Quando comprou esta cobertura tríplex na planta em Porto Alegre, o casal proprietário imaginou viver em ambientes sofisticados que inspirassem alegria e bom humor. Antenados com o universo do design, sabiam exatamente a quem confiar a missão de projetá-los: os arquitetos Sig Bergamin e Murilo Lomas. Com mais de quatro décadas de carreira, Sig é o decorador brasileiro de maior reconhecimento internacional: acumula projetos no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. Dono de um olhar apurado, possui uma capacidade rara de criar misturas harmoniosas, surpreendentes e divertidas. É reconhecido pelo maximalismo – não por se restringir a ele, mas por empregá-lo com uma habilidade muito particular.
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Vai construir ou reformar? Seleção Archa + Casa Vogue ajuda você a encontrar o melhor arquiteto para o seu projeto
No hall do último pavimento, a escultura Monumental Quan with Pearl Ball (2016), de Carole A. Feuerman, figura sobre o piso de travertino, próxima à luminária de Murano garimpada pelos moradores, que paira sobre a escada revestida de carvalho-europeu
Fran Parente
Foi, inclusive, por conta de suas incursões nesse estilo que teve seus primeiros trabalhos publicados nesta Casa Vogue, no final dos anos 1970 e início da década de 1980. “Na época, eu fazia projetos com uma influência oriental. Viajava muito para a Indonésia e a Índia, trazia referências de lá. Como a revista, eu vivo mudando, me reinventando, vendo coisas novas… Esse aqui é um projeto supermoderno, superdiferente. Não tem mais nada a ver com o que eu fazia no passado”, reflete.
+ ‘Quem te viu, quem te vê’: Sig Bergamin e Murilo Lomas comentam projetos publicados em 50 anos de Casa Vogue
O fundo da piscina, executada pela Madcril, pode ser visto do living
Fran Parente
Os experimentos estéticos dos últimos 15 anos têm muita influência de Murilo, com quem Sig divide a vida e o escritório. Juntos, formam um casal inventivo e carismático, que aposta no high-low, incorpora o modernismo, brinca com o contemporâneo e até flerta (de leve) com o minimalismo. “A gente não tem uma vida profissional e outra pessoal. É tudo a mesma coisa”, comenta Murilo. “Estamos o tempo todo criando, bolando, desenhando… Sempre falando de arte, de criação. Tenho um lado meio irreverente para não seguir a massificação. Vou por fora da moda total. Acho que a casa tem que ter calor humano. Todos os clientes que nos procuram querem isso”, defende Sig.
+ Como arquitetos e designers escolhem obras de arte para os projetos? O papel da emoção e da razão na curadoria
Em uma das salas de jantar, mesa Frame, de Jader Almeida, com cadeiras Argo, design Patrick Naggar para a Ralph Pucci, sob luminária 1000 Karat Blau, de Ingo Maurer, na Fas Iluminação, e bufê Scrigno, do Estúdio Campana, na Firmacasa (à esq. na foto)
Fran Parente
Escultura Spanish and Pagan Gold to Red Mix 2 to Cobalt Blue, de Anish Kapoor, na Galleria Continua São Paulo
Fran Parente
Foi com esse espírito que encararam o desafio de criar os interiores deste imóvel. “Os proprietários viajam muito e têm muitas referências do exterior. Gostam de arte contemporânea. A ideia era criar um apartamento classudo, mas que tivesse cor, um ar mais jovem e nada careta”, relata Murilo. Começaram redesenhando toda a planta de 1,8 mil m², distribuída em três pavimentos – as áreas sociais ficam no primeiro e no terceiro, enquanto os quartos ocupam o segundo andar.
+ Silvia Braz abre apartamento carioca à beira-mar; assista ao tour
No lounge, console Clash 460, de Hervé Van Der Straeten, par de poltronas Curve Club, design Patrick Naggar para a Ralph Pucci, e mesa da Vermeil – na parede, tela Los Musicos, de Fernando Botero
Fran Parente
Escultura da série Las Meninas, de Manolo Valdés, na Opera Gallery
Fran Parente
Como os clientes são exímios anfitriões, previram amplos espaços para receber, incluindo duas salas de jantar, um living generoso e uma área de lazer no alto do edifício. Surgiu ali o grande desafio técnico da empreitada. Prevista no projeto, a piscina precisava passar por uma modificação estrutural. “Nos pediram uma piscina com fundo transparente, que pudessem ver da sala”, conta Murilo. Posicionada sobre o living, portanto, ela funcionaria como uma claraboia, inundando o espaço com luz natural.
Os proprietários são muito alegres, divertidos, festeiros, e o apartamento precisava refletir a personalidade energética deles
Na sala de jogos, tela de Nabil Nahas, mesa da Vermeil e cadeiras Sylvie, design Andrea Parisio para a Meridiani
Fran Parente
O hall de entrada tem espelho da Maison Valentino e console Borderline, de Hervé Van Der Straeten, sobre piso da Parke
Fran Parente
Depois de muitos cálculos e com o envolvimento de uma equipe de engenheiros (o processo todo levou mais de dois anos), chegaram a uma solução impressionante. Com 3 x 7,5 m, a piscina ganhou um fundo de acrílico, composto por dois painéis de 14 cm de espessura, feitos sob medida. Como não havia fornecedor no Brasil, o material foi encomendado na Bélgica. Chegou de contêiner e foi içado à cobertura. “A gente não conhece ninguém que tenha feito algo parecido”, afirma Murilo.
+ Sítio Roberto Burle Marx: a expressão máxima do paisagista no Rio de Janeiro
A sala de jantar do último pavimento, com cadeiras Nahéma, da Koket, na Casual Móveis – no bar, banquetas High L, design Nina Seirafi para a Ralph Pucci, e pendentes Ponto, de Jader Almeida
Fran Parente
No escritório, mesa Omaggio, design Noè Duchaufour-Lawrance para a Ceccotti Collezioni, sobre tapete da Vitrine
Fran Parente
O papel de parede texturizado Les Songes Toscans, da Arte International, na BF Tecidos e Papéis, cobre o lavabo com pia escultural Lapiaz, da Maison Valentino para a Boca do Lobo
Fran Parente
Resolvida a parte estrutural, era hora de compor o décor, onde arte e mobiliário são protagonistas. “Os moradores são muito alegres, divertidos, festeiros, e o apartamento precisava refletir a personalidade deles”, diz Sig. Diante da planta grandiosa, investiram em acabamentos nobres para conquistar uma atmosfera mais aconchegante. Além do travertino e do mármore – aplicados em detalhes da escada e no rooftop –, painéis de carvalho-europeu de alto brilho envelopam a área social principal. “Esse espaço tem pé-direito duplo, por isso usamos os painéis – para deixar tudo mais cozy”, explica Murilo.
+ Em novembro, Casa Vogue celebra 50 anos com grandes nomes da arquitetura
Na sala de TV do último andar, o sofá Bluffer, design India Mahdavi para a Ralph Pucci, acompanha par de poltronas Lilas, design Dainelli Studio para a Gallotti&Radice, na Casual Móveis, poltrona CDC.1, design Carlo De Carli para a Gubi, e mesa da Vermeil
Fran Parente
Em um canto do living, aparador Origami 516, espelho Tumulte e luminária Elancee, tudo design Hervé Van Der Straeten para a Ralph Pucci
Fran Parente
Em um dos quartos, poltrona do acervo da família e banco da Vermeil, sobre tapete da Vitrine
Fran Parente
Segundo o arquiteto, contribuiu (e muito!) o apreço dos proprietários por mobiliário assinado: eles sabem reconhecer e valorizar o design autoral. Peças de criativos brasileiros como Jader Almeida e os irmãos Campana integram composições com itens internacionais de Hervé Van Der Straeten e Patrick Naggar. São móveis produzidos em edições limitadas com desenhos audaciosos, esculturas funcionais, praticamente. “O melhor é que, no final, a gente já não sabia mais o que fomos nós que sugerimos e o que foram eles próprios que compraram. Foi uma sinergia total”, completa Murilo.
Fizemos uma piscina com fundo transparente para ver da sala. Foi um desafio
No rooftop, a piscina ganhou borda de ônix e, ao redor dela, espreguiçadeiras Rams e mesas laterais Strap, de Paola Lenti, na Casual Móveis
Fran Parente
Envolto por cortinas de macramê da Manjabosco, o living traz dois sofás June, de Jader Almeida, par de poltronas amarelas Newton, design Patrick Naggar para a Ralph Pucci, dupla de poltronas azuis reformadas pela Paschoal Ambrosio, mesa de centro Claude, da Paolo Castelli, na Casual Móveis, e duas mesas laterais Volubile 538, que amparam luminárias Pastilles 373, tudo de Hervé Van Der Straeten, sobre tapete da Vitrine
Fran Parente
No living, estão algumas das peças mais icônicas da coleção de arte dos moradores: uma tela do colombiano Fernando Botero, uma escultura do indiano Anish Kapoor e uma pintura do libanês Nabil Nahas. No acesso à escada helicoidal, uma imponente escultura de resina do espanhol Manolo Valdés convida a subir para a piscina. No topo, a nadadora hiper-realista da artista americana Carole A. Feuerman emerge prestes a mergulhar. Oportuno e surpreendente – afinal, nada é por acaso quando há tanto talento em jogo. “Queríamos soluções diferentes para esse apartamento. Os proprietários têm outros imóveis, então eles buscavam algo realmente único aqui. Foi o que a gente entregou”, conclui Murilo.
*Matéria originalmente publicada na edição de novembro/2025 da Casa Vogue (CV 478), disponível em versão impressa, na nossa loja virtual e para assinantes no app Globo Mais.
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No hall do último pavimento, a escultura Monumental Quan with Pearl Ball (2016), de Carole A. Feuerman, figura sobre o piso de travertino, próxima à luminária de Murano garimpada pelos moradores, que paira sobre a escada revestida de carvalho-europeu
Fran Parente
Foi, inclusive, por conta de suas incursões nesse estilo que teve seus primeiros trabalhos publicados nesta Casa Vogue, no final dos anos 1970 e início da década de 1980. “Na época, eu fazia projetos com uma influência oriental. Viajava muito para a Indonésia e a Índia, trazia referências de lá. Como a revista, eu vivo mudando, me reinventando, vendo coisas novas… Esse aqui é um projeto supermoderno, superdiferente. Não tem mais nada a ver com o que eu fazia no passado”, reflete.
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Os experimentos estéticos dos últimos 15 anos têm muita influência de Murilo, com quem Sig divide a vida e o escritório. Juntos, formam um casal inventivo e carismático, que aposta no high-low, incorpora o modernismo, brinca com o contemporâneo e até flerta (de leve) com o minimalismo. “A gente não tem uma vida profissional e outra pessoal. É tudo a mesma coisa”, comenta Murilo. “Estamos o tempo todo criando, bolando, desenhando… Sempre falando de arte, de criação. Tenho um lado meio irreverente para não seguir a massificação. Vou por fora da moda total. Acho que a casa tem que ter calor humano. Todos os clientes que nos procuram querem isso”, defende Sig.
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Em uma das salas de jantar, mesa Frame, de Jader Almeida, com cadeiras Argo, design Patrick Naggar para a Ralph Pucci, sob luminária 1000 Karat Blau, de Ingo Maurer, na Fas Iluminação, e bufê Scrigno, do Estúdio Campana, na Firmacasa (à esq. na foto)
Fran Parente
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Foi com esse espírito que encararam o desafio de criar os interiores deste imóvel. “Os proprietários viajam muito e têm muitas referências do exterior. Gostam de arte contemporânea. A ideia era criar um apartamento classudo, mas que tivesse cor, um ar mais jovem e nada careta”, relata Murilo. Começaram redesenhando toda a planta de 1,8 mil m², distribuída em três pavimentos – as áreas sociais ficam no primeiro e no terceiro, enquanto os quartos ocupam o segundo andar.
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Fran Parente
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Fran Parente
Como os clientes são exímios anfitriões, previram amplos espaços para receber, incluindo duas salas de jantar, um living generoso e uma área de lazer no alto do edifício. Surgiu ali o grande desafio técnico da empreitada. Prevista no projeto, a piscina precisava passar por uma modificação estrutural. “Nos pediram uma piscina com fundo transparente, que pudessem ver da sala”, conta Murilo. Posicionada sobre o living, portanto, ela funcionaria como uma claraboia, inundando o espaço com luz natural.
Os proprietários são muito alegres, divertidos, festeiros, e o apartamento precisava refletir a personalidade energética deles
Na sala de jogos, tela de Nabil Nahas, mesa da Vermeil e cadeiras Sylvie, design Andrea Parisio para a Meridiani
Fran Parente
O hall de entrada tem espelho da Maison Valentino e console Borderline, de Hervé Van Der Straeten, sobre piso da Parke
Fran Parente
Depois de muitos cálculos e com o envolvimento de uma equipe de engenheiros (o processo todo levou mais de dois anos), chegaram a uma solução impressionante. Com 3 x 7,5 m, a piscina ganhou um fundo de acrílico, composto por dois painéis de 14 cm de espessura, feitos sob medida. Como não havia fornecedor no Brasil, o material foi encomendado na Bélgica. Chegou de contêiner e foi içado à cobertura. “A gente não conhece ninguém que tenha feito algo parecido”, afirma Murilo.
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A sala de jantar do último pavimento, com cadeiras Nahéma, da Koket, na Casual Móveis – no bar, banquetas High L, design Nina Seirafi para a Ralph Pucci, e pendentes Ponto, de Jader Almeida
Fran Parente
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Fran Parente
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Fran Parente
Resolvida a parte estrutural, era hora de compor o décor, onde arte e mobiliário são protagonistas. “Os moradores são muito alegres, divertidos, festeiros, e o apartamento precisava refletir a personalidade deles”, diz Sig. Diante da planta grandiosa, investiram em acabamentos nobres para conquistar uma atmosfera mais aconchegante. Além do travertino e do mármore – aplicados em detalhes da escada e no rooftop –, painéis de carvalho-europeu de alto brilho envelopam a área social principal. “Esse espaço tem pé-direito duplo, por isso usamos os painéis – para deixar tudo mais cozy”, explica Murilo.
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Fran Parente
Em um dos quartos, poltrona do acervo da família e banco da Vermeil, sobre tapete da Vitrine
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Segundo o arquiteto, contribuiu (e muito!) o apreço dos proprietários por mobiliário assinado: eles sabem reconhecer e valorizar o design autoral. Peças de criativos brasileiros como Jader Almeida e os irmãos Campana integram composições com itens internacionais de Hervé Van Der Straeten e Patrick Naggar. São móveis produzidos em edições limitadas com desenhos audaciosos, esculturas funcionais, praticamente. “O melhor é que, no final, a gente já não sabia mais o que fomos nós que sugerimos e o que foram eles próprios que compraram. Foi uma sinergia total”, completa Murilo.
Fizemos uma piscina com fundo transparente para ver da sala. Foi um desafio
No rooftop, a piscina ganhou borda de ônix e, ao redor dela, espreguiçadeiras Rams e mesas laterais Strap, de Paola Lenti, na Casual Móveis
Fran Parente
Envolto por cortinas de macramê da Manjabosco, o living traz dois sofás June, de Jader Almeida, par de poltronas amarelas Newton, design Patrick Naggar para a Ralph Pucci, dupla de poltronas azuis reformadas pela Paschoal Ambrosio, mesa de centro Claude, da Paolo Castelli, na Casual Móveis, e duas mesas laterais Volubile 538, que amparam luminárias Pastilles 373, tudo de Hervé Van Der Straeten, sobre tapete da Vitrine
Fran Parente
No living, estão algumas das peças mais icônicas da coleção de arte dos moradores: uma tela do colombiano Fernando Botero, uma escultura do indiano Anish Kapoor e uma pintura do libanês Nabil Nahas. No acesso à escada helicoidal, uma imponente escultura de resina do espanhol Manolo Valdés convida a subir para a piscina. No topo, a nadadora hiper-realista da artista americana Carole A. Feuerman emerge prestes a mergulhar. Oportuno e surpreendente – afinal, nada é por acaso quando há tanto talento em jogo. “Queríamos soluções diferentes para esse apartamento. Os proprietários têm outros imóveis, então eles buscavam algo realmente único aqui. Foi o que a gente entregou”, conclui Murilo.
*Matéria originalmente publicada na edição de novembro/2025 da Casa Vogue (CV 478), disponível em versão impressa, na nossa loja virtual e para assinantes no app Globo Mais.
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