble/Getty Images
El Palo sempre foi um bairro de pescadores, cujos chambaos feitos de cana e galhos se transformaram em pequenas moradias para aproveitar uma vida simples ao ar livre, entre espetos e barcos desgastados, afastado do centro de uma Málaga da qual já queriam se desvincular no século XIX. Hoje, El Palo atrai turistas e compradores dispostos a pagar um preço médio de 300 mil euros por apartamentos de 100 m² e mais de 600 mil euros por casas antigas.
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Poblenou (Barcelona)
Poblenou, Barcelona
Bloomberg/Getty Images
Um dos bairros marítimos por excelência de Barcelona sempre foi um lugar de classe trabalhadora e ruas empoeiradas. A transformação urbanística iniciada com os Jogos Olímpicos e, especialmente, o projeto Distrito 22@ — com seu plano de reconverter 200 hectares de solo industrial em um distrito de inovação — renovou completamente o bairro, atraindo turismo, investidores e novas oportunidades de negócio. Atualmente, segundo o Fotocasa, o Poblenou lidera a lista dos bairros mais caros da Espanha, com um preço médio de 25,41 euros por metro quadrado e apartamentos de 60 m² custando 1.500 euros por mês.
Lavapiés (Madri)
Lavapiés, Madri
iStock
Considerado durante as décadas de 1980 e 1990 como um dos bairros mais perigosos da Espanha, o tecido social de Lavapiés viu suas ruas se transformarem nos últimos anos, com muitos comércios tradicionais dando lugar a epicentros multiculturais, galerias e enxames imobiliários que acabaram por expulsar diversos moradores. A narrativa de transformar o que é marginal em boêmio se traduz hoje em preços médios de 5.000 euros por metro quadrado e aluguéis que chegam a 23 euros por metro quadrado, segundo dados do Idealista. Uma realidade que sufoca não só Lavapiés, mas também outros bairros madrilenhos emergentes, como Tetuán e Puerta del Ángel, que seguem os passos de exemplos já consolidados como Chueca e Malasaña.
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Bilbao la Vieja
Bilbao la Vieja, Espanha
iStock
A que sempre foi uma zona multicultural e esquecida pela prefeitura de Bilbao — chegou a ganhar um episódio inteiro do programa Callejeros, focado na prostituição e no tráfico de drogas — começou a ser alvo da gentrificação em 2006, com um plano de reabilitação que teve o Museu de Reproduções de Bilbao como principal Cavalo de Troia. Sua consolidação como bairro da moda, graças à cena gastronômica renovada e aos espaços artísticos, transformou Bilbi — como era carinhosamente conhecida — em um novo hotspot, onde o metro quadrado atinge 2.972 euros e o preço médio de um apartamento chega a 231.742 euros, segundo o Fotocasa.
La Lonja (Palma de Maiorca)
La Lonja, Palma de Maiorca
United Archives/Getty Images
La Lonja é outro exemplo de bairro marinheiro humilde, com ruas estreitas e prédios de pedra na cidade de Palma de Maiorca, que, após um certo abandono no século XX, se transformou em um epicentro turístico repleto de bares, galerias e restaurantes. Essa nova dinâmica, ao longo dos últimos trinta anos, levou um em cada três moradores locais a deixar a região, em contraste com uma Palma que não para de crescer. Hoje, o preço médio de um apartamento em La Lonja é de 700.000 euros.
*Matéria originalmente publicada na Architectural Digest Espanha
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Os bairros a seguir, que antes ninguém visitava e onde hoje todos gostariam de morar, são a prova disso:
El Cabanyal (Valência)
El Cabanyal, Valência
ullstein bild/Getty Images
Em 2009, a extensão da avenida Blasco Ibáñez através do bairro marinheiro de El Cabanyal implicava a demolição de até 1.600 casas — uma medida que levou os moradores a erguer verdadeiras barricadas nas ruas. O estado de marginalidade desse bairro eclético, berço do modernismo, foi por anos um obstáculo, até que a campanha do político Joan Ribó, em 2015, propôs uma tímida reabilitação da região. Dez anos depois, El Cabanyal é um dos bairros mais valorizados da cidade de Valência, graças especialmente ao seu ambiente e à proximidade com o mar. Um boom que quadruplicou o número de apartamentos turísticos, elevando o preço do metro quadrado para 2.804 euros.
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El Palo (Málaga)
El Palo, Málaga
John Keeble/Getty Images
El Palo sempre foi um bairro de pescadores, cujos chambaos feitos de cana e galhos se transformaram em pequenas moradias para aproveitar uma vida simples ao ar livre, entre espetos e barcos desgastados, afastado do centro de uma Málaga da qual já queriam se desvincular no século XIX. Hoje, El Palo atrai turistas e compradores dispostos a pagar um preço médio de 300 mil euros por apartamentos de 100 m² e mais de 600 mil euros por casas antigas.
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Poblenou (Barcelona)
Poblenou, Barcelona
Bloomberg/Getty Images
Um dos bairros marítimos por excelência de Barcelona sempre foi um lugar de classe trabalhadora e ruas empoeiradas. A transformação urbanística iniciada com os Jogos Olímpicos e, especialmente, o projeto Distrito 22@ — com seu plano de reconverter 200 hectares de solo industrial em um distrito de inovação — renovou completamente o bairro, atraindo turismo, investidores e novas oportunidades de negócio. Atualmente, segundo o Fotocasa, o Poblenou lidera a lista dos bairros mais caros da Espanha, com um preço médio de 25,41 euros por metro quadrado e apartamentos de 60 m² custando 1.500 euros por mês.
Lavapiés (Madri)
Lavapiés, Madri
iStock
Considerado durante as décadas de 1980 e 1990 como um dos bairros mais perigosos da Espanha, o tecido social de Lavapiés viu suas ruas se transformarem nos últimos anos, com muitos comércios tradicionais dando lugar a epicentros multiculturais, galerias e enxames imobiliários que acabaram por expulsar diversos moradores. A narrativa de transformar o que é marginal em boêmio se traduz hoje em preços médios de 5.000 euros por metro quadrado e aluguéis que chegam a 23 euros por metro quadrado, segundo dados do Idealista. Uma realidade que sufoca não só Lavapiés, mas também outros bairros madrilenhos emergentes, como Tetuán e Puerta del Ángel, que seguem os passos de exemplos já consolidados como Chueca e Malasaña.
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Bilbao la Vieja
Bilbao la Vieja, Espanha
iStock
A que sempre foi uma zona multicultural e esquecida pela prefeitura de Bilbao — chegou a ganhar um episódio inteiro do programa Callejeros, focado na prostituição e no tráfico de drogas — começou a ser alvo da gentrificação em 2006, com um plano de reabilitação que teve o Museu de Reproduções de Bilbao como principal Cavalo de Troia. Sua consolidação como bairro da moda, graças à cena gastronômica renovada e aos espaços artísticos, transformou Bilbi — como era carinhosamente conhecida — em um novo hotspot, onde o metro quadrado atinge 2.972 euros e o preço médio de um apartamento chega a 231.742 euros, segundo o Fotocasa.
La Lonja (Palma de Maiorca)
La Lonja, Palma de Maiorca
United Archives/Getty Images
La Lonja é outro exemplo de bairro marinheiro humilde, com ruas estreitas e prédios de pedra na cidade de Palma de Maiorca, que, após um certo abandono no século XX, se transformou em um epicentro turístico repleto de bares, galerias e restaurantes. Essa nova dinâmica, ao longo dos últimos trinta anos, levou um em cada três moradores locais a deixar a região, em contraste com uma Palma que não para de crescer. Hoje, o preço médio de um apartamento em La Lonja é de 700.000 euros.
*Matéria originalmente publicada na Architectural Digest Espanha
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