Yakisugi: o que é e como aplicar a técnica japonesa que protege a casa

O yakisugi é uma antiga técnica japonesa que utiliza as chamas para proteger e embelezar a madeira. No entanto, para além da estética alcançada após esse processo — essas marcas escuras e texturas profundas que formam uma espécie de desenhos ancestrais — o yakisugi é também uma filosofia espiritual, uma maneira de purificar a matéria e a alma por meio dos elementos da terra, segundo as culturas orientais.
O que é o yakisugi?
O termo yakisugi significa “cedro queimado” e tem sua origem no Japão do século XVIII, embora suas raízes espirituais remontem a uma visão de mundo muito anterior, onde a natureza e o fogo eram vistos como forças sagradas, com o poder de purificar, transformar e proteger. Os aldeões japoneses queimavam as tábuas de cedro para protegê-las da umidade, dos insetos e da passagem do tempo. O que começou como uma técnica prática transformou-se em uma filosofia que honra a relação entre o ser humano e a natureza.
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Quando os aldeões queimavam a superfície da madeira, ela se tornava mais resistente, mas também adquiria um aspecto escuro, muito elegante e espiritual, como se guardasse um segredo profundo com o fogo. Lembremos que o fogo não é um destruidor, mas um purificador. O fogo elimina impurezas e revitaliza a energia vital, ou seja, o chi. O yakisugi é hoje um ritual, um diálogo entre a madeira que se transforma pelo fogo e depois se resfria com a água, passando assim por quase todos os elementos.
Como é realizada a técnica do yakisugi?
Yakisugi traz uma conexão natural para sua casa
Pixabay/Pexels
Tradicionalmente, os artesãos japoneses utilizavam madeira de cedro japonês por sua textura e resistência ao calor, mas hoje ela também é aplicada em madeiras como cipreste, pinho ou carvalho.
O processo do yakisugi começa com a queima: as tábuas são agrupadas formando um tubo e expostas a uma chama intensa. O fogo percorre sua superfície até carbonizar a camada externa, deixando uma textura negra e brilhante. Esse é o “batismo de fogo”; de maneira simbólica, a madeira morre e renasce mais forte. Depois vem o resfriamento: as tábuas são resfriadas com água ou ar para selar a camada. Esse choque de elementos — fogo e água — simboliza a harmonia dos opostos: energia e calma, impulso e equilíbrio. O último passo é escovar a superfície para retirar o excesso de carvão e revelar as marcas deixadas pelo fogo. Para selar, espalha-se um óleo natural que nutre e protege a madeira. As tonalidades, que vão do preto intenso ao cinza prateado, conferem singularidade a cada peça.
Onde aplicar o yakisugi em casa?
O yakisugi deixa uma marca especial não apenas energética, mas também estética; dá aos espaços e materiais uma nova cor, uma nova personalidade. Uma parede de yakisugi, por exemplo, cria um ponto focal poderoso e atraente. Em salas de estar, salas de jantar ou escritórios de madeira, o yakisugi transmite solidez, elegância e presença. Sua textura escura absorve a luz e cria ambientes muito luminosos. O mesmo ocorre com mesas, cabeceiras, estantes ou portas de madeira queimada: evocam força interior e sofisticação.
Uma porta de yakisugi na entrada simboliza proteção energética, pois o fogo já estendeu suas chamas e purificou a entrada. Molduras, luminárias, painéis ou bases de vasos em madeira queimada com yakisugi são elementos decorativos que equilibram e conectam com a terra. São ideais para quem busca materiais naturais ou texturas vibrantes. O melhor do yakisugi é que ele resiste ao tempo, à umidade e ao sol; além disso, é uma opção sustentável.
A técnica tradicional do yakisugi requer fogo direto, mas hoje existem formas seguras de integrar seu espírito, filosofia e estética sem recorrer à queima real. Por exemplo, tintas e vernizes que imitam a textura carbonizada com pigmentos minerais e óleos naturais. Também é possível escolher madeiras já tingidas com esse efeito yakisugi. Até mesmo acender um incenso pode ser uma forma de yakisugi.
Cada fenda, cada tom escuro, cada marca do yakisugi nos lembra que, assim como a madeira, todos passamos por incêndios interiores que se parecem com a morte, mas que, na verdade, nos tornam mais fortes, mais autênticos e mais belos.
*Matéria originalmente publicada na Architectural Digest México.
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