Truque das chaves para escolher as melhores frutas do mercado funciona? Veja a verdade

Você já ouviu falar no truque das chaves? O método, que ganhou destaque nas redes sociais, promete revelar a presença de produtos químicos em frutas, verduras e legumes. Mas, será que ele realmente funciona?
De acordo com quem propaga a técnica na internet, ao passar uma chave na casca de uma fruta é possível saber se ela recebeu cera, ou seja, um tratamento químico para ficar mais atrativa ao consumidor. Se ao fazer o gesto, a chave ficar com um pó branco, a resposta é positiva e a fruta deve ser evitada. Entretanto, especialistas alertam: o truque não é confiável.
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“Esse método não possui base científica. O aparecimento de um pó esbranquiçado ao passar uma chave pode ocorrer por vários motivos que não têm relação com ceras ou produtos químicos, como abrasão natural da casca, pigmentos naturais desprendendo ou sujeira da própria chave”, explica a engenheira de alimentos Keliani Bordin, professora do curso de Engenharia Química da Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
O papel das ceras nas frutas e o impacto na saúde humana
Segundo Keliani, no Brasil, assim como em muitos outros países, o uso de ceras e agentes de revestimento em frutas é comum, especialmente em maçãs, laranjas, limões e outras frutas com cascas mais firmes. Elas são aplicadas para reduzir a perda de água, retardar o amadurecimento e prolongar a vida de prateleira, permitindo que o alimento chegue em melhor estado ao mercado.
Além disso, esclarece a professora, a cera substitui a camada natural protetora da fruta, que é parcialmente removida durante processos de lavagem industrial. “Vale ressaltar que as ceras permitidas são regulamentadas e aprovadas por órgãos como ANVISA e Ministério da Agricultura. Quando utilizadas corretamente e dentro dos limites estabelecidos, não oferecem risco à saúde. Além disso, as ceras aprovadas para uso em alimentos são transparentes e não formam pó, portanto não seriam detectadas pelo truque das chaves.”
Como saber se um alimento possui excesso de produtos químicos
A higienização adequada reduz resíduos superficiais e elimina microrganismos que podem causar doenças
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De modo geral, quando os defensivos agrícolas e as ceras são utilizados dentro dos limites estabelecidos pela legislação, eles não apresentam riscos comprovados para a saúde. O problema surge quando há uso inadequado, como quantidades acima das recomendadas, uso de substâncias proibidas, ou alimentos colhidos antes do tempo necessário para que o produto químico seja naturalmente eliminado da planta. Nestes casos, os resíduos excessivos podem causar irritações, alergias e, em exposições crônicas muito elevadas, possíveis impactos hormonais e neurológicos.
Ainda assim, alerta a nutricionista Isabela Milagres, o consumidor não consegue identificar sozinho se há excesso de produtos químicos nos alimentos. “Isso é controlado por limites e fiscalização oficial. Aparência ou cheiro não indicam contaminação. A melhor forma de reduzir a exposição é optar por produtos com procedência clara e fazer a higienização correta”, afirma a profissional.
Como se proteger do excesso de produtos químicos nos alimentos
Para se proteger do excesso de produtos químicos nos alimentos frescos, como frutas, legumes e verduras, o primeiro passo, dizem as especialistas, é realizar as compras em locais confiáveis. “Opte por produtores certificados. Cooperativas e hortifrútis que seguem boas práticas de produção e manipulação aumentam significativamente a segurança do consumidor”, comenta Keliani.
É importante ainda fazer uma boa higienização dos alimentos. “A limpeza adequada reduz resíduos superficiais e elimina microrganismos que podem causar doenças. Primeiro, selecione os alimentos, retirando folhas e partes danificadas. Em seguida, lave cada fruta, legume ou folha em água corrente, um a um. Depois, deixe o alimento imerso por cerca de 10 minutos em água clorada, utilizando um produto sanitizante próprio para alimentos, sempre seguindo a diluição indicada no rótulo. Por fim, enxágue novamente em água corrente e siga com o preparo”, orienta a docente da PUC PR.
Preferir alimentos da estação, de produtores locais e com rastreabilidade também diminui a exposição a químicos, bem como optar por itens orgânicos. “A forma segura de identificar um produto orgânico é verificar o selo oficial de certificação. No caso de produtos a granel, devem constar dados do produtor e da certificadora. Também existe o sistema participativo, em que agricultores se certificam em grupo, sempre com registro oficial”, diz Isabela.
Descascar as frutas antes de consumir: sim ou não?
Consumo de frutas, verduras e legumes é muito mais benéfico do que qualquer risco ligado à exposição residual a químicos
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Sempre que se fala do uso de produtos químicos em alimentos, surge a dúvida se é melhor descascar ou não frutas como maçãs, peras, uvas, entre outros. Na opinião de Isabela, o mais importante é ampliar o consumo de alimentos frescos, a partir da escolha de boas fontes e da higienização correta.
“É importante reforçar que o consumo de frutas, verduras e legumes é muito mais benéfico do que qualquer risco ligado à exposição residual a químicos. A maioria dos resíduos encontrados no Brasil está dentro dos limites seguros, e a higienização reduz ainda mais essa exposição. Descascar as frutas diminui o consumo de fibras, vitaminas e compostos antioxidantes presentes na casca e pode ser preferível apenas para crianças pequenas, gestantes ou pessoas imunossuprimidas, quando houver dúvidas sobre a procedência do alimento”, conclui a nutricionista.
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