O futuro já foi sinônimo de esperança, cor e curvas ousadas. Nos anos 1960, principalmente, a corrida espacial e os avanços tecnológicos alimentaram um imaginário coletivo que transbordou para diferentes áreas de conhecimento. A estética da Space Age — em português, Era Espacial — ganhou força e se estabeleceu como tendência durante esse contexto social e histórico, inclusive na arquitetura e no design.
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Cadeiras em formato de cápsula, luminárias que lembravam satélites e vestidos metálicos marcaram uma época de otimismo utópico, em que se acreditava que a tecnologia poderia solucionar os problemas da humanidade. Hoje, esse estilo ressurge como um respiro nostálgico.
O nascimento da estética espacial
Em meados do século 20, o mundo vivia transformações sociais, políticas e culturais intensas. O avanço da industrialização e a valorização da técnica, da velocidade e da inovação deram origem a uma nova visão estética e cultural, centrada na tecnologia e no futuro. A obra Manifesto Futurista, do escritor, poeta e artista italiano Filippo Tommaso Marinetti, impulsionou esses ideais.
“Era uma linguagem que tensionava tradições estabelecidas, projetando um horizonte guiado pelo progresso tecnológico e pela integração entre corpo humano e sistemas artificiais”, afirma Marcelo Teixeira, arquiteto e urbanista, e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Chaise Longue ‘Djinn’ (1964), do designer industrial francês Olivier Mourgue, em exposição no Museu Les Arts Décoratifs em Paris, França. Fotografia de 2008
THOR/Wikimedia Commons
Outro acontecimento importante foi a corrida espacial. O lançamento do satélite soviético, Sputnik 1, em 1957, não foi apenas um feito tecnológico, mas também um catalisador cultural desse processo de disputas geopolíticas.
“Era um campo de batalha simbólico pela supremacia tecnológica e ideológica, que gerou um investimento maciço em tecnologia e capturou a atenção do mundo inteiro”, salienta Bibiana Wittmann Lanzarin, docente no curso técnico em design de interiores do Senac EAD.
Materialidades, cores e geometrias inovadoras da Era Espacial
Essa percepção e o desenvolvimento industrial no período foram decisivos para que designers, arquitetos e estilistas explorassem materiais e formas inéditos. O uso de plásticos moldados, fibra de vidro, acrílico, ligas metálicas leves e PVC deu liberdade aos criativos para produzir móveis arredondados e esculturais, além de construções com formatos diferenciados.
As cores reforçavam esse clima de otimismo e ousadia. Em contraste com o modernismo sóbrio, os interiores ganharam tons de laranja, vermelho, amarelo e roxo, sempre em diálogo com o branco puro e o prata metálico. “As paletas da época traduziam o impacto das máquinas e da técnica sobre a vida cotidiana”, aponta Marcelo.
A Cúpula Geodésica de Montreal, no Canadá, construída em 1967, é um dos ícones arquitetônicos da Era Espacial. Criada pelo arquiteto estadunidense Buckminster Fuller, a estrutura metálica foi desenvolvida a partir da geometria sinérgica e inspirada nos princípios de construção da natureza, tornando-se símbolo de inovação e experimentação tecnológica
Flickr/Alberto Campo Baeza/Creative Commons
As geometrias também marcaram época e rejeitaram a rigidez das linhas retas. Esferas, ovos e cápsulas inspiradas em planetas e naves espaciais criaram interiores com aparência lúdica e futurista. “Eram formas esculturais, fluidas e aerodinâmicas, que transformavam os lares em microcosmos do futuro”, diz Bibiana.
Profissionais e trabalhos de destaque da estética espacial
Diversos designers e arquitetos tornaram-se ícones do movimento, cada um com uma interpretação única do contexto vivenciado. “A arquitetura e o design contemporâneo passam a operar não apenas como campos técnicos, mas como territórios de especulação cultural, onde forma, tecnologia e imaginação convergem na construção de novos imaginários possíveis para o mundo projetado”, afirma Marcelo.
O arquiteto Buckminster Fuller diante da representação de sua proposta de cidade abobadada, apresentada pela primeira vez ao público em uma reunião comunitária em East St. Louis, Illinois, Estados Unidos, em 1971
Steve Yelvington/Wikimedia Commons
Por exemplo, os estadunidenses Buckminster Fuller (arquiteto), Raymond Loewy (designer industrial) e Norman Bel Geddes (designer industrial e cenógrafo) exploraram novas formas de habitar, se deslocar e interagir com o mundo.
O Dymaxion Car foi um carro-conceito projetado pelo inventor e arquiteto Buckminster Fuller em 1933
Flickr/Sascha Pohflepp/Creative Commons; Flickr/Penn State Special Collections/Creative Commons | Montagem: Casa e Jardim
Buckminster Fuller criou o veículo Dymaxion Car e as casas Dymaxion Houses, combinando geometria avançada, inovação estrutural e economia de recursos, enquanto Raymond Loewy aplicava princípios aerodinâmicos e superfícies contínuas em produtos icônicos, como a embalagem da marca de cigarros Luck Strike.
A Dymaxion House, criada pelo arquiteto estadunidense Buckminster Fuller, apresentava planta circular e estrutura de aço inoxidável, explorando o “efeito cúpula” para ventilação e estabilidade. O protótipo foi doado em 1990 ao Museu Henry Ford (Michigan, EUA), onde permanece em exposição após sua restauração em 2001
Flickr/Joseph/Creative Commons
Norman Bel Geddes explorou o streamline moderne e as formas curvas em edifícios e veículos, refletindo o otimismo tecnológico e a crença em um futuro moldado por um design inovador.
O designer finlandês Eero Aarnio ao lado de sua criação, a poltrona Ball Chair. Fotografia de 1975, capturada no então novo showroom de móveis Van de Meer, em Diemen, na Holanda
Anefo/Bert Verhoeff/Wikimedia Commons
O estadunidense Henry Dreyfuss e o alemão Dieter Rams, ambos designers, aproximaram funcionalidade e estética, cada um à sua maneira. Dreyfuss priorizava ergonomia e experiência humana, criando objetos intuitivos e confortáveis; Rams, à frente da empresa alemã Braun, consolidou os princípios do minimalismo, influenciando diretamente designers contemporâneos, como Jonathan Ive, da Apple.
A Mini-Kitchen, criada em 1964 pelo designer italiano Joe Colombo para a Boffi, é um bloco compacto que concentra fogão, geladeira, pia e espaço de armazenamento. O projeto sintetiza a visão futurista de Colombo, que buscava soluções funcionais e modulares para a vida urbana
Sailko/Wikimedia Commons
A busca por simplicidade e eficiência estética também se refletiu em Joe Colombo, designer industrial italiano, e Eero Aarnio, designer finlandês. O primeiro criou soluções modulares como a Mini-kitchen (uma cozinha compacta e integrada), enquanto o segundo desenvolveu peças icônicas, a exemplo da Ball Chair, poltrona esférica que se tornou símbolo do design futurista.
A Biblioteca e Centro de Aprendizagem da Universidade de Economia e Negócios de Viena (WU), na Áustria, projetada pela arquiteta iraquiana Zaha Hadid, é um marco da arquitetura contemporânea e exemplo da estética fluida característica de sua obra
Flickr/Billie Grace Ward/Creative Commons
Os arquitetos Frank Gehry (estadunidense) e Zaha Hadid (britânica) romperam com a tradição arquitetônica, explorando geometrias complexas e superfícies fluidas que parecem desafiar a gravidade. Gehry impressionou o mundo com o Museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha, e Hadid projetou edifícios que parecem estar em movimento constante, combinando tecnologia, imaginação e fluidez espacial.
Museu Guggenheim Bilbao, na Espanha, é um projeto do arquiteto estadunidense Frank Gehry e chama atenção pela grandiosidade e estrutura metálica
Pexels/David Vives/Creative Commons
No design de móveis, nomes como o dinamarquês Verner Panton e o francês Olivier Mourgue exploraram linhas curvas e futuristas. Panton criou a primeira cadeira moldada em uma única peça de plástico e desenvolveu interiores psicodélicos conhecidos como “paisagens interiores”. Mourgue projetou a icônica cadeira Djinn, famosa por seu formato sinuoso e pela aparição no filme 2001: Uma Odisseia no Espaço.
Cadeira Panton, criada em 1967 pelo designer dinamarquês Verner Panton. Primeira cadeira moldada em uma única peça de plástico, destaca-se pelo acabamento brilhante, pelas formas ousadas e pela inovação material
Flickr/Peter Guthrie/Creative Commons
Muitos profissionais da estética espacial não se limitaram a projetos individuais e se organizaram em coletivos que exploravam novas formas de habitar e imaginar o mundo.
Grupos como o italiano Superstudio, fundado em 1966 em Florença, e o britânico Archigram, criado em 1961 em Londres, propunham cidades modulares, móveis inovadores e se aproximavam do universo da ficção científica, incorporando tecnologia e criticando a lógica da sociedade de consumo.
O projeto Walking City, concebido pelo coletivo britânico Archigram na década de 1960, consistia em megastruturas móveis e autossuficientes, capazes de se deslocar pelo mundo como cidades itinerantes
Flickr/Mark Hinchman/Creative Commons
Para além do design e da arquitetura
A estética Space Age ultrapassou móveis e edifícios, permeando moda, cinema, arte e produtos do cotidiano. Inspirou coleções futuristas, figurinos icônicos e experiências visuais imersivas.
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Essa colaboração interdisciplinar envolveu o estilista e designer franco-italiano Pierre Cardin, o estilista francês André Courrèges e o estilista e designer franco-espanhol Paco Rabanne, que uniram arte, ciência e tecnologia na criação de vestuários, acessórios e exibições que ainda influenciam o design contemporâneo.
A Space Age também chegou ao universo da moda, com formas geométricas inovadoras e que remetiam a elementos espaciais. Na imagem, cena da exposição Pierre Cardin: Future Fashion, que aconteceu no Brooklyn Museum (New York, EUA) de 20 de julho de 2019 a 5 de janeiro de 2020
Flickr/Maureen/Creative Commons
A estética da Era Espacial continua relevante, mas sua percepção mudou. Hoje, o diálogo com o presente ocorre principalmente por meio do retrofuturismo. “Não vemos mais esse design como previsão literal do futuro, mas como uma visão nostálgica e otimista de um futuro imaginado no passado. Em um presente muitas vezes marcado por incertezas, a estética atua como um ‘antídoto’, convidando ao sonho e à imaginação”, finaliza Bibiana.
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Cadeiras em formato de cápsula, luminárias que lembravam satélites e vestidos metálicos marcaram uma época de otimismo utópico, em que se acreditava que a tecnologia poderia solucionar os problemas da humanidade. Hoje, esse estilo ressurge como um respiro nostálgico.
O nascimento da estética espacial
Em meados do século 20, o mundo vivia transformações sociais, políticas e culturais intensas. O avanço da industrialização e a valorização da técnica, da velocidade e da inovação deram origem a uma nova visão estética e cultural, centrada na tecnologia e no futuro. A obra Manifesto Futurista, do escritor, poeta e artista italiano Filippo Tommaso Marinetti, impulsionou esses ideais.
“Era uma linguagem que tensionava tradições estabelecidas, projetando um horizonte guiado pelo progresso tecnológico e pela integração entre corpo humano e sistemas artificiais”, afirma Marcelo Teixeira, arquiteto e urbanista, e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Chaise Longue ‘Djinn’ (1964), do designer industrial francês Olivier Mourgue, em exposição no Museu Les Arts Décoratifs em Paris, França. Fotografia de 2008
THOR/Wikimedia Commons
Outro acontecimento importante foi a corrida espacial. O lançamento do satélite soviético, Sputnik 1, em 1957, não foi apenas um feito tecnológico, mas também um catalisador cultural desse processo de disputas geopolíticas.
“Era um campo de batalha simbólico pela supremacia tecnológica e ideológica, que gerou um investimento maciço em tecnologia e capturou a atenção do mundo inteiro”, salienta Bibiana Wittmann Lanzarin, docente no curso técnico em design de interiores do Senac EAD.
Materialidades, cores e geometrias inovadoras da Era Espacial
Essa percepção e o desenvolvimento industrial no período foram decisivos para que designers, arquitetos e estilistas explorassem materiais e formas inéditos. O uso de plásticos moldados, fibra de vidro, acrílico, ligas metálicas leves e PVC deu liberdade aos criativos para produzir móveis arredondados e esculturais, além de construções com formatos diferenciados.
As cores reforçavam esse clima de otimismo e ousadia. Em contraste com o modernismo sóbrio, os interiores ganharam tons de laranja, vermelho, amarelo e roxo, sempre em diálogo com o branco puro e o prata metálico. “As paletas da época traduziam o impacto das máquinas e da técnica sobre a vida cotidiana”, aponta Marcelo.
A Cúpula Geodésica de Montreal, no Canadá, construída em 1967, é um dos ícones arquitetônicos da Era Espacial. Criada pelo arquiteto estadunidense Buckminster Fuller, a estrutura metálica foi desenvolvida a partir da geometria sinérgica e inspirada nos princípios de construção da natureza, tornando-se símbolo de inovação e experimentação tecnológica
Flickr/Alberto Campo Baeza/Creative Commons
As geometrias também marcaram época e rejeitaram a rigidez das linhas retas. Esferas, ovos e cápsulas inspiradas em planetas e naves espaciais criaram interiores com aparência lúdica e futurista. “Eram formas esculturais, fluidas e aerodinâmicas, que transformavam os lares em microcosmos do futuro”, diz Bibiana.
Profissionais e trabalhos de destaque da estética espacial
Diversos designers e arquitetos tornaram-se ícones do movimento, cada um com uma interpretação única do contexto vivenciado. “A arquitetura e o design contemporâneo passam a operar não apenas como campos técnicos, mas como territórios de especulação cultural, onde forma, tecnologia e imaginação convergem na construção de novos imaginários possíveis para o mundo projetado”, afirma Marcelo.
O arquiteto Buckminster Fuller diante da representação de sua proposta de cidade abobadada, apresentada pela primeira vez ao público em uma reunião comunitária em East St. Louis, Illinois, Estados Unidos, em 1971
Steve Yelvington/Wikimedia Commons
Por exemplo, os estadunidenses Buckminster Fuller (arquiteto), Raymond Loewy (designer industrial) e Norman Bel Geddes (designer industrial e cenógrafo) exploraram novas formas de habitar, se deslocar e interagir com o mundo.
O Dymaxion Car foi um carro-conceito projetado pelo inventor e arquiteto Buckminster Fuller em 1933
Flickr/Sascha Pohflepp/Creative Commons; Flickr/Penn State Special Collections/Creative Commons | Montagem: Casa e Jardim
Buckminster Fuller criou o veículo Dymaxion Car e as casas Dymaxion Houses, combinando geometria avançada, inovação estrutural e economia de recursos, enquanto Raymond Loewy aplicava princípios aerodinâmicos e superfícies contínuas em produtos icônicos, como a embalagem da marca de cigarros Luck Strike.
A Dymaxion House, criada pelo arquiteto estadunidense Buckminster Fuller, apresentava planta circular e estrutura de aço inoxidável, explorando o “efeito cúpula” para ventilação e estabilidade. O protótipo foi doado em 1990 ao Museu Henry Ford (Michigan, EUA), onde permanece em exposição após sua restauração em 2001
Flickr/Joseph/Creative Commons
Norman Bel Geddes explorou o streamline moderne e as formas curvas em edifícios e veículos, refletindo o otimismo tecnológico e a crença em um futuro moldado por um design inovador.
O designer finlandês Eero Aarnio ao lado de sua criação, a poltrona Ball Chair. Fotografia de 1975, capturada no então novo showroom de móveis Van de Meer, em Diemen, na Holanda
Anefo/Bert Verhoeff/Wikimedia Commons
O estadunidense Henry Dreyfuss e o alemão Dieter Rams, ambos designers, aproximaram funcionalidade e estética, cada um à sua maneira. Dreyfuss priorizava ergonomia e experiência humana, criando objetos intuitivos e confortáveis; Rams, à frente da empresa alemã Braun, consolidou os princípios do minimalismo, influenciando diretamente designers contemporâneos, como Jonathan Ive, da Apple.
A Mini-Kitchen, criada em 1964 pelo designer italiano Joe Colombo para a Boffi, é um bloco compacto que concentra fogão, geladeira, pia e espaço de armazenamento. O projeto sintetiza a visão futurista de Colombo, que buscava soluções funcionais e modulares para a vida urbana
Sailko/Wikimedia Commons
A busca por simplicidade e eficiência estética também se refletiu em Joe Colombo, designer industrial italiano, e Eero Aarnio, designer finlandês. O primeiro criou soluções modulares como a Mini-kitchen (uma cozinha compacta e integrada), enquanto o segundo desenvolveu peças icônicas, a exemplo da Ball Chair, poltrona esférica que se tornou símbolo do design futurista.
A Biblioteca e Centro de Aprendizagem da Universidade de Economia e Negócios de Viena (WU), na Áustria, projetada pela arquiteta iraquiana Zaha Hadid, é um marco da arquitetura contemporânea e exemplo da estética fluida característica de sua obra
Flickr/Billie Grace Ward/Creative Commons
Os arquitetos Frank Gehry (estadunidense) e Zaha Hadid (britânica) romperam com a tradição arquitetônica, explorando geometrias complexas e superfícies fluidas que parecem desafiar a gravidade. Gehry impressionou o mundo com o Museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha, e Hadid projetou edifícios que parecem estar em movimento constante, combinando tecnologia, imaginação e fluidez espacial.
Museu Guggenheim Bilbao, na Espanha, é um projeto do arquiteto estadunidense Frank Gehry e chama atenção pela grandiosidade e estrutura metálica
Pexels/David Vives/Creative Commons
No design de móveis, nomes como o dinamarquês Verner Panton e o francês Olivier Mourgue exploraram linhas curvas e futuristas. Panton criou a primeira cadeira moldada em uma única peça de plástico e desenvolveu interiores psicodélicos conhecidos como “paisagens interiores”. Mourgue projetou a icônica cadeira Djinn, famosa por seu formato sinuoso e pela aparição no filme 2001: Uma Odisseia no Espaço.
Cadeira Panton, criada em 1967 pelo designer dinamarquês Verner Panton. Primeira cadeira moldada em uma única peça de plástico, destaca-se pelo acabamento brilhante, pelas formas ousadas e pela inovação material
Flickr/Peter Guthrie/Creative Commons
Muitos profissionais da estética espacial não se limitaram a projetos individuais e se organizaram em coletivos que exploravam novas formas de habitar e imaginar o mundo.
Grupos como o italiano Superstudio, fundado em 1966 em Florença, e o britânico Archigram, criado em 1961 em Londres, propunham cidades modulares, móveis inovadores e se aproximavam do universo da ficção científica, incorporando tecnologia e criticando a lógica da sociedade de consumo.
O projeto Walking City, concebido pelo coletivo britânico Archigram na década de 1960, consistia em megastruturas móveis e autossuficientes, capazes de se deslocar pelo mundo como cidades itinerantes
Flickr/Mark Hinchman/Creative Commons
Para além do design e da arquitetura
A estética Space Age ultrapassou móveis e edifícios, permeando moda, cinema, arte e produtos do cotidiano. Inspirou coleções futuristas, figurinos icônicos e experiências visuais imersivas.
Leia mais
Essa colaboração interdisciplinar envolveu o estilista e designer franco-italiano Pierre Cardin, o estilista francês André Courrèges e o estilista e designer franco-espanhol Paco Rabanne, que uniram arte, ciência e tecnologia na criação de vestuários, acessórios e exibições que ainda influenciam o design contemporâneo.
A Space Age também chegou ao universo da moda, com formas geométricas inovadoras e que remetiam a elementos espaciais. Na imagem, cena da exposição Pierre Cardin: Future Fashion, que aconteceu no Brooklyn Museum (New York, EUA) de 20 de julho de 2019 a 5 de janeiro de 2020
Flickr/Maureen/Creative Commons
A estética da Era Espacial continua relevante, mas sua percepção mudou. Hoje, o diálogo com o presente ocorre principalmente por meio do retrofuturismo. “Não vemos mais esse design como previsão literal do futuro, mas como uma visão nostálgica e otimista de um futuro imaginado no passado. Em um presente muitas vezes marcado por incertezas, a estética atua como um ‘antídoto’, convidando ao sonho e à imaginação”, finaliza Bibiana.