Vai reformar? Evite esses 8 erros que podem deixar a obra muito mais cara

Aprenda a identificar e prevenir os deslizes que podem fazer a sua obra sair do orçamento previsto A realização de uma obra, seja ela a construção de um novo espaço, seja a reforma de um ambiente existente, traz uma sensação de conquista e renovação. No entanto, para que tudo saia conforme o planejado – sem surpresas desagradáveis – é essencial ter um bom planejamento. Caso contrário, alguns erros podem fazer o orçamento sair do controle e transformar o seu sonho em uma dor de cabeça.
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“O planejamento de qualquer atividade, em especial de uma obra, é essencial para podermos provisionar as atividades que serão realizadas, bem como os recursos financeiros para a sua execução. Esta etapa é essencial e primordial para que o orçamento não extrapole os nossos limites”, afirma Alexandre Ferraz de Campos, coordenador do curso de Engenharia Civil da Faculdade Anhanguera.
A importância de um bom planejamento
Conte com a ajuda de um profissional habilitado para ter certeza sobre o orçamento antes de iniciar a reforma
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Segunda a arquiteta Manoella Alves, tudo feito com organização, previsibilidade e planejamento auxilia na economia. “Em obras, isso não é diferente. Se já temos definido, em projeto, tudo o que será usado em determinada construção, conseguimos prever o custo dela e se está dentro da expectativa financeira do cliente”, garante.
Ela explica que a programação deve considerar possíveis reajustes de valores para cada fase da obra. “É o que chamamos de margem, mas com o planejamento bem feito essa margem é só uma medida de segurança para que não se ultrapasse o limite do que pode ser investido, assim não geramos frustrações e desgaste com o cliente”, esclarece a arquiteta.
Erros mais comuns que podem aumentar os custos e atrasar a obra
Os erros mais comuns acontecem em contrações de serviços, especialmente quando mal gerenciados. “Seja qual for a obra, é essencial ser respeitada a sequência das etapas construtivas, pois é desta forma que conseguimos minimizar o retrabalho, fator este que está diretamente vinculado aos custos. Quanto maior o retrabalho, maior será o desembolso”, avisa Alexandre. Confira quais são eles:
1. Falta de detalhamento do projeto
Detalhar um projeto antes de uma obra evita imprevistos, otimiza custos e prazos, além de garantir que o resultado atenda às expectativas do morador
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Um projeto mal detalhado pode gerar retrabalho, desperdício de materiais, atrasos na execução e até mesmo problemas de segurança – tudo isso contribuindo para um aumento inesperado nas despesas. “Quando não contemplamos os detalhes de execução da atividade, ficamos muito vulneráveis a se deparar com gastos não previstos pela falta de informação que deveria estar em projeto”, diz Alexandre.
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2. Erros na quantificação de materiais e 3. Mão de obra desqualificada
Erros nos cálculos de áreas, volumes e dimensões dos elementos construtivos podem levar a quantitativos errados, causando um aumento nos custos da obra
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A imprecisão na quantificação de materiais leva a excessos ou faltas de estoque. Já a mão de obra desqualificada contribui para retrabalho, atrasos e problemas de qualidade, elevando os custos operacionais.
“Não havendo o detalhamento do projeto, é evidente que erros na quantificação de materiais e mão de obra deverão acontecer, pois será inviável mensurar a quantidade de materiais necessários para execução e tão pouco prever a duração da atividade”, ele comenta.
4. Orçamento inadequado
Um orçamento inadequado pode levar a atrasos na entrega e aumento dos gastos em um projeto
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Se o orçamento for mal elaborado ou inexistente, também pode levar a imprevistos, atrasos, retrabalho e, consequentemente, a gastos adicionais que não foram planejados. “Na sequência, iremos nos deparar com um orçamento incorreto, de forma que demandaremos mais tempo e gastos com fretes para as compras complementares”, continua Alexandre.
5. Falta de cronograma realista
O cronograma que estabelece prazos muito curtos ou impossíveis de serem cumpridos, com base em expectativas pouco factíveis ou em uma análise inadequada da realidade da obra, torna-se irreal, podendo gerar frustração, retrabalho, custos adicionais e até mesmo o abandono da obra. “Posto este cenário, o cronograma ficou comprometido, ou seja, não real”, afirma o coordenador.
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6. Ausência de gestão da obra
O gestor da obra é fundamental para que os fornecedores saibam de suas funções e estejam alinhados com o cronograma
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A falta de acompanhamento técnico e gerenciamento adequado pode trazer diversas consequências negativas, que impactam diretamente o orçamento da obra. “Para que o caos se instale, basta incluir a ausência de profissionais que possam fazer a gestão da obra, estabelecendo prioridades e organizando o dia a dia”, ele reitera.
7. Sair do planejamento
É comum que ocorram desvios no planejamento durante a execução de uma obra, porém a equipe de gestão deve ficar atenta para tomar medidas corretivas e minimizar seus impactos. “O problema é que, na soma final, essas trocas geram um custo extrapolado da obra. São itens que, no momento, parecem pouco. Um exemplo clássico: quando troca o piso por um que só tem R$ 10 de diferença por metro quadrado”, exemplifica a arquiteta.
8. Modificações durante a obra
Segundo Manoella, o maior erro que as pessoas cometem são as modificações durante a obra. “O retrabalho custa muito caro. O cliente precisa entender que o momento de fazer modificações, ajustes ou tirar dúvidas, é durante a elaboração do projeto enquanto a obra ainda é apenas papel, porque depois que obra começa a acontecer, tudo gera muito mais transtorno e custo alto”, alerta.
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Medidas preventivas para amenizar esses erros
Para minimizar erros que podem encarecer uma obra, é fundamental entender as referências e os gostos do cliente, desenvolver um projeto detalhado e manter uma comunicação clara com a equipe
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Para Manoella, é importante que o cliente compreenda os benefícios da proposta oferecida para evitar esses erros durante a obra. Isso envolve comunicação clara, transparência e, acima de tudo, considerar as suas necessidades e os seus desejos.
“Assim, o próprio cliente pode atuar como fiscal na obra dele, fazendo com que o projeto ande conforme o planejado. Aos clientes que são naturalmente indecisos e não têm clareza do que querem para suas obras, cabe a nós [profissionais] extrairmos o que eles desejam e propor a melhor solução”, acredita.
É recomendável que o profissional que responsável pelo projeto também acompanhe a execução da obra, pois isso evita erros e garante que tudo seja executado conforme o planejado
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Além disso, ter um engenheiro ou arquiteto responsável pela fiscalização é essencial para garantir uma execução fiel ao projeto e às normas. Desta forma, aumentam as chances de uma obra tranquila, dentro do prazo e do orçamento, com um resultado satisfatório.
“É essencial que durante a execução da obra, o profissional envolvido, seja ele um arquiteto, seja um engenheiro, revise semanalmente as atividades que serão executadas nas próximas semanas, considerando a evolução das atividades, além de acompanhar a qualidade da execução”, comenta Alexandre.
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Como um projeto pode ser funcional e econômico simultaneamente?
A arquiteta enfatiza que um projeto arquitetônico bem elaborado é fundamental para assegurar a funcionalidade e a economia de uma obra, pois otimiza o espaço, garante a qualidade do serviço e evita desperdícios. O projeto pode proporcionar uma construção mais eficiente e durável, por meio de soluções inteligentes e adaptadas às necessidades do cliente.
Um projeto que incorpora soluções inovadoras é essencial para o sucesso de uma obra, tanto em termos de funcionalidade quanto de economia
Pexels/Mikhail Nilov/Criative Commons
“Para uma casa mais fresca, que precisa economizar energia, por exemplo, o ideal é trabalhar com ventilação cruzada nos ambientes. O pé-direito mais alto também é uma solução excelente. As chamadas telhas sanduíches são ótimas para quem quer isolamento acústico e térmico sem fazer laje. Algumas soluções com custo-benefício podem entregar qualidade por um valor baixo de investimento”, revela Manoella.
Por isso, é essencial definir um escopo preciso, gerenciar eficientemente o orçamento e adotar práticas que otimizem esses recursos. “Precisa ter confiança de que o planejado é o ideal para a sua obra. Em toda a minha experiência, a causa principal de orçamentos extrapolados são as obras que sofrem modificações durante a sua execução sem considerar o custo de tudo que já foi previsto”, ela relata.
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Dicas gerais para uma obra tranquila e sem dor de cabeça
Se você pensa em construir ou reformar um espaço, os profissionais listaram algumas dicas para você não cometer esses erros:
Evite comprar além do que realmente precisa;
Conte os revestimentos pela quantidade de peças na obra;
Compre a quantidade de materiais previstos sem exceder;
Siga a planilha orçamentária;
Atente às especificações do projeto;
Organize-se com brevidade para realizar as etapas do processo;
Antes de realizar alguma modificação durante a obra, avalie os impactos dessas alterações.
“Afinal, não existe ‘bolo gostoso sem seguir a receita’. Errou o passo, o risco de dar errado é grande. Nas obras, é o mesmo. Lembrem-se, para saborear um bolo, contamos com um bom confeiteiro. Na obra, conte com um arquiteto ou engenheiro civil”, finaliza Alexandre.

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