Você sabe a diferença entre o estilo minimalista e o escandinavo?

Comumente confundidos por terem características parecidas, os estilos de decoração escandinavo e minimalista não são iguais. “O minimalismo, antes de ser estilo decorativo, é uma filosofia que propõe um viver mais consciente, essencial e com menos excessos”, fala a arquiteta Gabriela Casagrande.
Leia mais
Adicionar Link
O minimalismo visa a redução do consumo e do acúmulo de bens materiais, e prioriza aspectos como tempo, bem-estar e as relações pessoais. “Tem muita relação com a busca pela sensação de paz, a facilidade de limpeza e a manutenção da casa”, aponta a arquiteta Vanessa Paiva, sócia do escritório Paiva & Passarini Arquitetura.
Minimalista, o espaço desenhado pela arquiteta Natália Lemos recebeu texturas para conferir aconchego, como o revestimento cimentício ondulado na parede
MCA Estúdio/Divulgação
É o famoso “menos é mais”, que nasceu como movimento artístico no século 20 e se espalhou por diversas áreas, da arquitetura ao comportamento. “A proposta é eliminar ruídos visuais e objetos sem função clara”, diz a arquiteta Marcela Muniz, uma das sócias do escritório MAB3 Arquitetura.
Na decoração, isso se traduz em ambientes limpos e com poucos móveis e elementos — todos escolhidos a dedo —, linhas retas, formas simples e paleta de cores neutras. Os espaços são abertos, fluidos, funcionais e visualmente leves. “Cada peça tem uma razão de estar ali”, fala Gabriela.
Minimalista, o espaço conta com mesa de jantar feita sob medida. Projeto da arquiteta Gabriela Casagrande
Denilson Machado/MCA Estúdio/Divulgação
Segundo a arquiteta Danielly Vasconcelos Martini, do escritório Tetriz Arquitetura, a organização não é apenas visual, mas mental. “O espaço vazio é valorizado tanto quanto o ocupado, criando uma atmosfera de paz, silêncio e contemplação”, comenta.
Com visual minimalista, o ambiente foi projetado pelo escritório MAB3 Arquitetura. A cama e a cabeceira foram feitas sob medida
Ricardo Bassetti/Divulgação
Os materiais autênticos, como concreto, madeira clara, vidro e pedra natural, são os mais usados para compor a decoração minimalista. “Os materiais costumam ser naturais, nobres e apresentados com sinceridade, como uma madeira sem envernizar demais, um linho cru, um concreto aparente. É um estilo que promove calma e foco”, comenta Gabriela.
No projeto da arquiteta Gabriela Casagrande, o minimalismo se traduz em poucos móveis e objetos
Denilson Machado/MCA Estúdio/Divulgação
Já a decoração escandinava surge no norte da Europa, em países como Suécia, Dinamarca e Noruega, como resposta ao clima de extremo frio e pouca luz natural dessas regiões, que exigem interiores mais acolhedores e luminosos.
“A sua principal busca é criar uma sensação de bem-estar emocional dentro de casa, um conceito traduzido na palavra dinamarquesa hygge, que significa conforto, aconchego e prazer nas pequenas coisas”, explica Marcela.
O estilo escandinavo mistura madeira, pedra e tons claros no ambiente projetado pelo escritório Visiê Arquitetura, das arquitetas Elisa Bell e Luiza Schmitz
Fabio Jr. Severo/Divulgação
O estilo aconchegante, voltado para aplacar os invernos rigorosos, acabou se popularizando no mundo todo como uma busca por espaços calorosos e afetivos em qualquer clima — sempre sem exageros.
“É simples, mas acolhedor. Os espaços são práticos e leves, com toques de conforto, como mantas, tapetes, velas, tudo que traz aquela sensação de casa gostosa”, indica Marcela.
Elementos naturais e tons suaves dão um toque hygge ao espaço. Projeto do escritório Paiva e Passarini Arquitetura, em parceria com o arquiteto Lucas Fernandes
Carolina Mossin/Divulgação
Essa busca se traduz no uso de muita luz natural durante o dia, mas de um iluminação mais branda ao anoitecer. Os móveis são funcionais e com design limpo, cores claras e materiais naturais, como madeira, lã, algodão e linho.
Leia mais
Adicionar Link
“A paleta é clara, predominante branca, pontuada por tons suaves, terrosos ou pastéis. A iluminação é cuidadosamente planejada, com luz difusa e velas. Os objetos decorativos, mesmo discretos, têm valor afetivo: plantas, livros, cerâmicas artesanais e memórias ganham espaço com delicadeza”, detalha a arquiteta Renata Veronesi Hoffmann, também do escritório Tetriz Arquitetura.
O estilo escandinavo confere aconchego para a decoração do ambiente neste projeto da arquiteta Djanira Cabral
OPE! – O projeto em imagens/Divulgação
Segundo Gabriela, o foco é combinar funcionalidade com uma estética quente e suave. “Há sempre alguma presença da natureza, em forma de plantas ou de texturas orgânicas”, aponta.
O ar escandinavo do projeto do escritório Paiva e Passarini Arquitetura é marcado pelo tecido na parede
Xavier Neto/Divulgação
Estéticas semelhantes, sensações diferentes
Apesar de bastante parecidos visualmente, podendo ser facilmente confundidos, a atmosfera transmitida pelos espaços minimalistas e escandinavos é diferente. Enquanto o minimalismo é mais frio e contido, o escandinavo aposta em uma atmosfera quente e receptiva, ainda que igualmente organizada e livre de excessos.
Minimalista, o espaço projetado pelo escritório Mandarina Arquitetura, das arquitetas Alexandra Kayat e Joana Pini, tem armários de MDF
Isabela Mayer/Divulgação
“A principal diferença está no propósito emocional e no tipo de acolhimento proporcionado pelo ambiente. O minimalismo é mais racional, focado no essencial e na redução. Já o escandinavo é mais emocional, busca aquecer, trazer aconchego. O primeiro tende à neutralidade mais crua e austera, enquanto o segundo incorpora mais camadas, suavidade e texturas que acolhem”, pontua Gabriela.
O projeto do escritório Rodra Cunha propôs estilo escandinavo, com paleta monocromática e móveis soltos
Mariana Orsi/Divulgação
A confusão acontece porque os dois estilos prezam por uma estética leve e descomplicada. “As paletas de cores são parecidas, os ambientes são limpos e sem excesso. Mas o clima que cada um transmite é diferente. O escandinavo é acolhedor, o minimalista é sóbrio”, explica Marcela. “O minimalismo simplifica ao máximo, enquanto o escandinavo simplifica com afeto”, resume Gabriela.
Leia mais
Adicionar Link
Outro ponto levantado pela arquiteta Claudia Passarini, também do escritório Paiva & Passarini é que, no estilo escandinavo, as cores claras são predominantes, o que nem sempre acontece com no minimalismo, onde é possível acolher tons mais fechados.
O minimalismo do projeto do escritório Osvaldo Segundo & Arquitetos Associados foca na sobriedade mesclada aos elementos naturais
Fábio Jr. Severo/Divulgação
“Embora ambos valorizem a simplicidade, seguem caminhos diferentes. O primeiro busca eliminar o supérfluo, enquanto o segundo permite mais detalhes, mais peças. É uma decoração que convida a ficar, a tocar, a se aninhar”, complementa Renata.
O ar sóbrio do quarto minimalista serve para destacar a natureza ao redor no projeto da arquiteta Letícia Medeiros
Fábio Jr. Severo/Divulgação
União de estilos
O que acontece muito nos projetos, segundo as arquitetas, é a junção destes dois estilos tão parecidos, visto que ambos valorizam a luz natural, os espaços bem organizados e livres de exageros, a funcionalidade, as cores neutras e o uso de materiais naturais de boa qualidade.
No projeto da arquiteta Gabriela Prado, a decoração minimalista e o estilo escandinavo transformaram o imóvel antigo em um lar leve
Kadu Lopes/Divulgação
A base limpa e racional do minimalismo pode receber texturas e elementos que aquecem, como tecidos naturais, madeira clara e uma iluminação que convida ao relaxamento.
Leia mais
Adicionar Link
“As duas decorações promovem bem-estar por meio da simplicidade e, por isso, dialogam muito bem com a ideia de uma casa mais consciente e equilibrada. A junção dos dois resulta em espaços harmônicos, leves, mas nunca frios, sempre com alma”, avalia Gabriela.
O projeto leve e sóbrio da arquiteta Gabriela Casagrande traz essência minimalista
Fabio Jr. Severo/Divulgação
“O resultado costuma ser elegante, funcional e confortável. São estilos que buscam leveza, tanto visual quanto na forma de viver”, completa Marcela.
Madeira e poucos elementos decorativos marcam o projeto do escritório Paiva e Passarini Arquitetura
Xavier Neto/Divulgação
Para Renata, combinar a objetividade do minimalismo com o conforto do escandinavo cria ambientes contemporâneos, leves e, ao mesmo tempo, acolhedores. “A simplicidade do traço, dos móveis e da paleta ganha uma camada de calor e detalhes que trazem afeto. É um encontro entre o racional e o emocional”, comenta.
Em imagens, um ambiente “minimalista puro” pode ser facilmente confundido com uma decoração escandinava, segundo Danielly. “Porém, basta observar os detalhes com mais atenção: onde há uma manta de lã trançada, uma vela acesa ou um vaso com folhas secas, há um toque escandinavo, um convite à presença e ao sentir”, diz.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima