Pioneiro, estúdio de design mexicano cria luminária de celulose bacteriana

Com design semelhante a uma água-viva, as luminárias Lapso, do estúdio mexicano Natural Urbano, são feitas à mão com cinco folhas de celulose cultivadas por fermentação bacteriana. O processo gera superfícies com variações sutis de tom, densidade e textura, garantindo que nenhuma peça seja igual à outra.
Criada para interagir com o ambiente, quando acesa, a luminária revela degradês e texturas em camadas, com variações de profundidade e opacidade, graças ao material translúcido. Quando apagada, a forma destaca as qualidades materiais da peça, alternando entre presença e ausência, conforme o contexto e o momento do dia.
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Produzidas sob demanda, em um processo que leva 2 meses, as luminárias são feitas com Celium, um biomaterial de celulose cultivada, desenvolvido pela empresa mexicana de biotecnologia Polybion. Ele serve como uma alternativa sustentável ao couro de origem animal e aos sintéticos derivados de petróleo.
O projeto nasceu de uma parceria da Polybion com o estúdio Natural Urbano, e levou mais de um ano até chegar ao produto final. O processo envolveu testes de espessura, costura, acabamento das bordas e difusão da luz.
Cada luminária Lapso é feita à mão pelos designer da Natural Urbano, em um processo que dura em média dois meses
Natural Urbano/Divulgação
Os primeiros protótipos revelaram a sensibilidade do material durante o manuseio, levando as duas equipes a trabalharem para definir a espessura, o comprimento e o acabamento ideais, de modo a preservar a translucidez orgânica sem comprometer a resistência.
“Em vez de ocultar suas irregularidades, nós as transformamos em um valor estético. A densidade e a textura únicas de cada folha determinam como a luz atravessa a peça, conferindo a cada luminária uma identidade visual própria”, explica Sebastián Beltrán, fundador e CEO da Natural Urbano.
O Celium é produzido a partir da celulose bacteriana, alimentada por bactérias com resíduos agroindustriais de frutas, como o bagaço de cana. A Polybion, o descreve como um “material cultivado, não fabricado”, que pode ser tingido, gravado e modificado.
Cada luminária Lapso é caracterizada por textura e espessura únicas, graças ao material utilizado na fabricação
Natural Urbano/Divulgação
No processo, a celulose bacteriana passa pela estabilização e pelo refino para ganhar durabilidade e textura. Com baixo impacto ambiental, todo o procedimento é neutro em carbono, utiliza energia solar e não libera produtos químicos perigosos. O resultado é um material vegano, orgânico, leve, flexível e excepcionalmente forte, com uma textura única e personalizável.
“O suporte foi redesenhado diversas vezes para evitar tensão sobre o material e alcançar um equilíbrio entre delicadeza e durabilidade, mantendo as características naturais e a funcionalidade do objeto”, conta Sebastián.
As luminárias Lapso são consideradas um dos primeiros exemplos do uso de celulose bacteriana biofabricada no design
Natural Urbano/Divulgação
“Queríamos criar uma peça que parecesse orgânica, em que o material mantivesse um aspecto natural. Nosso objetivo era que a luminária se assemelhasse a um ser vivo, uma peça que parecesse ter vida própria”, completa Lorena Márquez, co-fundadora e diretora da Natural Urbano.
As luminárias Lapso tratam a iluminação como um intervalo — apesar de resistentes, não são um objeto fixo, mas flexível, como uma água-viva.
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A peça foi apresentada pela primeira vez na The Biofab Fair, organizada pela Biofabricate durante o London Design Festival, em setembro de 2025, onde foi destacada como um dos primeiros exemplos de aplicação de celulose bacteriana no design de iluminação.

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