Como parte das obras realizadas para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que acontece de 10 a 21 de novembro, Belém do Pará ganhou um novo museu. O Museu das Amazônias (MAZ) pretende revelar as diversas “amazônias” existentes nos nove estados brasileiros e em outros oito países — Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Guiana, Suriname e Guiana Francesa — compreendidos no bioma.
O Museu das Amazônias (MAZ) ocupa um antigo galpão revitalizado no porto de Belém
Manuel Sá/Divulgação
O espaço abriu ao público no último fim de semana com duas exposições temporárias: uma dedicada ao fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado (1944-2025); outra chamada Ajurí, sobre o processo de criação do museu. Uma exposição permanente com um passeio cronológico pela história da Amazônia está prevista para 2026.
O museu ocupa um antigo armazém de 3.100 m² no porto de Belém, totalmente reformado para abrigar o espaço cultural. O projeto é assinado por dois escritórios de arquitetura brasileiros, o paraense Guá Arquitetura e o carioca be.bo.
O percurso é organizado em dois pavimentos. O térreo com 2.000 m² abriga o salão de entrada, uma loja e um amplo espaço expositivo. No segundo andar, com 1.100 m², ficam a área dedicada às mostras temporárias, uma sala multiúso e um espaço voltado a atividades culturais.
O Museu das Amazônias (MAZ) será um dos legados da COP30 para Belém do Pará
Manuel Sá/Divulgação
No projeto arquitetônico, a figura da cobra serviu de inspiração para o desenho. O animal é um elemento recorrente de diferentes lendas amazônicas, como a Boiúna (uma gigantesca serpente que muda de forma, podendo se transformar em barcos ou em uma mulher) e a Cobra Canoa (serpente que se transforma em canoa para transportar a humanidade pelas águas).
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A fachada do armazém ganhou um mural intitulado A Serpente é um Corpo que Une Mundos, feito coletivamente por 16 artistas amazônicos. Já o logotipo do museu foi esculpido em marchetaria pelo artesão acreano Maqueson Pereira da Silva, à frente da Marchetaria do Acre.
A serpente também aparece no desenho ondulado dos bancos da entrada, assinados pelos arquitetos e produzidos pela empresa Vedac, especialista na criação de peças com madeira amazônica.
O logotipo em marchetaria e os bancos com madeiras amazônicas marcam a entrada do MAZ, em Belém
Manuel Sá/Divulgação
“Usamos mais de 15 espécies de madeiras amazônicas de manejo sustentável. O espaço virou uma xiloteca, uma biblioteca de madeira a serviço da população. É também uma forma de explicar ao público que existe uma diversidade de madeiras enorme na Amazônia”, conta Luis Guedes, sócio da Guá.
Outro destaque na arquitetura são as paredes avermelhadas, tingidas com uma tinta especial feita de barro, comumente usada por indígenas em cerâmicas e pinturas corporais. A utilização dessa pintura é resultado de uma pesquisa da Guá com o ateliê Mãos Caruanas, empresa de joias de cerâmica na Ilha do Marajó (PA).
“Esse museu tem muitas camadas. O piso tem sentido, a textura da parede tem sentido, tudo tem sentido. Toda a arquitetura fala alguma coisa”, conta Bel Lobo, sócia do be.bo.
As paredes internas do Museu das Amazônias foram pintadas com tinta feita de barro usada por indígenas na região
Manuel Sá/Divulgação
Um grande globo de LED transmite a obra Simbiosfera, da artista visual Roberta Carvalho, que destaca a centralidade da Amazônia no imaginário global. “O globo fica entre os dois níveis do museu, e foi preso no teto para dar a sensação de que está flutuando do ponto de vista dos visitantes. Se a pessoa estiver perto do guarda-corpo no primeiro andar, vai conseguir ver o globo todo”, explica Pablo do Vale, sócio da Guá.
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No térreo, a loja do museu apresenta uma estante expositora criada pelo mestre carpinteiro Edson Rodrigues, da Ilha do Murutucu (PA). O artesão Ivan Leal, de Abaetetuba (PA), assina uma grande luminária feita com raízes coletadas na praia, onde pousam 150 pássaros esculpidos em miriti, planta nativa da Amazônia.
O globo de LED, que ocupa os dois andares, transmite a obra Simbiosfera, da artista Roberta Carvalho
Manuel Sá/Divulgação
No andar superior, a exposição temporária Ajurí ocupa o ambiente de 500 m² dedicado às mostras temporárias. O título da mostra é uma referência ao vernáculo amazônico que remete à cooperação, à união e ao trabalho coletivo — uma prática das comunidades da região e que também se reflete na história do museu, desenvolvido a muitas mãos.
Com curadoria da antropóloga indígena Francy Baniwa, da bióloga Joice Ferreira, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e de Helena Lima, do Museu Paraense Emílio Goeldi, a exposição oferece experiências imersivas e sensoriais, que refletem as vivências das comunidades urbanas, indígenas, extrativistas, quilombolas e ribeirinhas que compõem a Amazônia.
“Tudo que a gente quer é que as pessoas se envolvam, compreendam e fiquem mais integradas. Gostaria que saíssem do museu com novos valores e vontade de cuidar, cada um por si. A gente sabe que a mudança começa de dentro”, fala Bel.
A lojinha interna do Museu das Amazônias (MAZ) traz elementos da cultura amazônica
Manuel Sá/Divulgação
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O segundo pavimento abriga ainda um espaço criativo com 77 m² idealizado como uma área livre para os visitantes ou uma extensão de exposições temporárias, e uma sala multiúso de 150 m², projetada com estrutura modular, que pode ser dividida em até três salas ou abrigar até 130 pessoas sentadas
O que vem pela frente
O próximo passo do MAZ é a inauguração da exposição permanente do espaço, idealizada pelos escritórios Guá Arquitetura e be.bo., com previsão de finalização em julho de 2026. A mostra promoverá um passeio cronológico pela história da Amazônia, da formação geológica às perspectivas de futuro.
Dividida em seis etapas, a expografia abordará temas como a diversidade cultural, as técnicas ancestrais e as crises ecológicas atuais.
Projeção de como será a expografia permanente do Museu das Amazônias (MAZ)
MAZ/Divulgação
Um dos destaques será um ambiente imersivo em forma de espiral, revestido por uma cortina de miriti. No centro, uma nuvem composta por 1.500 animais feitos dessa fibra servirá de suporte para projeções.
Outro ambiente, o Espaço Aturá, convidará o público a entrar em um grande cesto indígena baniwa, onde é possível compreender a relação entre as constelações, os ciclos de plantio e a colheita na cosmovisão indígena.
A exposição segue por diferentes ambientes até encerrar nas “soluções do bem viver”, um espaço que inspira os visitantes a refletirem sobre o futuro da região amazônica.
A exposição permanente do Museu das Amazônias (MAZ) está prevista para julho de 2016
MAZ/Divulgação
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O MAZ faz parte do Porto Futuro II, um conjunto de obras realizadas pelo governo do Pará que serão deixadas como legado da COP30 à capital paraense. Pertencente à Secretaria de Cultura do Estado do Pará, o projeto foi implementado pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) em parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi.
Serviço
Endereço: Av. Marechal Hermes, 14. Reduto, Belém (PA)
Horários: de quinta a terça, das 10h às 18h (última entrada às 17h)
Entrada: gratuita até fevereiro de 2026.
O Museu das Amazônias (MAZ) ocupa um antigo galpão revitalizado no porto de Belém
Manuel Sá/Divulgação
O espaço abriu ao público no último fim de semana com duas exposições temporárias: uma dedicada ao fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado (1944-2025); outra chamada Ajurí, sobre o processo de criação do museu. Uma exposição permanente com um passeio cronológico pela história da Amazônia está prevista para 2026.
O museu ocupa um antigo armazém de 3.100 m² no porto de Belém, totalmente reformado para abrigar o espaço cultural. O projeto é assinado por dois escritórios de arquitetura brasileiros, o paraense Guá Arquitetura e o carioca be.bo.
O percurso é organizado em dois pavimentos. O térreo com 2.000 m² abriga o salão de entrada, uma loja e um amplo espaço expositivo. No segundo andar, com 1.100 m², ficam a área dedicada às mostras temporárias, uma sala multiúso e um espaço voltado a atividades culturais.
O Museu das Amazônias (MAZ) será um dos legados da COP30 para Belém do Pará
Manuel Sá/Divulgação
No projeto arquitetônico, a figura da cobra serviu de inspiração para o desenho. O animal é um elemento recorrente de diferentes lendas amazônicas, como a Boiúna (uma gigantesca serpente que muda de forma, podendo se transformar em barcos ou em uma mulher) e a Cobra Canoa (serpente que se transforma em canoa para transportar a humanidade pelas águas).
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A fachada do armazém ganhou um mural intitulado A Serpente é um Corpo que Une Mundos, feito coletivamente por 16 artistas amazônicos. Já o logotipo do museu foi esculpido em marchetaria pelo artesão acreano Maqueson Pereira da Silva, à frente da Marchetaria do Acre.
A serpente também aparece no desenho ondulado dos bancos da entrada, assinados pelos arquitetos e produzidos pela empresa Vedac, especialista na criação de peças com madeira amazônica.
O logotipo em marchetaria e os bancos com madeiras amazônicas marcam a entrada do MAZ, em Belém
Manuel Sá/Divulgação
“Usamos mais de 15 espécies de madeiras amazônicas de manejo sustentável. O espaço virou uma xiloteca, uma biblioteca de madeira a serviço da população. É também uma forma de explicar ao público que existe uma diversidade de madeiras enorme na Amazônia”, conta Luis Guedes, sócio da Guá.
Outro destaque na arquitetura são as paredes avermelhadas, tingidas com uma tinta especial feita de barro, comumente usada por indígenas em cerâmicas e pinturas corporais. A utilização dessa pintura é resultado de uma pesquisa da Guá com o ateliê Mãos Caruanas, empresa de joias de cerâmica na Ilha do Marajó (PA).
“Esse museu tem muitas camadas. O piso tem sentido, a textura da parede tem sentido, tudo tem sentido. Toda a arquitetura fala alguma coisa”, conta Bel Lobo, sócia do be.bo.
As paredes internas do Museu das Amazônias foram pintadas com tinta feita de barro usada por indígenas na região
Manuel Sá/Divulgação
Um grande globo de LED transmite a obra Simbiosfera, da artista visual Roberta Carvalho, que destaca a centralidade da Amazônia no imaginário global. “O globo fica entre os dois níveis do museu, e foi preso no teto para dar a sensação de que está flutuando do ponto de vista dos visitantes. Se a pessoa estiver perto do guarda-corpo no primeiro andar, vai conseguir ver o globo todo”, explica Pablo do Vale, sócio da Guá.
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No térreo, a loja do museu apresenta uma estante expositora criada pelo mestre carpinteiro Edson Rodrigues, da Ilha do Murutucu (PA). O artesão Ivan Leal, de Abaetetuba (PA), assina uma grande luminária feita com raízes coletadas na praia, onde pousam 150 pássaros esculpidos em miriti, planta nativa da Amazônia.
O globo de LED, que ocupa os dois andares, transmite a obra Simbiosfera, da artista Roberta Carvalho
Manuel Sá/Divulgação
No andar superior, a exposição temporária Ajurí ocupa o ambiente de 500 m² dedicado às mostras temporárias. O título da mostra é uma referência ao vernáculo amazônico que remete à cooperação, à união e ao trabalho coletivo — uma prática das comunidades da região e que também se reflete na história do museu, desenvolvido a muitas mãos.
Com curadoria da antropóloga indígena Francy Baniwa, da bióloga Joice Ferreira, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e de Helena Lima, do Museu Paraense Emílio Goeldi, a exposição oferece experiências imersivas e sensoriais, que refletem as vivências das comunidades urbanas, indígenas, extrativistas, quilombolas e ribeirinhas que compõem a Amazônia.
“Tudo que a gente quer é que as pessoas se envolvam, compreendam e fiquem mais integradas. Gostaria que saíssem do museu com novos valores e vontade de cuidar, cada um por si. A gente sabe que a mudança começa de dentro”, fala Bel.
A lojinha interna do Museu das Amazônias (MAZ) traz elementos da cultura amazônica
Manuel Sá/Divulgação
Leia mais
O segundo pavimento abriga ainda um espaço criativo com 77 m² idealizado como uma área livre para os visitantes ou uma extensão de exposições temporárias, e uma sala multiúso de 150 m², projetada com estrutura modular, que pode ser dividida em até três salas ou abrigar até 130 pessoas sentadas
O que vem pela frente
O próximo passo do MAZ é a inauguração da exposição permanente do espaço, idealizada pelos escritórios Guá Arquitetura e be.bo., com previsão de finalização em julho de 2026. A mostra promoverá um passeio cronológico pela história da Amazônia, da formação geológica às perspectivas de futuro.
Dividida em seis etapas, a expografia abordará temas como a diversidade cultural, as técnicas ancestrais e as crises ecológicas atuais.
Projeção de como será a expografia permanente do Museu das Amazônias (MAZ)
MAZ/Divulgação
Um dos destaques será um ambiente imersivo em forma de espiral, revestido por uma cortina de miriti. No centro, uma nuvem composta por 1.500 animais feitos dessa fibra servirá de suporte para projeções.
Outro ambiente, o Espaço Aturá, convidará o público a entrar em um grande cesto indígena baniwa, onde é possível compreender a relação entre as constelações, os ciclos de plantio e a colheita na cosmovisão indígena.
A exposição segue por diferentes ambientes até encerrar nas “soluções do bem viver”, um espaço que inspira os visitantes a refletirem sobre o futuro da região amazônica.
A exposição permanente do Museu das Amazônias (MAZ) está prevista para julho de 2016
MAZ/Divulgação
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O MAZ faz parte do Porto Futuro II, um conjunto de obras realizadas pelo governo do Pará que serão deixadas como legado da COP30 à capital paraense. Pertencente à Secretaria de Cultura do Estado do Pará, o projeto foi implementado pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) em parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi.
Serviço
Endereço: Av. Marechal Hermes, 14. Reduto, Belém (PA)
Horários: de quinta a terça, das 10h às 18h (última entrada às 17h)
Entrada: gratuita até fevereiro de 2026.